quinta-feira, 27 de novembro de 2008

PUERIS EFÍGIES

Era manhã e os olhos
Ainda preguiçoso sob o
Resplandecer da alvorada
Viram-te aparecendo do nada.

Coração e mente reviveram
Anos num instante;
Pueris imagens sufocaram
O peito e num ímpeto, lhe quis
Como se antes tivesse sido minha.

Agora, efígies não vividas
Invadem-me a alma que,
Em abastança vazia
Nutre-se do passado
Que nem se quiser existiu.

27 de novembro de 2008, 18h.
Robério Pereira Barreto

ESCRAVO DO AMOR

À alma solitária
E escrava desse amor
Premio-te com o clamor:
Oh, minha senhora;
A cada instante em que se
Lembrar de quem eu sou
Sofra a angústia de ter
Me feito sentir um sofredor;

A esse coração que em queixas se esvai
Dou-lhe a chance de sentir seu algoz
Nos instantes infernais que,
Ao lembra-se de que
A paixão e o amor por ti
O fizeram um ser bestial.

Oh, Escravo do amor...
Cumpras teu destino;
Seguem sem reclame nem dor.

Oh, Escravo do amor...
Sufoque-se em seu soluços...
Mutile sua própria pele...
Afogue-se nas lágrimas vertidas
Na dor de se afastar de sua Senhora,
Mate-se com o punhal da solidão...

BARRETO, R.P. In: BARRETO, R.P. Bramidos da solidão, Irecê [BA] edição do autor, 2007, p.63.

VIAGEM

Nas águas da minha saudade
Singram no meu ser as naus
Que trazem lembranças de ti.
Tal Dom Quixote faceiro,
Meu peito carrega um coração
Que flameja de desejo por ti
Como os olhos de Capitu,
Diante da resseca do mar.
O madeiro da saudades
Debruça sobre ondas revoltas
Para trazer-me seu cheiro
E calor exalados no prazer
Ao navegar no Cruzeiro do amor.
BARRETO, R.P. In. BARRETO, R.P. Cores da Solidão. Tangará da Serra [MT]. Edição do autor, 2005.