domingo, 4 de maio de 2008

CRIATIVIDADE DISCURSIVA NA WEB

No contemporâneo as atividades humanas estão passando por grandes modificações a tal ponto de a criatividade se transformar em crise. Por isso, as fronteiras entre o real e o virtual na arte, na literatura e na linguagem parecem não existir, uma vez que há um entrecruzar de identidades construídas a partir dos discursos produzidos com toques de mouse.
Quanto à criatividade, que por muito tempo ficou relegada a artistas e gênios da criação, ganha espaço e projeção, criando assim, uma comunidade de falantes que interagem com seus pares através de ciberdiscurso. Isso tem criado de alguma maneira conflitos e as identidades passam a ser classificadas a partir da capacidade que os agentes comunicativos têm em demarcarem seus territórios virtuais.
Por isso, consideramos as identidades no espaço cibernético como algo abstrato e, por isso, os confrontos se dão por meio da produção lingüística específica. Na segunda parte serão apresentadas, discussões acerca das relações sociais e humanas, formuladas a partir das revoluções que a mídia e a rede digital provocaram no homem contemporâneo, relacionando as aos aspectos produtivos da sociedade, tendo o ciberdiscurso com mediador das negociações de sentidos,sociais e culturais no ambiente que a tecnologia vem criando em ritmo vertiginoso.
Isso tem modificado o meio social contemporâneo de tal sorte que os pensamentos e ações econômicas, políticas e culturais se processam conforme a velocidade e a disponibilidade da comunidade em usar tais artífices. Uma coisa é certa; uma nova linguagem com vocabulário e sintaxe própria tornou-se real no cotidiano da comunidade moderna, na qual ciência, arte, literatura e política são discutidas à velocidade da fibra ótica.

O ciberdiscurso: liberalidade da linguagem

Vários estudiosos têm conceituado a linguagem a partir das relações sociais que o homem estabelece com o meio e a realidade sócio-cultural em que vive. Assim, Lotman assegura que tal procedimento só se fundamenta quando as informações são significadas pelos atores culturais e sociais da linguagem, transformando-as em signos convencionalmente aceitos pelo grupo. A exemplo disso, estão os ciberdiscursos produzidos nos chats da Internet, nos quais os usuários codificam os signos e os adaptam às suas necessidades lingüísticas do meio eletrônico. Para tanto, eles (internautas) precisam transformar ou adequar esses sinais em signos que realizem a comunicação efetiva dos fatos.
Nesse contexto, e à maneira do semioticista francês Roland Barthes compreende-se que o uso da língua no chat dar-se de maneira individualiza, isto é, apenas um grupo de pessoas faz da língua eletrônica “ato individual de seleção e atualização” e passa a relatar suas experiências a partir do estilo lingüístico convencionalizado, pois a língua de modo geral deixa à disposição de seus usuários várias possibilidades de articular discursos. “Ao assumir o discurso, o individuo busca escolher os meios de expressão que melhor configurem suas idéias, pensamentos e desejos. Essa escolha é que caracteriza o estilo[1].” Em outros termos, tal procedimento quando estendido à linguagem praticada pelos internautas vê-se, uma individualização via transgressão lingüística mostrada por meio da escolha criativa do vocabulário dos internautas, o qual ganham aspectos fonológicos (não se transforma naum mesmo sendo realizado via escrita), ênfase nos termos concretos (uso alternado de letras maiúsculas e minúsculas no meio das palavras; AmiZaDI) e abstratos (apresentação de símbolos e ícones correspondentes ao seus estados emocionais; :) = alegre e ): = triste) na preferência por formas verbais e não verbais, propensão para determinadas figuras de linguagem. Proença Filho ao tratar da questão do estilo lingüístico praticado pelos usuários da língua, sugere que o modo como as pessoas se comunicam é resultante das atitudes culturais surgidas com tendências “análogas nas manifestações artísticas, na religião, na psicologia, na sociologia, nas formas de polidez, nos costumes, vestuários, gestos, etc..[2]” Assim sendo, se depreende dessas acepções que o estilo lingüístico empregado nos ciberdiscursos são representacionais, por isso Lévy assegura: “O pensamento se dá em uma rede na qual neurônios, módulos cognitivos, humanos, instituições de ensino, línguas, sistemas de escrita, livros e computadores se interconectam, transformam e tradu
[1] FILHO PROENÇA. 2001, p. 23-4.
[2] Op. cit, p. 24.

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