domingo, 31 de agosto de 2008

FULGOR...

Nem tudo que lhe digo é amor
Mas tudo o que lhe faço o tem;
A cada beijo que lhe dou
Entrego-me sem pudor.

Dizer isso é um risco...
Porém, querer-te me faz bem
Então, saiba que sem ti não
Quero ser ninguém!

Não há escuro nem espinho
Capazes de fechar o caminho
Por onde contigo hei de passear,
Porque sóis minha luz e lança
Que me permitem ao mundo desafiar.


31 de agosto de 2008, 00h15
Robério Pereira Barreto

sábado, 30 de agosto de 2008

DELIRANTE PAIXÃO


A vida é mesmo apaixonante e o que ela nos reserva é mais ainda. Passavam-se dias e noites e o marasmo contaminava-me em demasiada agonia. Ei-me diante de uma questão; continuaria a negar minha existência humana, ou, deixaria vir à tona travessuras e paixões loucas!
Entretanto, faltava-me o elo para que essa corrente ganhasse impulso e, com isso despertar os mais insanos e incontroláveis desejos humanos, paixão. Subitamente, encontrei-me diante de uma das mais belas ninfas de Calipso. Tal Ulisses tentou resistir a seus encantos da Ilha, não consegui, fui pretensioso demais e seus encantos fizeram-me seu escravo e agora lhe sirvo em adoração.
Contato físico não há, porém na minha imaginação já nos demos aos mais lascivos desejo aperte-lhe solenemente suas macias e belas mãos de princesa, beije-lhe os pés cuja sensibilidade supera a menina do conto de fada... Tudo isso foi tão rápido que voou e está registrado no livro do infinito.
Numa noite em que lua e estrelas como brilhantes enfeitam de luzes a face do universo, sentamos juntos na abóbada celestial para nos entregarmos ao devir a procura de nós!
Entremeadas de medos nossas vozes joviais tremulavam por entre sorrisos abertos e falas metaforizadas as quais não buscavam sentido algum, demonstrando os sintomas de nossa desvairada paixão. Poderia ser tudo isso apenas um sintoma de nossa grave doença, paixão! Que se manifestava aos poucos numa noite de muita luz e alegria...
30 de agosto de 2008, 22h
Robério Pereira Barreto

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O SABICHÃO

Se me dá licença uma prosa vou contá
Não é caso de trancoso
Nem besouro mangangá
Foi acontecido comigo
No sertão coisa e tá.

Havia lá um cabra metido a sabido,
E que por todos era temido,
Conhecido como Alberto
Mas, quando tinha bajulador perto
Queria ser chamado Berto.

Veja só que engranzia
Pois, não é que teve um dia,
Parecendo até coisa feita ou magia;
Nossos caminhos num se foram cruzá.

O cabra era afamado
E dizia o povo que era o tá
Era home das leis cheio de tarará.
Acredite, não era nada disso
Tinha mais era fuá.

Prosa séria cum ele tive de ter
E, logo, humildemente vi
Que o cabra que arrotava sabedoria
De sabido nada tinha,
Porque tudo que dizia, falsa romaria.

Desequilibrado o cabra se mostrou
Porque alguém lhe perguntou
Se ele ainda era o menino do Jumento?
Embrutecido tá gambá na moita
Logo despreparado se mostrou...

Achando-se mais sabido do que tudo
Já falando arto que nem o diabo
Palavras feia retrucou...

E me adiscurpe o meu senhô
Mas não falo o que ele disse,
Cabra desbocado, sem pudor.

Vendo que o tá era só fuá
Dei-lhe corta até se enforcá
Com suas falácias nada dizia,
Povo na platéia dele ri
Porque a cada discurso
Sua própria armadia construía.

Bruto que nem canção
O branco dos oio ficou vermeio
E acalmá o tá não houve meio
Falou sozinho tempo todo
O infeliz, nem tomava forgo.

Como todos puderam ver
Quereria ser sabichão no sertão
E passou o pior dos aperreio
Quando se acha que é sabido
Há de lembrar que não tem ninguém
Que possa perto de si ter um iguá.

Aí, senhô, meu avô há muito diz:
Quando tu escutá muito trovão
É siná de pouca chuva.
E todo sabichão é um mofino
Na hora da discussão.

29 de agosto de 2008, 20h
Robério Pereira Barreto

terça-feira, 26 de agosto de 2008

COBIÇA

A fraqueza do coração é a dor
Não uma expiação qualquer,
Mas sim, a aflição de sentir
Saudades de ti.

A dor é parte de mim,
E a cada amanhecer
Ao contar horas pare lhe ter
Nos brancos e boca nem
Que seja por um instante,
faz-me um cobiça-dor.

O encontro físico, clímax
Porque já a tenho em pensamento
E nele desnudo-te e enredo-te
Em mais alta adoração,
Para possuí-la sem moderação.


26 de agosto de 2006, 10h08
Robério Pereira Barreto

domingo, 24 de agosto de 2008

PROVERBIALIDADE NA COMUNICAÇÃO DO HOMEM DO POVO

Robério Pereira Barreto*

Ouve-se constantemente que o português que se fala nas ruas é diferente daquele que a escola ensina, bem como o que se pretende como instrumento de inclusão. Todavia, isso ganha novo entendimento a partir da aprovação da lei que estabelece o novo tratado de unificação da ortografia nos países lusófonos. Com isso, a língua portuguesa passa a ganhar e ocupar espaços nos fóruns internacionais, porque haverá maior intercambio de informações e textos nesse idioma.
Numa perspectiva prática, ganha espaço o idioma falado no Brasil e com ele vem à tona a comunicação do homem do povo, a qual é constituída por expressões populares, provérbios e frases feitas.
Sabe-se que, além disso, há corrente de lingüistas que sustenta que a fala é a forma fundamental e básica da linguagem e a escrita é apenas uma representação da fala em termos gráficos. E há também a tese contrária que afirma: “(...) a escrita é muito mais do que uma representação gráfica da fala. Há diferenças profundas entre a linguagem que utilizamos ao falar e a que utilizamos ao escrever: algumas dessas diferenças são de caráter gramatical, mas as mais importantes têm a ver com a maneira como estruturamos o próprio texto ao falar e ao escrever.” (Perini, 2004).
Para José Américo de Almeida em seu clássico A bagaceira, “não há quem não tenha seu pedaço de mau caminho. Há gente que anda de capas encouradas; quando menos se pensa, bota as mangas de fora.” É com base nesses comentários do escritor e do lingüista que se inicia a discussão sobre o folclore lingüístico que permeia nosso cotidiano de elementos que dinamizam a nossa comunicação.
Dessa maneira, pensar o folclore lingüístico conforme Herbert Palhano é reconhecer que existe dinamicidade na comunicação do povo, porque vivem nela elementos fundamentais para que se identifique o estágio evolutivo da língua na comunidade em que se produz tal idioma.

E não se diga, por isso, que o povo sempre fala mal. Muitas passagens há na sua parlenga que precisam ser vistas, não como simples erros, porém como estágios evolutivos do idioma; outras existem que, pela sua candura, avivam em nossa imaginação e lembrança do passado. Os escritores não as empregam hoje, mas o povo as conserva com as mesmas roupagens do período medieval.[1]

A partir dessa afirmativa, considera-se, portanto, que o folclore lingüístico é uma instituição abrangente e tem múltiplas facetas da linguagem popular. Isso demonstra que o homem do povo por meio de sua experiência vem perpetuando a cada geração a sobrevivência de elementos lingüísticos que o representa e mantém fixo sua identidade. Exemplo, provérbios e frases feitas que denotem “as lições de sabedoria” popular por meio da imaginação e espírito crítico do povo.
Relacionado a isso há ainda outro tipo de linguagem que acompanha esses saberes; gestos que nesse meio de comunicação do ser humano, seja qual for o seu grau de civilização e forma de sua cultura, pondera Weitzel.
É interessante lembrar que dentro desse quadro de compreensão do folclore lingüístico surge, portanto, a paremiologia popular na qual se evidenciam os saberes advindos da fala do povo. Trata-se na verdade de uma espécie de classificação na qual se agregam os ditados populares, os quais por sua vez se estruturam a partir de frases sentenciosas, concisa e que tem sua verdade assegurada na secular experiência do povo, e que tem como estrutura discursiva a poeticidade através da qual se garante a fixação no inconsciente coletivo.
Para Weitzel, o que assegura a permanência desse tipo de comunicação no meio social popular, são a simplicidade das palavras e a força rítmica do texto.

“O que faz a sua força e explica sua persistência no meio do povo é sua concisão, a profundeza do conceito, a construção quase sempre binominal, ritmada, e preferencialmente rimada, funcionando a rima como elemento embelezador e mnemônico.” (WEITZEL, 1995, p.118).

Nos ditados populares encontram-se questões de sentido que vão desde laconicidade até dogmatismo. O homem do povo, às vezes é descriminado linguisticamente em sua fala em virtude dela ser lacônica e desprovida de elementos de ação; verbo e ou vocábulos desnecessários. Ex. Doce quente, barriga doente; Perdido por um, perdido por mil.
Tais falas demonstram qual lacônica é a comunicação popular, entretanto, os usuários contínuos desse modo de expressão encontram seu lugar de fala e de escutar com a pertinência necessária para o entendimento do assunto tratado no grupo. Portanto, o laconismo na fala popular se traduz por ditos curtos e frases nominais conforme citado acima.
Além disso, tem aqueles ditados populares que ganham notoriedade devido ampla divulgação e aceitação pelo grupo, tendo inclusive, o poder de surpreender o ouvinte, pois parece que pronunciado pela primeira vez. Ex. Quem avisa amigo é. Quem com ferro ferre, com ferro será ferido. Antes só, que mal acompanhado.
Em continuidade à classificação do dito popular, existem aqueles que parece ter sido traduzido de outras línguas, todavia eles são conhecidos por povos de línguas diferentes, mas mantém sua significação e estrutura gramatical quando usado noutro idioma. Em português: Voz do povo, voz de Deus; em Latim: Vox populi, vox Dei; Espanhol: Voz del pueblo, voz del cielo. Francês: La voix du peuple est la voix de Deiu. Italiano : Voce di popolo, voc di Dio; Inglês : The people’s voice, God’s voice.
Estes exemplos demonstram a universalidade dos provérbios na produção discursiva do homem comum, bem como daqueles que se sentem diferentes social e culturalmente, porque os provérbios fazem parte da cultura oral das sociedades humanas.
Ainda nesse viés, ditados populares apresentam em sua constituição densidade semântica, exigindo dos interlocutores, interação e conhecimento sistemáticos, uma vez que são edificados em poucas palavras cuja profundidade de sentido leva a uma espécie de lição de vida, pois advém da longa experiência de quem os proferem. Ex. Diz-me com quem andas e te direi quem és; Quem com porcos se mistura, farelos come. Águas passadas não tocam moinho. Ver-se ai todo aprofundamento moral advindo dos saberes adquiridos pela observação e a vivências dos enunciadores.
Nesse contexto espraiam-se elementos afirmativos diante da autoridade que o adágio tem no meio social onde é enunciado. Então, a veracidade nele contida não carece de maiores explicações. Então, veja-se conforme segue: Quem chora não mama. Pede galinha não mata pinto. Um erro não justifica outro. Aqui, é fundamental que se busque a compreensão a partir do contexto, uma vez que se trata de mensagens carregadas de polissemia.
Em se tratando de elemento polifônico, é interessante a recorrência da generalização para garantir ao provérbio exatidão conforme as variadas circunstâncias em que se aplica. Ex. O cavaco não cai longe do pau. Quem cospe o caroço é que é dono da fruta. Filho criado trabalho dobrado.
Aos provérbios se aplicam as sabedorias populares e, com isso eles assumem um lugar prático na comunicação popular, evitando assim uso de retóricas. “Quando o citamos numa circunstância qualquer, temos a impressão de tê-lo inventado naquela hora, para atendermos àquela situação específica de fala.” (WEITZEL,1995, p.121). Ex. Quem vai na frente bebe água limpa.Chumbo trocado não dói. Achado não é roubado. Combinado não é caro.
Às vezes, quando se usa os provérbios em ocasião diferentes, colocando-os frente a frente pode ocorre contradição. Ex. Em boca fechada não entra mosquito./Quem cala consente. Os grandes venenos estão nos frascos pequenos./Os maiores perfumes estão nos menores frascos.
Além disso, os ditos populares vão além e buscam estabelecer parâmetros e, sobretudo, realçarem regras de conduta definidas ao longo dos séculos pela sabedoria humana, tendo seu maior suporte na questão da religiosidade. Conforme segue: Não se fala em corda em casa de enforcado. Boa romaria faz, quem em casa fica em paz. Não ria do mal vizinho, que o seu está a caminho. Há de se reconhecer que nem sempre na mensagem proverbial existe intenção moral. Às vezes, apenas enunciam um fato, apresentam uma verdade experimental, como: A cana só dá açúcar, depois de passar por muitos apertos. A formiga quando quer se perder, cria asas. Barata sabida não atravessa galinheiro.
No que se refere ao plano estético, tem se ai um ponto importante a ser considerando neste tipo de produção enunciativa; a forma. Esta, por sua vez traz em si elementos literários importantes, ou seja, nos ditados populares a forma é basicamente suportada por rima de sucessão regular, tendo tempos fortes e fracos. Ex. QUEM tem Boca, VAI a Roma. Água Mole em Pedra Dura/TANto Bate atÉ que Fura. Também há que se destacar a forma rimada na qual se evidencia a identidade de sons, ao final de cada verso, sendo este um poderoso recurso mnemônico. Grande gabador/Pequeno fazedor. Quem guarda como fome/O gato come/Segredo contado/É logo espalhado. Dando continuidade à forma, o adágio popular constantemente é construído com binômios. Ex. Casa de ferreiro, espeto de pau. Quem vai ao vento, perde o assento. Quem não tem cão, caça com gato. Porém, há provérbios que não tem binômio. Ex. Santo, quando vê muita esmola, desconfia. O uso do cachimbo põe a boca torta. Macaco velho não mete a mão em cumbuca.
Nesse percurso, tentou-se evidencia a importância paremiologia na comunicação do homem a partir da compreensão do Folclore lingüístico, sem, contudo, adentrar as questões de análise semântica ou pragmática, visto que se trata apenas de uma demonstração do poder da linguagem, quando esta é manipulada pelo o homem do povo em suas ações comunicativas.
Bibliografias consultadas:
BASSO, Renato; ILARI, Rodolfo. O português da gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006.
BURKE, Peter; PORTER, Roy. Línguas e jargões: contribuições para uma história social da linguagem. São Paulo: UNESP, 1997.
WEITZEL, Antônio Henrique. Folclore literário e lingüístico; pesquisa de literatura oral e de linguagem popular. 2 ed. EDUFJF, Juiz de Fora, 1995.
* Professor de Lingüística e linguagens – UNEB – Campus XVI – Irecê-BA.
[1] Herbert Palhano – A língua Popular.

sábado, 23 de agosto de 2008

TECHONOLOGÊS: A REALIDADE DO MUNDO VIRTUAL

A linguagem do mundo é virtual conforme é definida por Phillipe Quéau (1993) se apresenta como uma base onde se encontra a dicotomia digital 0 e 1, isto é, é nesse binarismo em dados e imagens se transformam em informações a disposição dos usuários de equipamentos eletrônicos e digitais na sociedade contemporânea.
Em se tratando dessa questão Prado (2003) afirma que, segundo Quéau a “linguagem do virtual não é simplesmente técnica a mais na história das representações, é, literalmente, o surgimento de uma nova escrita comparável à invenção da imprensa ou ao surgimento do alfabeto”, por que se trata de “uma escrita interativa e imersiva que emerge nas comunidades virtuais, nas cidades e mundos virtuais, na realidade virtual onde se apresenta necessário penetrar nessa escrita, dominar sua gramática e seu estilo.” (Prado, 2003, p.207).
Entretanto, a realidade desse discurso é mais ampla e complexa, visto que os criadores dessa linguagem passam a deter o domínio de seus vocabulários e jargões. O exemplo, WWW, HTML e VRML siglas que a maioria das pessoas ouve falar e até as citam sem, de fato conhecerem seus significados. A partir disso, esta discussão busca simplificar traduzindo para a linguagem comum o que de fato são essas nomenclaturas e onde elas estão fixadas.
É importante de dizer que o sistema WWW é fruto de estudos e pesquisas feitas em laboratórios de física nuclear e seu autor é o inglês TIM Bernes-Lee, que definiu como um protocolo de comunicação que faz a transferência de imagens, sons e textos pela rede, internet. Já HTML (Hipertext Markup Language) neste contexto se tem amplitude da leitura das informações, porque nesse protocolo os dados ganham sentidos bidimensionais e dão sentidos diferenciados às páginas virtuais. A linguagem HTML permite a criação de locais de informações onde grandes textos contendo imagens, som e dados provocando várias formas de comunicação entre os usuários do sistema, com isso gera diversas possibilidade e análise e questionamentos, um “imenso hipertexto planetário, um espaço rizomático e visitável”. Além disso, surgiu VRML (Virtual Reality Modeling Language) criado por Dave Ragget da Hewlett-Packard com a intenção de aproximar e aumentar “a interatividade e interconexão assicrônica em tempo real de múltiplos participantes” Prado (2003).
Com esse modelo de linguagem digital é possível se criar, interagir e manipular objetos e cenas, bem como examiná-los sob vários pontos de vistas. “No caso de mundos de VRML, estes podem ser animados e permite-se ao usuário criar condições para interatuar com outros usuários em 3D.
Crê-se, que depois dessa reflexão teórica mais complexa é hora de começa a simplificar a linguagem usada nos meios digitais, para isso continua-se no campo da internet. Para isso se explica as diferença entre bit e Byte, uma vez que ambos são unidades de medidas do espaço cibernético. Sendo os dois unidades de medida digital (1Byte = 8 bits), mas são usados de formas distintas: Quando falamos em velocidade de conexão, usamos bits (600kps significa uma velocidade de 600 mil bit em um segundo), já quando falamos em “tamanho de arquivo”, usamos Bytes. Exemplo, uma música tem, mais ou menos, 5 Bytes de “tamanho”.
Agora, pode-se falar de internet e suas tipologias: Dial-up normalmente é aquela usada pelo acesso discado, ou seja, o acesso se dá via linha telefônica convencional. (você liga o computador direto à linha telefônica); Banda Larga é o termo usado para definir qualquer conexão à internet com alta velocidade. Numa conexão banda larga, os dados trafegam de forma mais rápida do que no acesso discado.
Outro ponto que precisa ser simplificado é a expressão 3G segundo especialista em tecnologias digitais esta é a geração de telefonia com acesso em alta velocidade. Assim você pode acessar a internet tanto do computador de casa como do computador portátil. Atrelado a este conceito vem WAP (Wireless Application Protocol (Protocolo de Aplicações sem Fio) Isso permite o acesso a internet por meio de equipamentos móveis, celular, computador portátil, etc.
Dessa maneira acredita-se que a linguagem no mundo digital é restrita aos iniciados, todavia esteve cada vez mais na boca do povo, como se estes fosse apenas reprodutores de falas que, de algum modo, lhes conferem lugar de destaque no meio social onde situam seus discursos.


MASIP, Fernando García. Signos em desconstrução. In. DIAS, Antônio Nascimento et ali. Desenvolvimento sustentável e tecnologias da informação e comunicação. Salvador: EDUFBA, 2007, pp.19-30.
PRADO, Gilberto. Ambientes virtuais multiusuários. In. DOMINGUES, D. Arte e vida no século XXI: tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: UNESP, 2003, pp.207-224.

PINGOS DO MEU EU

Cada lágrima que nego a estes olhos,
Profundas voçorocas nascem a cada gota
Que retorna ao peito,
Fazendo dele um Missipi de dor.

Assim, estes rasos olhos
Mostram quanto recolhi de mim
Para não mostrar a ti que sofria

E há em mim uma mina que
Goteja noite e dia
Deixando escorrer sobre a face
Alguns pingos de meu eu.

23 de agosto de 2008
Robério Pereira Barreto

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ONDE TE CONHECI

Embora tivéssemos na primavera,
Levantava naquele sertão
Nuvens vermelhas a colorir a imensidão.

Ao longe se ouve o pulsar de um coração
Que buscava entre cortina carmim da poeira
Identificar uma flor de voz menina...

Em meios a gritos,
Abre-se o véu
E a ansiedade domina
Olhares e corações...

Segundos tornam-se eternidade
E eles se cruzam em surpreendente
E silenciosa admiração.

Eis que no meio do "nada"
Almas se encontram para
Viverem intensamente....

21 de agosto de 2008, 19h
Robério Pereira Barreto

domingo, 17 de agosto de 2008

A LINGÜÍÇA NÃO TERÁ TREMA E ETC E TAL

Devido aos constantes questionamentos sobre o novo acordo ortográfico que a mim são feitos diariamente, resolvi então resgatar o referido acordo e mostrar que não se muda os elementos de uma língua tão importante como a nossa repentinamente.
Dessa maneira, vejamos que o acordo está prestes à maioridade conforme segue:

Considerando que o projecto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional;
Considerando que o texto do Acordo que ora se aprova resulta de um aprofundado debate nos países signatários: a República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Moçambique, a República Portuguesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe acordam no seguinte:
Artigo 1.º
É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente instrumento de aprovação, sob a designação de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), e vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta como anexo II ao mesmo instrumento de aprovação, sob a designação de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).
Artigo 2.º
Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1 de Janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas.
Artigo 3.º
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1 de Janeiro de 1994, após depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa.
Artigo 4.º
Os Estados signatários adoptarão as medidas que entenderem adequadas ao efectivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3.º
Em fé do que os abaixo assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente Acordo, redigido em língua portuguesa, em sete exemplares, todos igualmente autênticos. Assinado em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990.
Pela República Popular de Angola:
José Mateus de Adelino Peixoto, Secretário de Estado da Cultura.
Pela República Federativa do Brasil:
Carlos Alberto Gomes Chiarelli, Ministro da Educação.
Pela República de Cabo Verde:
David Hopffer Almada, Ministro da Informação, Cultura e Desportos.
Pela República da Guiné-Bissau:
Alexandre Brito Ribeiro Furtado, Secretário de Estado da Cultura.
Pela República de Moçambique:
Luís Bernardo Honwana, Ministro da Cultura.
Pela República Portuguesa:
Pedro Miguel Santana Lopes, Secretário de Estado da Cultura.
Pela República Democrática de São Tomé e Príncipe:
Lígia Silva Graça do Espírito Santo Costa, Ministra da Educação e Cultura.
BASE I: DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS E SEUS DERIVADOS
O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma delas com uma forma minúscula e outra maiúscula:

a A (á)
j J (jota)
s S (esse)
b B (bê)
k K (capa ou cá)
t T (tê)
c C (cê)
l L (ele)
u U (u)
d D (dê)
m M (eme)
v V (vê)
e E (é)
n N (ene)
w W (dáblio)
f F (efe)
o O (ó)
x X (xis)
g G (gê ou guê)
p P (pê)
y Y (ípsilon)
h H (agá)
q Q (quê)
z Z (zê)
i I (i)
r R (erre)

Obs.: 1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e qu (quê-u).
2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar: As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus deriva­dos: Franklin, frankliniano; Kant, kantismo; Darwin, darwinismo; Wagner, wagneriano; Byron, byroniano; Taylor, taylorista;
b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados: Kwanza, Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), W-oeste (West); kg-quilograma, km-quilómetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt.
Em congruência com o número anterior, mantém-se nos vocábulos derivados eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes: comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/ jeffersônia, de Jefferson; mülleriano, de Müller; shakesperiano, de Shakespeare.
Os vocábulos autorizados registarão grafias alternativas admissíveis, em casos de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia e derivados, bungavília/ bunganvílea/ bougainvíllea).
Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se em formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph, ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos, em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina-se: José, Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso, permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em vez de Judith.
As consoantes finais grafadas b, c, d, g e h mantêm-se, quer sejam mudas, quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeada­mente antropónimos/antropônimos e topónimos/topônimos da tradição bíblica; Jacob, Job, Moab, Isaac, David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat.
Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valhadolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições.
Nada impede, entretanto, que dos antropónimos/antropônimos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó.
Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam, tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso corrente. Exemplo: Anvers, substituíndo por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo; Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Justland, por Jutlândia; Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por Zurique, etc.
A partir desse tópico é interessante esclarecer que haverá mais modificações na grafia de usada em Portugal do que na nossa. Todavia, alguns aspectos serão observados no fututo, isto é, a partir do momento em que os livros e dicionários começarem a registrá-los tanto aqui quanto nos países de Língua Portuguesa seremos “obrigados” a seguir tal acordo. Embora saibamos que se refere à língua falada pouco o nada mudará, visto que boa parte dessas questões já é bem resolvida na produção oral. Para saber mais e como estão estas questões visite as fontes abaixo indicadas:
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=acordo&version=1991
http://www.portal.mec.gov.br/sesu/index.php?option=content&task=view&id=693&itemid=303 http://www.static.publico.clix.pt/docs/cultura/acordoOrtografico.aspx

“DOIS A DOIS” DE SÓLON BARRETO: REINVINDICANDO A ALTERIDADE

Quais teriam sido os pensamentos e os vieses que permitiram ao ator e diretor de teatro, Sólon Barreto a consolidar num só quadro epistemológico o caos do ser contemporâneo: instabilidades emocionais, vaidades individuais consolidados e legitimados por questões sociais e morais numa perspectiva informal, “um papo comédia” no qual as relações e vaidades masculinas e femininas se acentuam definitivamente?
Ainda que no decorrer do “papo” o ator deixa vir à tona elementos do cotidiano, isto é, piadas e textos correntes na internet, ainda assim houve muita criatividade ao usá-los, de modo que a maioria da platéia deixou-se encantar pelo desempenho do ator, cuja expressão de palco é bastante significativa.
Além disso, é curioso perceber o potencial crítico do ator ao tratar de uma só vez, do pluralismo do dia-a-dia, violência doméstica, individualismos e, sobretudo, o quesito da alteridade, ou seja, ao se travestir nos personagens feminino-masculino reivindicava a alteridade da mulher contemporânea de um ponto de vista no qual se vê de uma forma crescente na platéia, a catarse feminina. Dizendo de outra forma, há em “D IS A D IS” a identificação insistente da presença da voz da mulher como um dos riscos mais assanhados da cultura pós-moderna. Embora fiquem evidências de que na tradição local quem vai predominar de fato é a voz do ideal de macho, isto é, o personagem Chico Navalha é o ponto nefrálgico do “papo”, porque há nele a possibilidade da maioria dos espectadores se identificarem, inclusive os homens tendem a seguir seus pontos de vistas e, as mulheres por sua vez, vêm nesse tipo dupla face da realidade local, pois uma pode estar representada na figura do pai ou do irmão homofóbicos e violentos.
No que se refere à natureza da apresentação é interessante observar como, apesar da experiência explícita do ator não houve interação com a técnica, uma vez que produção não estava atenta as ações do ator no palco, vindo a soltar a trilha sonora fora de tempo de cena. Outra questão intrigante em “D IS A D IS” é a presença de um Banner com foto de celebridades, visto que ator em momento algum fez uso efetivo daquele elemento cênico. (Será que tiveram a devida autorização para fazer o uso de tais imagens?)
A profundidade e a distância existentes entre homens e mulheres são de fato, uma questão importante, todavia o pensamento feminista marca todo o texto e exigiu do ator posicionamento de palco extremamente complexo, uma vez que a relação entre os sexos bem como todas as questões da sociedade contemporânea reivindicam sentidos, sejam, de forma sistemática, particularizada e ou localizada historicamente, opondo-se quaisquer perspectivas ontológicas de conciliação.
É ainda o caos humano que determina a ação do ator no palco. Porém o estilo proposto pela equipe ao invés de debater os assuntos subliminarmente jogados no texto, preferiram carnavalizá-los. Afirmando de outro modo, prefere-se o riso à problematização de temas importantes destacados por meio das personagens construídas ao longo da encenação.
Os sentidos carnavalizador e irônico da peça ficam evidenciados no “vocabulário praça da pública” onde as partes genitais tanto do homem quanto da mulher são ridicularizadas à medida que se coloca em destaque a questão do poder e da força advindas dessas partes (tamanho), sendo delegado ao homem todo faloegocentrismo permitido pela sociedade. Já à mulher lhe é permito apenas os devaneios em relação ao sexo.
Em “D IS A D IS” ficam evidentes tendências contemporâneas, o neorealismo no qual se usa vários elementos da cultura numa mesma perspectiva para denunciar fatos corriqueiros e, que por tanto, serão compreendidos como meras brincadeiras, pois não delimita nem o sujeito tampouco o objeto da ação.
Por fim, um dos efeitos mais importante desse trabalho é o questionamento da legitimidade dos sujeitos e lugares de fala cada um, considerados importantes para a reivindicação e manutenção da alteridade de ambos os sexos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

LIVRO VIDA

No livro da vida muitas
Histórias lindas escrevi...

Porém, houve uma página
Onde a nódoa da lágrima marca
O branco do papel...

Tal página do livro vida
Arranquei e ao vento
Para sempre atirei.

Livro vida falta uma folha
É melhor o vazio do que
Uma página manchada pela
Tinta da dor.

13 de agosto de 2008, 21h19min.
Robério Pereira Barreto

DIZER...

Está aqui é dizer
Que a alma está fria
Porém o corpo sente que...

Magnífico é saborear alegria
À noite sentindo saudade
Mesmo numa cama vazia...

Delirante é sentir a carícia
Sedutora da brisa maliciosa
Que passeia suas mãos macias
Fazendo a pele arrepiar...

Palpitante é o pulsar das veias
Estremecendo o coração
Em compulsão a desejar
Ter você para amar em...

15 de agosto de 2008, 22h04
Robério Pereira Barreto

ENTRE O SER HUMANO E CONSUMO

A NOVA ORDEM: CONSUMIR É PRECISO, TER PAZ NÃO!
Robério Pereira Barreto*
O homem contemporâneo assume a ordem do dia, consumir. Importa iniciar perguntando: Você possui MP8, Ipod, TV de Plasma, Playstation e Notebook com internet movem? Se a resposta for sim. Bem-vindo ao mundo do conectados, cidadãos do mundo! Agora, se ainda está ouvido rádio Am/Fm, vendo TV de 21 polegadas, usando cartão telefônico e manda carta por fax, infelizmente, considere-se na era analógica, porque a nova ordem é se linkar aos novos recursos tecnológicos e, simplesmente, ser um consumidor e cidadão dos bits.
Então, preste bastante atenção, porque este é o recado que a mídia, sobretudo, a televisão deixa para nós todos os dias em nossas casas. Seja um consumidor! Há nessas publicidades uma espécie de sedução, isto é, tudo é bonito, funcional e fácil de comprar. (os aparelhos de ginásticas, emagrecedores, eletro-eletrônicos e produtos de limpeza que “facilitam” a vida da dona de casa).
Isso cria vontades e desejos de consumo e até, alterar o padrão de comportamento das pessoas, pois aqueles que não dispõem de recurso financeiros para a realização de tais sonhos, colocam em risco a paz e a tranqüilidade da família, uma vez que suprimi as necessidades básicas – alimentação, saúde e moradia – em busca da aquisição de bens de consumo que os façam ser vistos como cidadãos pertencentes a um grupo social que, na maioria das vezes não podem faz parte, porque apenas é mais uma vítima do desejo desenfreado de comprar tudo que lhe ofertado pela mídia.
Em um nível mais elevando de consumo, há pessoas que desde cedo são incentivadas pelos pais ao consumismo e, com isso, tornam-se compulsivos e até vivem atormentados pelo fantasma da futilidade, compram por comprar! Isto tem criado vários problemas nas sociedades, sobretudo nas famílias pobres que na maioria das vezes se submetem às situações de risco em virtude de querer dar tudo que seus filhos pedem, principalmente, objetos que estão na moda e são mostrados diariamente na mídia como sendo símbolo de status social.
Nesse contexto, trata-se de questões em que a violência psicológica é presente e, às vezes, é transformada em agressão física, ou seja, o desejo de consumir determinados produtos é tão intenso que pais e filhos se agridem mutuamente. Para refletir: Você prefere viver em paz com o mínimo necessário, ou com a casa cheia de futilidades e em guerra interior?
* Professor da UNEB – Campus XVI, pesquisador de Linguagens em mídias digitais e Literatura e Cultura Populares.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

REIFICAÇÃO DE ESTERIOTIPO EM “MEU SER DE MIM”

A sociedade contemporânea tem produzido cada vez mais, sujeitos que procuram a todo custo chegar ao sucesso, o qual na maioria das vezes não é facilmente alcançado, causando assim nesses aspirantes a celebridade sérios problemas psicológicos.
É com essa observação que se iniciam os comentários sobre a peça "Meu ser de mim" adaptação do texto O Ator-mentado, comédia de um ato, escrita por Rodrigo Rangel e Afonso Celso, em 1998.
Na releitura da referida peça, o diretor de teatro, Péricles Barreto manteve a formação do texto fonte, inclusive conservou os mesmos nomes dos personagens originais: Mauro Cristal, ator recém-formado; Antônio Felipe, empresário e amigo de colégio de Mauro; Joaquim, tio de Mauro e dono de um botequim; Lauro Aquino Rêgo, colega de Mauro do curso de teatro; Caio, aluno de Mauro Cristal; Gilbertão, dono de teatro. Quanto ao cenário houve poucas modificações, uma vez que o texto traz em si uma perspectiva do teatro contemporâneo, isto é, está carregado de signos que se movem no tempo e no espaço, dando ao espectador oportunidade de se situar na história, embora a platéia tenha se detido tão somente no caricato, visto que houve exagero nesse quesito, pois o ator que interpretou a personagem Mauro Cristal inflacionou a cena com trejeitos homossexuais (embora Rangel e Celso tenham idealizado esse intérprete, mas não precisava tanto, né!) e, além disso, houve falas preconceituosas quando se referia a um bairro periférico de Irecê, Morro do Urubu, provocando na platéia risos irônicos, fugindo da temática do texto fonte; a crise de identidade do sujeito e a busca pelo sucesso!
De qualquer modo não houve algo que viesse a tirar o mérito do trabalho da equipe, visto que fazer teatro onde as pessoas não foram orientadas a compreenderem tais questões é, na verdade um ato de coragem. Agora, enquanto espectador iniciado crê-se que é interessante lembrar que houve sim sobre elevação dos esteriotipos, inclusive a direção musical reforçou o processo de esteriotipia, ao associar a trilha sonora de Ney Mato Grosso e Luiz Melodia às ações do personagem Mauro Cristal, além claro de ter forçado a montagem do personagem Gilbertão por uma menina que, masculinizada se perdeu em vários pontos da ação dialógica do texto, ou seja, houve vários “cacos” no texto o que não chegar a ser demérito, se é para improvisar falas para que texto?
A despeito de quaisquer que sejam os desvios ocorridos, a equipe de atores e a direção merecem atenção da comunidade e da crítica, visto que ambos rompem com o lugar comum, isto é, se colocam à disposição e fazem arte e a levam àqueles que não têm oportunidade de conhecê-la em outros contextos.
Juízo de valor à parte cabe aqui fazer algumas observações: primeira, a capacidade do ator-interprete da personagem Mauro Cristal em decorar o texto, embora tenha colocado “cacos” importantes para seu desempenho. segunda é a maturidade do ator Carlos, interprete do personagem Joaquim, tio de Mauro Cristal. De qualquer sorte foi um bom espetáculo, podendo, inclusive Barreto explorar melhor esses atores em textos mais densos, isto é, trabalhar questões dramáticas, evitando assim cair no clichê e no caricato da comédia cotidiana.

sábado, 9 de agosto de 2008

PEGADAS

Não sei por que penso em você
Porque até as pedras choram
Ao lembrar-se de quanto
é infinito o meu sofrer.

Não sei por que
Mas, terei uma vida
Para lhe esquecer...

Enquanto isso não ocorrer
Farei de meu coração
A rocha mais dura;
Que não haverá insistência
Ou água que o faça ceder.

Não sei por que
O quanto é difícil
Apagar as pegadas
Deixadas na superfície
Do mármore coração...


09 de agosto de 2008, 11h05mim
Robério Pereira Barreto

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

CICLO DE...

Na corrida das lágrimas,
Vence a que habilmente serpenteia
Ao terreno da face
E transpondo os altiplanos
Dos lábios nacarados
Invadem a boca,
Deixando nela seu sabor
Agridoce da alma
Partida em dor.

Voluntariosa a boca segue
O instinto do coração ferido
E absorve as lágrimas
Recolhendo-as à insignificância...

Nesse ciclo alma e coração
Recolhem-se para o mundo
E para sempre emudecem
na esperança de brotar de novo...

07 de agosto de 2008, 00h42min.
Robério Pereira Barreto