CIBERDISCURSO: UMA PERSPECTIVA DE LINGUAGEM
Pretende-se nesta comunicação, apresentar algumas questões relativas às linguagens do ciberdiscurso ancoradas pelas tecnologias da informação e comunicação – TICs – na perspectiva de que elas têm na internet uma ferramenta de divulgação e, portanto, são permeadas de elementos de sentidos e de significação de linguagem.
Assim sendo, reconhece-se que a tecnologia tem crescido tão rapidamente que se torna difícil designar, classificar e ou acompanhar suas variações técnicas e, sobretudo, pontuar qual a linguagem que será a ela anexada pelos usuários, sobremaneira aqueles que se vinculam à internet. A cada dia, novos equipamentos surgem no mercado e, em pouco tempo, o que era de última geração passa a ser obsoleto, em nome do conforto e da rapidez.
Uma das áreas que mais tem avançado e se difundido em praticamente todas as classes sociais, é a internet. E, juntamente com esse desenvolvimento, cresce a preocupação de pais e professores com a linguagem que se praticam nesse ciberespaço. Essa linguagem tem até vários conceitos, ciberdiscurso (Barreto; Baldinotti, 2005) internetês (Araújo, 2004, Bisognin 2009).
A internet tem proporcionado um espaço no qual os internautas exploram suas capacidades cognitivas, comunicacionais e a criatividade linguística de maneira a caracterizá-los como seres humanos facultados de ação de linguagem.
Isso sem dúvida tem levado à interação social dos mesmos, se tornando cada vez mais rica em virtude das práticas socioculturais que levam à subversão da ordem instituída pela linguagem canônica da escola, visto que essa reconhece apenas a escrita como tecnologia estática empregada ao suporte do papel.
Para Bisognin (2009) o suporte tecnológico da internet tem facilitado o uso variado da linguagem no Chat, Orkut, Weblog, Msn, etc. de modo tal que os apologetas da variante canônica da língua chegam a considerar a linguagem da web como um empobrecimento. Por outro lado, reconhece na linguagem do ciberdiscurso e ou internetês uma forma de enriquecimento do idioma, visto que nesse particular exerce-se a liberdade e a democracia linguisticas.
Para compreender o que acontece com a linguagem quando cibernauta se comunica por meio, por exemplo, do Msn – que é um programa de bate-papo que permite conversas instantâneas – temos de considera a internet como um meio muito rápido de comunicação. Assim, isto revela que o texto usado no Msn é muito próximo da língua falada e, portanto, tem sua pertinência enquanto linguagem no suporte tecnológico que veicula e não há motivos para alarmes.
Destaca-se que, nesse caso, há uma economia na escrita das palavras, isto é, fazem-se corruptelas de algumas letras para evidenciar a emergência da escrita e, com isso, novos significados são atribuídos às conversações. Lembra-se, pois, que isso não é novo, visto que há muito tempo se praticava a corrupção e ou codificação do texto nos telegramas, sendo tal economia articulada na perspectiva de sintetizar a mensagem e assim diminuir o preço do serviço.
Sabe-se ainda que essas modificações levem à alteração dos sentidos da mensagem, uma vez que a linguagem passa a ter outro significado. Este de acordo com Coseriu (1979b) é o conteúdo de um signo linguístico em sentido estrito, é a configuração das possibilidades de designação.
No que se refere aos sentidos articulados nas mensagens postadas e trocadas na web pelos cibernautas, os sentidos passam a assumir destaque quando seu conteúdo especialmente é postos no próprio texto, isto é, só existe sentido no plano do texto, no ato da fala de um falante numa determinada situação, e não no falar em geral ou nas línguas. Coseriu (1979b)
Assim, tomando a produção de linguagem escrita no internet como ato comunicativo que se aproxima da fala, tem-se, na verdade, uma produção de significado e sentido efetivados por meio de uma variante de linguagem além da ideia canônica de escrita.
Ao se utilizar programas como o Msn, a comunicação ocorre através de um meio escrito, no entanto, o texto é oral. Sendo a internet um meio que exige agilidade e rapidez, a escrita por meio de abreviaturas faz com que a comunicação seja mais rápida, simulando assim a mesma rapidez da fala.
Então pais, professores que ainda não estão articulados sobre a produção de linguagem por meio das redes sociais e comunicacionais – Chat, Orkut, Weblog, Msn, etc. acalmem-se! Essa forma de escrita já faz parte do cotidiano virtual de todos nós e não tem mais como ignorá-la, tampouco impedi-la.
A língua à maneira de Bakhtin é dinâmica quando do ato real de comunicação e, portanto, se adequa às situações de comunicação. Isso não significa dizer que agora "pode-se escrever de qualquer forma na web.". As abreviações são permitidas no Msn, no Orkut, nos e-mails informais, nos chats (e até nesses textos existem regras! Caso contrário, nem mesmo os internautas se entenderiam), não cabe usá-las em outros gêneros textuais.
O ciberdiscurso ou internetês não prejudica o bom português, porque os comunicantes dessa modalidade sabem que se trata de uma linguagem de uso específico no ambiente virtual. Por outro lado, se sabe que os acessos a livros jornais e revistas da web compõem seus espaços de leitura. A nós professores, cabe o papel de ampliar a capacidade de recepção e produção textual dos alunos, priorizando a formação de escritores e leitores competentes, que saibam usar a língua nas diversas situações de interação.