sexta-feira, 16 de abril de 2010

LAN HOUSE: DO UNIVERSO PARALELO AO ACESSO À CULTURA DIGITAL

Sabe-se que as lan houses surgem a partir do modelo fliperama, onde se dizia que ali era um local de desvio de crianças e adolescente e que, portanto, não poderia ficar próxima a escola. Entretanto, o tempo mostrou que aqueles que o freqüentavam para diversão e lazer, se mantiveram ajustados social e culturalmente.

Diante disso, há que ainda tenha e defenda com tacanha percepção da realidade que as lan houses são locais de desvio e perdição, visto que ali não há controle ao sitio eletrônico ao qual o cibernauta vai se conectar. Em verdade, as lan houses são espaços livres e, talvez por isso, tenha mais possibilidade de os sujeitos buscarem e terem acessos a informações que levem à cobrança por seus direitos.

È sabido ainda que em todos os espaços e instituições sociais há aqueles que praticam ações paralelas. Então, não é por essa ótica que se deve perceber a lan house, mas ao contrário, este espaço de conexão com o mundo e a cultura digitais é a única forma que a maioria da população jovem de classe sócio-econômica tem para se conectar a internet e por meio dela sair e socializar através das infovias seus saberes e culturas até então desconhecidos.

Nesse contexto, pode-se dizer que no Território de Irecê as lan houses têm desempenhado papel importantíssimo na constituição de uma nova mentalidade das crianças e jovens que, por meio das redes sociais disponíveis na Internet vem se alfabetizando digitalmente, de modo que, cada um dá sua contribuição ao assumir a autoria das informações através de up-loads vindo conforme Tofller se chegaria a uma época em que todos se tornariam prosummer – produtores e consumidores – digitais.

Esta realidade se concretiza cada vez mais na medida em que os cidadãos atuam na produção de audiovisual e suas postagens nos sítios de relacionamento. Exemplo disso são os vídeos produzidos pelos jovens a partir de aparelhos de celular e que são publicados no Youtube. Isso só reforça a ideia de que esses jovens estão se alfabetizando de maneira autodidata, posto que em redes consigam trocar experiências, vindo a desenvolver técnicas de produção e publicação na internet que, infelizmente a escola ainda não dispõe de disciplina especifica para isso. Ao contrário, a escola em sua pseudo-ortodoxia tenta a custos altos descaracterizar as práticas social, cultural e, sobretudo, linguística desses sujeitos sob a premissa de ali se produz na informalidade.

Mediante este quadro está evidente a necessidade de políticas públicas que valorem o acesso a web seja em lan houses – isso já acontece porque os micro-empresários, sobretudo, das cidades do interior do Brasil já praticam esse comércio algum tempo – que mesmo sendo a preços consideráveis está fazendo a inclusão digital, a qual deveria ter sido efeito pelo governo.

Há que se dizer que o Governo a partir do Programa computadores para todos tem papel fundamental no processo de inclusão digital - ainda incipiente -, visto que com isso houve o barateamento dos equipamentos. Os grandes varejistas percebendo esse nicho de mercado, passaram a vender computadores a preços e prazos acessíveis. Nem tudo está perdido! Mas a iniciativa privada continua levando vantagens. Para variar!

Dessa maneira, os acessos a lan house vem caindo acentuadamente nos últimos anos, conforme pesquisas divulgadas recentemente as pessoas passaram a acessar a internet de casa e do trabalho. De qualquer modo, as lan houses deve ser vistas como possibilidades acesso à cultura digital e à formação cultural além da que a escola pode oferecer.