sexta-feira, 13 de julho de 2007

OS ENTRETONS DA LINGUAGEM DA MÍDIA IMPRESSA

Este é um texto que não traz originalidade em sua temática. Porém, é declaradamente uma tentativa de organizar e discutir elementos teóricos acerca do discurso contemporâneo da mídia. Deste ponto de vista, mostrar que, sob o aparato da massificação, há ideologias implícitas na maneira como são informadas as notícias sobre o cotidiano da sociedade, bem como compreender as variabilidades dos textos conforme o enfoque dado pelo aparelho veiculador dos fatos. Com isso procurar-se-á por meio dos estudos destas variantes, a compreensão das categorias de sentido propostas pelas narrativas noticiosas, ponderando sobre a estrutura da linguagem, a montagem do discurso, bem como a interpretação do fato.

Desse modo faz-se importante a assunção do ato de interpretar os entretons da linguagem nos relatos da imprensa escrita, uma vez que, o ato de narrar tem sido mascarado pelo fato noticioso no qual a imagem (ilustração do texto) metamorfoseia o discurso, dando lhe várias facetas. É a partir da inferência de que “A interpretação produz uma espécie particular de discurso: o do comentário, o da crítica o da explicação de textos, etc.”[i], que vale a pena recorrer à gênese do verbo interpretar[ii], para, em seguida, pontuar os entretons que permeiam o discurso da mídia.
Sabe-se, pois, que ação midiática é fruto de um ato enunciativo no qual o enunciador interpreta um fato, estabelecendo uma relação discursiva em que a linguagem passa a ser difundida e corroborada pelas imagens e o contexto de onde se enuncia a notícia. Com isso, há intermediação por parte do canal onde a mensagem é veiculada, levando assim a duas instâncias críticas do discurso: repórter e leitor. Este último tem a função de apreciar a informação construindo para si significados conforme as qualidades e ideologias contidas na reportagem.

Espera-se que ao longo dos diálogos com os teóricos da área se estabeleçam conexões clarificadoras a respeito da práxis discursiva da mídia e o papel do ledor. Assim sendo, evidencia-se aqui a metodologia empregada neste trabalho, isto é, prioriza-se a atividade bibliográfica, para, em seguida, tratar das questões analíticas do corpus em discussão: textos da mídia impressa.

A mídia impressa contemporânea e, de certo modo imediatista, por isso supõe-se que por trás deste processo há assimilação da ideologia de mercado, ou seja, a notícia é o objeto de consumo nesse mercado onde a novidade declara o preço do produto, sem, contudo, estabelecer a idoneidade do produtor. “A novidade e a experimentação substituem os tradicionais padrões estéticos de harmonia e beleza narrativa da experiência vida in lócus, pois, valoriza-se a informação como mercadoria no mercado mídiatico[iii].” (grifo meu).
Notas
[i] Teixeira, Lucia. As cores do discurso: análise do discurso da crítica de arte. Niterói: EDUFF, 1996, p. 10.
[ii] Verbo latino interpretari, o fazer do interpretes. O significado inicial de interpres é ‘intermediário’, ‘negociante’, o que barganha preço’. Logo, conclui-se que o significado corrente de ‘interprete’, isto é, ‘ aquele que explica’.
[iii] TEIXEIRA, 1996, p. 10.

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