segunda-feira, 9 de julho de 2007


MÍDIA: FÁBRICA DE CONCESSO

É interessante notar que nas notícias reportadas, os locutores deixam no ar pensamentos subliminares e ambigüidades no discurso, isto é, infere-se nisto a existência da produção de sentidos lineares, através dos quais se deixam espaços para interpretações únicas. É comum ocorrer durante a transmissão do programa, por parte dos radialistas, opiniões com entonação grave, sugerindo na sua interpretação dos fatos reportados por eles, a verdade.
Com isso se criou no ouvinte, a crença de que as opiniões ali apresentadas e discutidas são as melhores e, portanto, ganham veracidade. Conforme se viu em depoimentos de ouvintes – tais discursos serão transcritos e analisado mais adiante. Antes, porém, apresentar-se-ão elementos da crítica social aos meios de comunicação de massa, conforme mostra Jonh B. Thompson em sua obra Ideologia e cultura moderna (1995).
Nas sociedades contemporâneas, sejam elas tecnológicas ou não, a mídia tornou-se o instrumento máximo para a manutenção e, por conseguinte, construção de novos elementos simbólicos de poder pelo estado e também pelos grupos que, direto ou indiretamente defendem interesses correlatos. Nesse curso, tais mass media estabelecem-se na comunidade a partir da reprodução de ideologias, às quais se relacionam elementos da linguagem, isto é, fala-se o discurso do povo, ou melhor, o que povo quer ouvir. Assim sendo, “[...] sua relação com a linguagem, com o poder e com o contexto social e as maneiras como a ideologia pode ser analisada e interpretada em casos específicos” (Thompson, 1995, p. 7).
A sociedade atual está baseada num continuum onde as formas simbólicas, sobretudo no universo da mídia de massa são, cada vez mais, fundamentais e crescentes, tanto do ponto de vista informativo quanto do ponto de vista da construção e manutenção de ideologias, independentemente, da localização geográfica.
Para Chomsky (2003, p. 15) isto ocorre porque é apenas uma questão lógica; aquele que tem o microfone tem acesso ao poder. Assim sendo, cabe aos radialistas, (classe especializada, homens críveis, entender decodificar e transmitir os interesses comuns da sociedade). Tem-se nisto, a incrível missão de conduzir “as massas estúpidas em direção a um mundo que elas são burras demais para entender por conta própria.” Chomsky, 2003, p. 16).
Chomsky apresenta firmeza no discurso, causando estranhamentos aos incautos, porém ele sabe do que está falando, uma vez que sua percepção de mídia de massa é fruto de observações nas práticas da imprensa norte-americana. Ademais, suas afirmações a este respeito contextualizam-se aqui, pois, temos nesse lócus um número expressivo de ouvintes que, infelizmente não dominam o código escrito, e tem como fonte de informação e contato com meio urbano o rádio o qual lhes possibilitam o acesso a notícias, embora estas sejam interpretações carregadas de subjetividades, sendo, portanto, passíveis de contestação.

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