quarta-feira, 11 de julho de 2007

MORTE NA CAATINGA




No céu cor de fogo
aves de rapina anunciam
que a morte no ar está,
mais tarde todas terão jantar.
Bichos pequenos e até grandes
mesmo que corram
não vão muito aguentar,
morte certa!
Para que apelar?
Cobra, lagartixa e preá
em desespero giram
para lá e para cá
Não adianta não tem
que possa lhes salvar,
é a morte na caatinga
que tem hora de chegar.
Mês de agosto...
por aqui só desgosto
porque a caatinga
põe-se em grande alvoroço
tentando a vida de seus filhos salvar.
Quanto esforço em vão
porque é fogo para todos os lados
cheira morte no sertão.
(Robério Pereira Barreto, 11/07/07)

TRUANICES


No entardecer, vários plurais
manifestam-se a me convencer
de que a soma dos singulares
existentes em mim,
é maior que a vontade de você
Particular para o mundo sou
na maneira de amar-te,
porém pluralizo-me,
em mil facetas me dou.
Em cada uma delas
flui de mim algo
que me exaspera
em fazer-te feliz.
Entretanto, na ausência de ti
resta-me a truanice
de meu eu dividir
entre choro e saudade,
sozinho fazê-lo rir.
(Robério Pereira Barreto)