terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ENCUENTRO DE AMOR

Sus gemidos en mis oídos
Es como sentir el toque
Del rubro velludo en la alma,
Que desnuda al placer.

Sus calientes cariños
Arde me piel como
El meteoro quema
E ilumina el cielo.

Su perfume arrebata
Mis sentidos tal la mirra
Que deja en el aire el olor…

Embriagado en su silueta
Camino a quererte desnuda
En mis brazos e cama
Como fue en nuestro primero
Encuentro de amor.
.

03 de febrero de 2009, 23h26min.
Robério Pereira Barreto

DA CIBERFOBIA À DIALOGIA

Admitamos, pois, que, o significado de aprendizagem, sobremodo, da língua materna está relacionada às perspectivas com as quais o professor leva o estudante ao encontro de múltiplos textos. Com isso, revela a ele uma série de mecanismos, os quais estão ligados: imagem e texto e, às vezes, um mundo midíatico em que se misturam escritas, figuras, cores e sons, possibilitando assim interação entre o que se diz e o que se faz com a língua no cotidiano das grandes cidades.
Diante desse quadro, segundo afirma Citelli (2002:24), somente um educador com formação nos princípios dialógicos da linguagem é capaz de compreender a complexidade da língua através da mediação entre os sujeitos envolvidos, por meio da aquisição e compreensão dos textos produzidos pela sociedade. “Um professor dialógico e interacionistas olhará com permanente desconfiança o conhecimento conforme formulado pelo livro didático: o horizonte deste tipo de educador deve ser necessariamente mais amplo.”
É na observação dos sistemas midiáticos que professor se pauta ao preparar sua aula, pois seus alunos já vêm a ela com perspectivas e saberes advindos da mídia de massa. A partir daí, é que o docente oferece subsídios para que eles façam, de fato, a interação no processo de produção de sentido com a realidade lingüística em que atuam. Os sistemas multimidiáticos, calcados em formas integrativas e interativas que possibilitam ao aluno construir “programas de aulas” situará o professor noutro patamar, que poderá até ser melhor, a depender da determinação e vontade dos envolvidos. [...] Com novas linguagens, estímulos e formas de conhecimento que vivem à margem do discurso institucional escolar.” (Citelli, 2002:26-7).
É salutar lembrar que, devido às condições inadequadas proporcionadas pelo sistema ao professor, mormente as escolas das redes públicas: estadual e municipal não têm profissionais com orientação didática e pedagógica para responde a contento tal atarefa; quem sabe de nenhuma sorte, percebe que à interação através de diálogos entre as práticas educacionais levam ao conhecimento e, consequentemente, à humanização dos estudantes ao usar de forma correta os princípios da linguagem.
Para Bakhtin (1979) a linguagem não é utilizada apenas para transmitir informações, mas, para firmar interesse, estabelecer níveis de dominação, fazendo do mundo dos signos uma arena onde são travadas as mesmas batalhas encontradas no mundo dos homens. Desse modo, se têm na escola os espaços de interação e dialogismo, pois, nela se encontram várias gerações de conhecimento, tanto pessoais quando institucionais. Com efeito, a função da escola é orientar os estudantes para a produção dos sentidos e ideologias existentes no processo histórico empreendido através da língua, ou seja, é por meio da classificação de certo/errado no uso da língua que os grupos afirmam ou refutam seus princípios de dominação.
Na realidade, este procedimento se dá através de estratégias as quais têm sua base ideológica e semântica nos princípios de persuasão e sedução, segundo as quais os alunos e os leitores têm na mídia, sobremodo, na mídia imprensa e nos livros didáticos seus maiores auxiliares. Entretanto, sabe-se que, às vezes, é preciso desconfiar de tais escritos para que se possa estabelecer o grau de responsabilidade da autoria.
Para Ribeiro (2003:121) o uso da sedução como processo argumentativo na mídia é uma marca, pois, se sabe que a “imprensa tem se caracterizado por exercer grande influência sobre a sociedade.” Além é claro de ser responsável pela constituição do imaginário social, já que é por meio dela que os grandes fatos são postos em debate e que se constituem os pontos de vista. Então, é legítimo que os profissionais da linguagem compreendam que, embora haja problema na constituição – gramatical, semântica e ideológica - de determinados tipos de mídia, estes, certamente, ainda contribuem significativamente para o processo de desburocratização da aprendizagem da língua materna, uma vez que se pode traçar diálogos com várias opiniões e maneiras de usar a estrutura da língua nacional.
Hodiernamente, sabe-se que a língua portuguesa em sua forma “erudita” tem sido maltratada pelos meios de comunicação de massa, bem como pelos profissionais da linguagem. Eles são do mesmo modo vítimas, pois o sistema ao longo de décadas desvalorizou o estilo e uso linguísticos praticados pelos grandes escritores. (quantas vezes ainda ouvimos referência ao estilo Machadiano de organizar as idéias e do bom trato com a língua em seus escritos, inclusive os que saiam na imprensa). Entretanto a sociedade avançou e com isso vieram novas maneiras de expressão. Neste pacote estão os valores éticos, estéticos e ideológicos relacionados à aprendizagem da língua portuguesa que a mudaram sistematicamente. Isso com certeza moveram as bases tradicionais, as quais lutam em vão, parafraseando Drummond: “lutar com as palavras é coisa vã” para manter a tradição gramatical de meados do século passado.
Embora seja uma realidade deprimente, contudo temos que modificá-la trabalhando o idioma em sala de aula, para, no mínimo, orientar o usuário da língua no que se refere à questão dialógica que permeia a comunicação moderna. Entretanto, tal perspectiva é cheia de obstáculo; o primeiro deles está na estrutura da própria escola que não vê e, às vezes com razão, a mídia impressa como subsídio para o melhoramento da qualidade da produção lingüística do estudante, porque algumas não apresentam qualidades suficientes para isso.
Nesse plano dialógico, consoante a dificuldades normais da escola, Chiappni (2002:10) acredita que a escola tem uma parcela de culpa porque burocratiza a linguagem, desistoricizando-a e enrijecendo-a nos rituais que a faz como instituições de controle sócio-educacional. Com efeito, a democratização da escola e avanços dos MCMs[1] deveriam ter melhorado as condições de ensino, aprendizado e uso da língua, devido ao grande alcance social de suas mensagens. Entretanto, isso não ocorreu porque a maioria das instituições de MCMs tinha em suas direções e redações pessoas cujo preparo e conhecimento da língua eram medianos. Por outro lado, os ouvintes, leitores, espectadores viviam em condições piores para compreender a estrutura normativa da língua. Com isso, Viu-se nascer de maneira, quase unilateral um outro idioma, ou seja, as pessoas não deixaram de viver e comunicarem-se porque não tiveram à formação culta da língua. Ao contrário, adaptaram suas habilidades lingüísticas as realidades em atuam de forma dialógica.

[1] Meios de Comunicação de Massa

CIBERFOBIA DE PROFESSORES E O AVANÇO DA LINGUAGEM NA WEB


Amigos leitores, este texto tem como objetivo chamar atenção das pessoas que têm medo de tecnologia, sobretudo o profissionais da educação que, injustificadamente recusa trabalhar com as linguagens tecnológicas provenientes tanto da televisão quanto da internet. Por se tratar de publicação em site, dividirei esta idéia em várias partes. Caso queira lê-la a até o final; aguarde as próximas publicações.
A formação escolar do aluno, no que se refere à linguagem, tem sido alvo de grandes ataques, inclusive por parte dos professores que, às vezes, escondem-se atrás de suas fobias e dizem que os estudantes não interagem com o modelo lingüístico proposto pela escola devido, aos meios de massa. Estes, por sua vez, têm uma linguagem, banal e bestialmente desgramaticalizada, tornando-se impossível a integração de tais enunciados à sugerida pela gramática.
Travaglia (2001:22) considera que a perspectiva assumida pelos professores tem a ver com aquilo que lhes fora ensinado como certo/errado. Entretanto, ele reafirma que: “As normas de bom uso da língua são baseadas no uso consagrado pelos bons escritores e, portanto, ignoram as características próprias da língua oral.” Fato que não ocorre com as tecnologias de comunicação de massa, ou seja, a linguagem mídia é eminentemente oral.
Assim, os professores de língua materna – portuguesa – deve se apropriar do conhecimento oferecido pelos meios tecnológicos, acabando assim com a ciberfobia. Pois, a língua, ensino e aprendizado devem ser visto como algo natural. “língua é considerada um organismo vivo que nasce se desenvolve e pode entrar em decadência, juntamente com a sociedade que dele não cuida adequadamente, não atende à tradição, comete o pecado do erro e juntamente com sua linguagem se deteriora, definha, acaba.” (Travaglia, 2001:26-7).
Mediante sistema de comunicação no qual a tecnologia está presente na vida dos estudantes desde as séries iniciais até a universidade, o professor precisa empreender esforço e buscar ajuda profissional – psicólogo – para, primeiramente, inferir que ele involuntariamente é um agente portador de tecnologia e usuário compulsivo de linguagem cibernética. Todos os professores têm telefones celulares acompanhados de mais alta tecnologia de imagem, som e linguagem. Os estudantes na maioria das vezes os têm. Então por que não explorar esse material tecnolingüístico da realidade dos estudantes e fazê-los refletir sobre suas ações enquanto sujeitos da linguagem?
De acordo com Citelli (2002:19) isso ocorre não porque o professor ter medo de tecnologia, pois os seus alunos têm uma intensa relação com as linguagens e o conhecimento não sistematizado pelo discurso didático-pedagógico e promovem uma circulação que resulta em discussões, trocam de experiências, estratégias de socialização, que, contudo, se obliteram e preferem a zona do silêncio no momento sacralizado da aula e o professor ainda não conhece esse universo e, portanto, sente-se ameaçado em sua autoridade, conhecedor e detentor de saberes
Nessa perspectiva, clama-se por uma (re)qualificação docente na qual, este deveria superar suas deficiências e medos de tecnologia e compreender que, na atualidade o profissional é apenas mediador da aprendizagem, sobretudo, no que se refere à questão lingüística, posto que a linguagem midiática, faz parte de nosso cotidiano. Embora a escola não disponha ainda de total domínio do processo, graças à incompetência das políticas públicas, as quais usam a ciberfobia dos profissionais como mecanismo de defesa. Para Citelli (2002:23) isso ocorre porque é ai que está a “própria dificuldade operacional dos professores com relação àquelas linguagens. Muitas delas lhes são absolutamente desconhecidas, o que torna impossível considera-las tanto para efeito de incorporação a novas práticas didáticas como para submetê-las a qualquer crivo crítico.” Conclui-se que, o problema não está no estudante, mas sim no medo do professor, o qual acredita estar perdendo seu posto de comando quando não é, ou não se faz entender pelos alunos.

ESCRITA: TECNOLOGIA INTELECTUAL

Não é suficiente conceituar ler e escrever, é fundamental desejar e possibilitar sua realização. Barreto, 2004.

Para Lévy (1999), a escrita nos nossos meios de comunicação contemporâneos encerra em si mesma, o poder de registrar acontecimentos e reorganizar o papel das ciências. Por isso, ele considera que a interpretação dos sentidos encontra seus fundamentos na escrita, porque “o alfabeto e a impressão, aperfeiçoamentos da escrita, desempenharam um papel essencial no estabelecimento da ciência como modo de conhecimento dominante”.[1]
As escritas desenvolveram na comunidade instrumentos de significação e símbolos que levaram o homem contemporâneo a questionar a oralidade. Isto é, a comunicação na sociedade era realizada através da oralidade, quando os cidadãos transmitiam seus conhecimentos, mitologias e lendas de “boca a boca”. Logo, precisaram de um instrumento que guardasse física e organicamente as idéias construídas na comunidade. Com isso, a escrita ganha ares de tecnologia. A exemplo disso, está a literatura a qual com o domínio das tecnologias da escrita passou a ocupar lugar significativo na vida social das pessoas. Embora saibamos que nesse período uma parte significativa da população do século XIX, não tinha formação escolástica. Portanto, segundo Lèvy “(...) compreender o lugar fundamental das tecnologias da comunicação e da inteligência na história cultura nos leva a olhar de uma nova maneira a razão, a verdade, e a história, ameaçadas de perder sua preeminência na civilização da televisão e do computador.”[2]
A escrita como tecnologia de comunicação, tornou possível o acesso da massa a conhecimentos que antes eram transmitidos a sociedade por meios de conversas em que as experiências coletivas se mantinham guardadas na memória, formando assim, imagens na ecologia cognitiva do sujeito. Por isso Lévy afirma que a invenção da escrita está relacionada com a invenção da agricultura.
A escrita foi inventada diversas vezes e separadamente nas grandes civilizações agrícolas da Antiguidade. Reproduz, no domínio da comunicação, a relação com o tempo e o espaço que a agricultura havia introduzido na ordem da subsistência alimentar. O escriba vaca sinais na argila de sua tabuinha assim como o trabalhador cava sulcos no barro de seu campo. É a mesma terra, são instrumentos de madeira parecidos, a enxada primitiva e o cálamo distinguindo-se quase que apenas pelo tamanho. (...) A agricultura, pelo contrário, pressupõe uma organização pensada do tempo delimitado, todo um sistema do atraso, uma especulação sobre as estações. Da mesma forma, a escrita, ao intercalar um intervalo de tempo entre a emissão e a recepção da mensagem, instaura a comunicação diferida, com todos os riscos de mal-entendidos, de perdas e erros que isto implica. A escrita aposta no tempo.
De acordo com a ótica do autor, podemos compreender que a escrita dialetiza os conhecimentos, pois se transforma à medida que a comunidade lhe da funcionalidade. Na história mais recente (século XIX) a escrita transformou-se em tecnologia de comunicação avançada a partir da compreensão de que “a arte (literatura) é um sistema simbólico de comunicação inter-humana, e como tal interessa ao sociólogo.”[3] Com isso foi possível que a população tivesse acesso a informações que traduzia suas classes sociais. A exemplo disso, temos os folhetins os quais revolucionaram a atividade literária e escrita na França e, por conseguinte no Brasil romântico.
Associar a escrita à burguesia é, sem dúvida, correr o risco de ser redundante. Por isso, acreditamos que a escrita como todos os instrumentos tecnológicos de comunicação serviu mais diretamente aos ideais dominantes do que às necessidades da massa. Corroborando conosco Lèvy argumenta que a escrita e o Estado mantiveram relações íntimas. O Estado serviu-se dos princípios orientadores e misteriosos da escrita para manter a ordem de seu discurso sem que houvesse questionamentos (lembremo-nos que a maioria da população ainda não domina a escrita e a leitura. Portanto, absorvem os discursos orais e imagéticos produzidos por aqueles que conhecem o universo da escrita. Por isso, talvez, a televisão ocupe cada vez mais o espaço do livro em nossa sociedade).
Através da escrita, o poder estatal comanda tanto os signos quanto os homens, fixando-os em uma função, designando-os para um território, ordenado-os sobre uma superfície unificada. Através dos anais, arquivos administrativos, leis, regulamentos e contas, o Estado tenta de todas as maneiras congelar, programar, represar ou estocar seu futuro e seu passado. (...) A escrita permite uma situação prática de comunicação radicalmente nova. Pela primeira vez os discursos podem ser separados das circunstancias particulares em que foram produzidos.

Para concluir temporariamente, entendemos que a escrita se tornou na sociedade contemporânea mais que instrumento tecnológico é, portanto, ferramenta social, ideológica que permite, embora de forma unilateral a participação da comunidade no registro de seus feitos.
[1] PIERRE, LÈVY. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora34, 2000, p. 87.
[2] Idem.
[3] CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. 8. ed. São Paulo: T.A. Queiroz, 2000. p. 21.