domingo, 4 de maio de 2008

A INSTANTANEIDADE DA FÉ


A proliferação de técnica e meios digitais da informação possibilitou que vários tipos de conhecimentos se ampliassem de maneira extraordinária. Tal produtividade vai da educação à fé. Para Baudrillard (1991) estes aspectos são uma espécie de “destino indelével sobre o qual pesa a sedução” a qual se dá através de discursos engendrados pelo sistema econômico, garantindo à religião uma posição de destaque no que se refere à idéia de separação entre o bem o e mal, sedução digital da fé.
As linhas que se seguem, buscam o entendimento da expansão da fé por meio da mídia televisiva, a qual ocupar lugar privilegiado em várias grades televisivas, sobretudo, nas veiculadas nas manhãs de sábado. É interessante notar ainda que, neste dia, das 7 às 10 horas da manhã, há acerca de 10 emissoras de televisão com programas religiosos ou afins. O olhar aqui presente é segundo a programação distribuída por emissoras abertas; via antena parabólica.
Dessa maneira, parte-se da suposição de que a televisão transformou o modo de como o homem comum tem visto a cultura, a sociedade e, sobretudo, a fé. Esta é oferecida além templo, ou melhor, o mundo transformou-se em santuário graças ao alcance dos satélites que, associando elementos retóricos e psicológicos presentes nos discursos dos pastores, verdadeiros animadores de auditório conseguem conduzir uma massa ignorante a um universo cheio de fantasia e sedução num mercado ora tão competitivo, da fé.
Por um lado, tal questão é compreensível quando vista sob a ótica da modernização das igrejas tanto no plano da evangelização quanto nas inovações das metodologias usadas pelos pastores, os quais evoluíram ao epíteto de pastores eletrônicos, com discurso e estratégias de convencimento próximas à publicidade. Por outro, se tem ai a subjetividade divina que vai ao encontro da “estupidez das massas, vítimas da mídia” Baudrillard (2005, p. 42) de consumo que transforma a crença do povo em produto de degustação a qualquer preço e hora.
No mercado religioso, esta prática há muito ultrapassou o limite do bom senso, uma vez que se criou um “hiperespaço” no qual tudo parece mais verdadeiro que a própria “verdade” da fé.
Para Baudrillard (2005) é através da tela que se promove o falso ao status de verdadeiro, tamanha a evolução realizada pelos meios de massa. Assim é possível compreender o porquê de tudo que é levado à tela religiosa, ganha credibilidade instantânea, isto é, “a informação e mais verdadeira que o verdadeiro por ser verdadeira em tempo real”. (idem, p. 45).
O filósofo francês ainda adverte sobre as variadas dimensões que informações religiosas podem tomar no hiperespaço construído pela mídia devota. “as coisas não têm mais uma, duas ou três dimensões: flutuam numa dimensão intermediária. Logo nada mais de critérios de verdade ou de objetividade, mas uma escola de verossimilhança.” (op. cit.).
Nesta perspectiva, o pensamento de Baudrillard materializa-se nos testemunhos dos fiéis diante das câmeras, às vezes, chegam a forçar uma situação no sentido de se fazerem presentes e, por conseguinte, ter seu momento de fama, integrando a partir disso, o grupo das “celebridades de Deus”. Então, não é por acaso que a fé seja colocada à mostra, transformando-se num produto em promoção à qual a maioria das pessoas não teria acesso senão através da intervenção da mídia. Com isso, se percebe a existência de uma realidade econômica nas pregações dos “pastores e padres eletrônicos”, uma vez que nos intervalos comerciais dos cultos os responsáveis apresentam seus cardápios de produtos religiosos – livros, revistas, Cds e Dvds além do tradicional dízimo – e tudo em nome do Senhor. Então, ninguém que deseja alcançar os píncaros da fama – testemunho ao vivo – jamais pode se furtar de oferecer uma quantia significativa, ou uma história de fracassos pessoais e econômicos para servir como “tragédia na tela da fé” a qual será simulada por atores cujo desempenho dramático e estético é bastante questionável.
Bibliografia consultada.

BAUDRILLARD, Jean. Tela total: mito-ironias da era virtual e da imagem. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2005.

CRIATIVIDADE DISCURSIVA NA WEB

No contemporâneo as atividades humanas estão passando por grandes modificações a tal ponto de a criatividade se transformar em crise. Por isso, as fronteiras entre o real e o virtual na arte, na literatura e na linguagem parecem não existir, uma vez que há um entrecruzar de identidades construídas a partir dos discursos produzidos com toques de mouse.
Quanto à criatividade, que por muito tempo ficou relegada a artistas e gênios da criação, ganha espaço e projeção, criando assim, uma comunidade de falantes que interagem com seus pares através de ciberdiscurso. Isso tem criado de alguma maneira conflitos e as identidades passam a ser classificadas a partir da capacidade que os agentes comunicativos têm em demarcarem seus territórios virtuais.
Por isso, consideramos as identidades no espaço cibernético como algo abstrato e, por isso, os confrontos se dão por meio da produção lingüística específica. Na segunda parte serão apresentadas, discussões acerca das relações sociais e humanas, formuladas a partir das revoluções que a mídia e a rede digital provocaram no homem contemporâneo, relacionando as aos aspectos produtivos da sociedade, tendo o ciberdiscurso com mediador das negociações de sentidos,sociais e culturais no ambiente que a tecnologia vem criando em ritmo vertiginoso.
Isso tem modificado o meio social contemporâneo de tal sorte que os pensamentos e ações econômicas, políticas e culturais se processam conforme a velocidade e a disponibilidade da comunidade em usar tais artífices. Uma coisa é certa; uma nova linguagem com vocabulário e sintaxe própria tornou-se real no cotidiano da comunidade moderna, na qual ciência, arte, literatura e política são discutidas à velocidade da fibra ótica.

O ciberdiscurso: liberalidade da linguagem

Vários estudiosos têm conceituado a linguagem a partir das relações sociais que o homem estabelece com o meio e a realidade sócio-cultural em que vive. Assim, Lotman assegura que tal procedimento só se fundamenta quando as informações são significadas pelos atores culturais e sociais da linguagem, transformando-as em signos convencionalmente aceitos pelo grupo. A exemplo disso, estão os ciberdiscursos produzidos nos chats da Internet, nos quais os usuários codificam os signos e os adaptam às suas necessidades lingüísticas do meio eletrônico. Para tanto, eles (internautas) precisam transformar ou adequar esses sinais em signos que realizem a comunicação efetiva dos fatos.
Nesse contexto, e à maneira do semioticista francês Roland Barthes compreende-se que o uso da língua no chat dar-se de maneira individualiza, isto é, apenas um grupo de pessoas faz da língua eletrônica “ato individual de seleção e atualização” e passa a relatar suas experiências a partir do estilo lingüístico convencionalizado, pois a língua de modo geral deixa à disposição de seus usuários várias possibilidades de articular discursos. “Ao assumir o discurso, o individuo busca escolher os meios de expressão que melhor configurem suas idéias, pensamentos e desejos. Essa escolha é que caracteriza o estilo[1].” Em outros termos, tal procedimento quando estendido à linguagem praticada pelos internautas vê-se, uma individualização via transgressão lingüística mostrada por meio da escolha criativa do vocabulário dos internautas, o qual ganham aspectos fonológicos (não se transforma naum mesmo sendo realizado via escrita), ênfase nos termos concretos (uso alternado de letras maiúsculas e minúsculas no meio das palavras; AmiZaDI) e abstratos (apresentação de símbolos e ícones correspondentes ao seus estados emocionais; :) = alegre e ): = triste) na preferência por formas verbais e não verbais, propensão para determinadas figuras de linguagem. Proença Filho ao tratar da questão do estilo lingüístico praticado pelos usuários da língua, sugere que o modo como as pessoas se comunicam é resultante das atitudes culturais surgidas com tendências “análogas nas manifestações artísticas, na religião, na psicologia, na sociologia, nas formas de polidez, nos costumes, vestuários, gestos, etc..[2]” Assim sendo, se depreende dessas acepções que o estilo lingüístico empregado nos ciberdiscursos são representacionais, por isso Lévy assegura: “O pensamento se dá em uma rede na qual neurônios, módulos cognitivos, humanos, instituições de ensino, línguas, sistemas de escrita, livros e computadores se interconectam, transformam e tradu
[1] FILHO PROENÇA. 2001, p. 23-4.
[2] Op. cit, p. 24.

RECEPÇÃO DO POEMA COMISERAÇÃO

Sabe-se que o poeta precisa do seu leitor para que sua obra aconteça como tal. Então, o apreciador do texto literário - leitor - assumi papel importante na edificação dos sentidos pretendidos pelo autor. A crítica literária reconhece isso ao considerar a literatura como matéria da experiência humana da qual o leitor participa quando da interpretação do objeto lido.
Assim sendo, o pensamento de que o ser humano é um pano de fundo ou uma fonte de inspiração, mais do que um efeito da textualidade: "o ser humano escreve, o ser humano pensa, e sempre perseguindo e defendendo-se contra o outro ser humano." Bloom, 2000, p. 60).
Diante dessa afirmativa, ler-se a seguir a recepção de um(a) leitor(a) desse espaço poético, ao fazer consideração e expressar sua inferência do poema Comiseração publicado no dia de ontem.

Não tenho vontade de parar de ler, de sentir a carícia (também) do olhar dos seus olhos... Também posso me afogar no seu carinho e entorpecer meu ser que clama por amor!” É na comiseração do sentir que o poeta adentra almas solitárias fundindo-se entre o real e o lírico sonhador. Digo que, é o espírito poético roberiano envolvendo-se de tal forma enigmática e profunda com seu leitor, que este assume extasiado um envolvimento confessional no mundo imaginário e criativo do poeta. É o anseio do amor sublimado que mescla fragilidade e vontade de se fazer amado, e de amar...
Poeta...não tem como parar de ler, não tem como deixar de sentir um turbilhão de sentimentos entrelaçados entre magia e real...Enfim, aquilo que você expõe maravilhosamente na sua escrita, escrita de fazer pular o coração, e deixa aflorar os sentimentos mais íntimos de uma pobre mortal como eu!
Este é um bom exemplo de estética da recepção; o leitor inteagindo com a mensagem poética e à sua maneira expressando entendimento.
Obrigado