terça-feira, 17 de novembro de 2009

ASSIM QUE NOS VIMOS NO COTIDIANO

EU, REFLUXO DE MIM


 

Estou na cidade e ando pelas ruas

Entre carros, gentes passantes,

Luzes, cores e sons esvoaçantes

Mas não me sinto aqui;

Ninguém sabe ou se importa com

O meu existir.


 

Entre caneletas esgotos correm

Como rios desviando de carros

Apressados que me banham

Do fétido suco humano liberado

Das casas lindas e infames.


 

Grita com todo meu pulmão,

Mas não me ouve o cidadão

Que, protegido pelo terno cinza

Nem olhar para mim se anima.


 

Na clara escuridão da vida

Sou mais uma luz que não mais cintila:

Sou refluxo de mim!


 

Robério Pereira Barreto