segunda-feira, 27 de agosto de 2007

LÁGRIMAS DA PARTIDA



Nas trilhas da solidão
Desfaço meu coração
Em milhões de mim

Tal o vento faz
Com a seca semente
De capim gordura,
Na lonjura do sertão afora.

No meu existir...
Nas veredas da solidão
Derramo meu coração.

Nos carreiros da vida
A alma sozinha...
Aflita colhe margaridas
Nos banhandos das lágrimas
Derramadas na partida.

27 de agosto de 2007, 23h 04min



Robério Pereira Barreto

INTERAÇÃO SÓCIO-CULTURAL ATRAVÉS DO TELEFICÇÃO*

*
Este trabalho discute as interações sócio-culturais criadas pelo consumo na sociedade contemporânea. Portanto, o fulcro é a homogeneização dos sentidos promovida pela teleficção brasileira quando, nelas, são apresentados ícones de beleza e comportamento com intuito de transformá-los em paradigmas e, assim, corporificá-los no cognitivo social, levando ao desejo e à fixação por determinadas condutas, nas quais não se tem estrutura cultural nem política.
Sabe-se que a teleficção produzida no Brasil nos últimos anos, especificamente, a partir da segunda metade da década de 90, perdeu seu fio estético-narrativo. Os autores e diretores passaram a atender às especulações do mercado, isto é, incluíram e ou deixaram espaços em suas tramas novelísticas para a publicidade, na qual os patrocinadores metaforicamente vendem seus produtos ao público, o qual, às vezes, se obriga a adquirir-los para se fazer reconhecido na/pela comunidade à qual pertence. Tem-se, pois, as publicidades de cosméticos e carros cujas mensagens têm públicos específicos.
Conforme afiançam os sociólogos e antropólogos contemporâneos, a Mídia, na atualidade, é o principal elemento de mediação sócio-cultural nos países latino-americanos, tendo na teleficção – novela – seu principal mecanismo homogeneizante das culturas, uma vez que todas as classes e sexos assistem a este programa.
A conglobação das culturas via teleficção é fruto de ações conjuntas entre o Estado e Instituições Privadas que promovem o alargamento das fronteiras dos desejos, isto é, as empresas de mídias, sobretudo, a televisão situam e expandem ideologias do mercado, em contrapartida elevam imagens e soberania dos governos. Para Barbero (2003, p. 141) isto acontece porque há uma substituição na qual se “possibilita a passagem da unidade de mercado à unidade política”, integrando de modo sistemático as culturas consumistas criadas pela teledramaturgia nacional.


Embora sejam recentes as preocupações da academia a respeito homogeneização da cultura novelística brasileira, no que se referem aos padrões de consumo ofertados através de merchandising nos intervalos dos capítulos diários dos folhetins, cuja mensagem publicitária tem levado à massificação de elementos culturais e, às vezes, ao resgate de princípios da cultura subalterna, transformando-os em produto da moda. (Veja-se, pois, o exemplo da personagem Bebel, de Paraíso Tropical, da rede Globo de Televisão, exibida de segunda a sábado às 21 horas, por meio da qual se vende padrões sócio-comportamentais a preços módicos a uma massa de espectadores incultos. Subliminarmente estão ai, intenções consumistas promovidas pelas imagens de espaços que, jamais serão ocupados pela maioria dos consumidores normais. Entretanto, estes construirão no seu imaginário modelos de consumo relativos aos apresentados na teleficção. Imagina-se, pois, que vários espectadores – homens – desejariam ser nem que fosse por um dia um Olavo da vida, ou uma espectadora ser uma Bebel nas calçadas da Copacabana – Rio, uma vez que a representação do espaço é legitimando pelas imagens e o glamour do Rio de Janeiro – Cidade Maravilhosa.

Dito isto, portanto, este trabalho se inscreve numa perspectiva de recensão teórica tanto dos objetos – teleficção nacional – quanto das discussões semiótica e sociológicas que permeiam a cultural televisiva do país.


* Comunicação a ser apresentada no I Encontro de Educação, Marxismo e Emancipação Humana no Território de Irecê, do DCHT, Câmpus XVI, Universidade do Estado da Bahia, Irecê – BA, de 19 a 21 de outubro 2007.
* Imagem captada na internete direto do sitio eletrônico www.diretodoestudio.globolog.com.br