sábado, 21 de julho de 2007

ÓSCULO DO DILÚVIO

No limbo de dor
Meu imo espera
Por um sumo de alegria,
Clamando pelo roçar
De corpos entre Beijos ardentes.

Nesse íntimo amor,
Minha alma pulula
Fazendo-me sentir
Escorrer nos lábios
A úmida língua
Carregada de fervor.

Sangue em brasa
Corpo febril
Lateja em mim
Vontade sem fim,
Pulsando no peito senil
A força e raça
De ser juvenil.

Tal ebulição me aquece
Porém, ao passar do dia
Como fogueira sem lenha
A chama arrefece
Faz-me apenas uma porção
De cinza que o vento
Violentamente arremessa
Contra ao nada da vida,
Desilusão!

30 de maio de 2007.

NOITE

A noite cai...
com ela chegam a mim
os fantasmas não exorcizados
no correr do dia;
as saudades dela.
Aos meus ouvidos encostam eles
a me dizer que sou alienígenas
dentro de mim mesmo.
Na penuria da solidão,
na alcova fria tento dormir
ao ritmo da calmaria
vinda da imagem
de nossos corpos em ebulição;
em alta voltagem
milhões de eletróns
encendeiam nossa pele...
Na espinha descargas elétricas
nos movem em alucinantes
movimentos de prazer...
21/07/2007, às 22 h 46 min

SUMO DA ALMA


Lágrimas são sumo da alma
dilacerada e partida
despétala sem pudor.

O coração chora...
as angústia e saudades
da paixão lançam-se
em profundo torpor
queimando a chance
do encontro renovador.
Sem destino o espirito
caminha clandestino
juntado os pedaços
amor que para traz ficou.
Então lágrimas,
molhem minha face
para que eu não
a esquece entre
ansiedade de querer-te
e cacos que ainda resiste...
21, julho de 2007, às 18h

MÍDIA DE MASSA: HOMOGENEIZAÇÃO DA DOR



Os meios de comunicação de massa informa e também homogeneíza opiniões. Por isso, sua função vai além do social e, às vezes, os profissionais que nela atuam ultrapassam o bom senso, criando assim ideologias e, por conseguinte, mantém vivos preconceitos. Este ensaio apresenta ponderações as manifestações da mídia televisiva durante a cobertura do acidente com airbus 3054 da TAM, no aeroporto de Conhgonhas – São Paulo – SP.
A mídia[1] tem alto poder de sedução na comunidade. Principalmente a televisiva, a qual transmite acontecimentos ao vivo e em cores para o mundo inteiro em questão de segundos. Até ai não demais se a entendermos como tecnologia digital transmitida por satélite. Entretanto, se se quer vê-la como mecanismo de informação e entretenimento, às vezes, em busca do “furo” de reportagem os profissionais que atuam neste meio de comunicação ferem o limite da ética e do bom senso, quando intensificam a reprise até exaustão de acontecimentos, principalmente aqueles de caráter trágico como ocorrido recentemente com Airbus 3054 da TAM, no aeroporto de Conhgonhas – São Paulo – SP, em, 17 julho de 2007.
Muitos estudos têm sido vazados em linguagem acadêmica sobre a presença e reflexos da mídia nas sociedades modernas. Neste não há tão grande pretensão, todavia visa apontar os excessos cometidos pela emissora de televisão que, sob o disfarce de informar; transformaram uma “desgraça” espetáculo. Por outro lado, nem se importaram com a dor dos parentes e famílias, construindo, inclusive hipóteses na tentativa manter a audiência de seus telejornais.
Com tanta influência para informar e formar opiniões os profissionais da mídia comercial ainda não se conscientizaram do limite entre a notícia e o sensacionalismo. Para tanto, deveria saber que o modo como comunicam os fatos é, na verdade, um construto de ideologia e preconceitos, de modo subliminar, ou até mesmo explicito.
O que as emissoras de televisão a semana inteira fizeram foi um massacre total à memória dos acidentados e, principalmente, uma afronta aos familiares que em meio a dor eram levados a emitir opiniões sobre um assunto tão delicado; o gesto do assessor da presidência, Marco Aurélio de Melo ao ver uma suposta informação de que a causa da “desgraça” não se aplicava ao Governo. Dessa maneira, ficam evidentes os objetivos da televisão comercial, sobretudo, da Globo, construir hipótese e massificá-la à exaustão sem levar em conta o sofrimento de ninguém. Tal massificação faz com que milhares de pessoas sejam responsáveis pelo acontecido, uma vez que cada uma elegeu os “gestores” que comandam, ou melhor, não comandam... daí ocorrem fatalidades dessas proporções para que se façam presentes, o que é pior, nem isso fizeram. Êita país desajustado! Vamos acabar com isso e começar tudo de novo!
[1] Emprega-se aqui tal termo, compreendendo-o como estrangeirismo naturalizado, isto é, o uso impôs à regra. Entretanto, sabe-se que, segundo Domicio Proença Filho tal vocábulo aportuguesou-se mantendo a pronuncia do termo em inglês: media, a que corresponde o mesmo significado: “media, aplicado à comunica de massa”. Essa media inglesa corresponde ao termo latino media, forma do neutro plural de médium, que queria exatamente dizer ‘meio’.