sexta-feira, 12 de outubro de 2007

LAB RINTO

LAB RINTO
(Robério Pereira Barreto)

No labirinto de mim mesmo
Desço em todas as ruas a esmo
Em busca de algo e me perco,
Porque nada vejo tampouco conheço.

Na intrépida descida cambaleio
E vejo serenidade na face da morte
E a faceira alegria no espelho da vida.

Assustado, não me acho
Sinto que sou capacho
Desse destino que vadia
Pesando em mim.

Voltar a mim é um alvitre
Nunca estou livre...
À superfície não posso emergir
Sucumbo nas garras do Minotauro;
Solidão!

12 de outubro de 2007, 23h51min

WEBLEITORA DELICIA-SE COM POEMA "CORPO"

"CORPO"
Pleine Lune disse...
Imponderável é o prazer de fazer amor na rede poética de Robério Pereira Barreto... Irresistível sedução...Penetrar nas entrelinhas do seu discurso proporciona um orgasmo múltiplo...a poesia seduz por traduzir o intraduzível com sensualidade, sensibilidade...o desejo de saborear os versos começa com um toque arrepiante das metáforas do poeta...um mergulho profundo nos enigmáticos olhos das conotações...Beijar sua língua(gem) com sabor de erotismo, temperado com chocolate e pimenta...inigualável...Leves mordidinhas na nuca da métrica mais que perfeita... entre gemidos e suspiros as rimas se encaixam...voluptuosamente... Languidamente descansar sobre o ponto final...tesão insaciável...que começa n’O Corpo e só findanapróxima poesia...napróximapoesianapróximapoesianapróximapoesianapróximapoesia napróximapoesianapróximapoesianapróximapoesia napróximapoesianapróximapoesia...

URUBU E O GAVIÃO


Na caatinga sombria e pálida num galho seco de angico, o urubu de bico baixo refletindo sobre sua condição de mensageiro dos moribundos diz:
- Nossa! Neste lugar nada acontece. E isso tem trazido pra mim prejuízos. Vejam como estou magrinho e sem ânimo para voar e procurar comida.
Condoído com a condição de seu parente pobre, o gavião aproxima-se faceiro e cordialmente fala:
- Bom dia, Urubu! Que passa com tão ilustre e temida figura da caatinga?
- Estou triste porque não tenho encontrado comida mesmo neste cenário de seca. Não se morre mais como antigamente. Na caatinga de hoje já não encontro mais esquifes!
- Amigo Urubu, veja que coisa! Eu não tenho passado fome. Sabe por quê? Gosto de comida quente, isto é, sou trabalhador vou atrás. Já você...!
- Pois é gavião, cada um faz o que pode e a vida segue né? De fato, realmente adoro comer um prato frio, ou seja, mortinho da silva!
- Veja aquela Juriti voando vou almoçar agora mesmo veja como se faz!
O gavião em debandada persegue de modo implacável a frágil ave. Aos gritos e velozes batidas de asas, a esperta Juriti voa entre galhos e espinhos pontudos, desvencilhando-se do insensível e faminto gavião. Eis que numa esquina da avenida caatinga, um espigão de mandacaru adianta-se à manobra do pássaro assassino, cravando-lhe o peito. Agonizante clama por socorro:
Juriti, por favor: Tire-me daqui...
A Juriti mesmo ofegante volta e ouve seu pedido e promete: agüente firme gavião, vou chamar seu amigão urubu!
- Nossa! Ele não, não, não...
A Juritir segue para comprir sua palavara. Afinal, palavra de Juriti não pode falhar.
- Urubu? Urubu? Urubu acorde seu depressivo de uma figa!
- Que houve, Juriti?
- Vai salvar seu amigo gavião.
- Por quê?
- Ele se acidentou na avenida mandacaru e está precisando de você.
- Ok. Vou lá.
Aproveitando a corrente de vento norte plaina no ar do sertão, chegando ao local, ver seu amigo gavião em má situação e se aproxima dizendo:
- O que posso fazer amigão.
- Tire-me daqui Urubu!
- Tiro não... ah... ah não tiro mesmo.
- Faça isso não. Preciso viver e pegar aquela Juriti e mostrar a você como é bom almoçar uma comida quentinha.
- Ai é que está o xis da questão, campeão. Se lhe tirar daí, perco a chance de fazer a única refeição que vejo neste cruel e triste sertão. Gavião, sem ressentimento. Mas sou paciente e sempre espero meu almoço esfria. E, tem mais; quanto mais gelado melhor. Então fique frio, por favor.

12 de outubro de 2007.

Robério Pereira Barreto