sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

ENSINO-APRENDIZAGEM DE LE E A EDUCAÇÃO PROGRESSIVA DE PAULO FREIRE


Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprender ensina ao aprender. FREIRE

Resumo: Este texto nasce de inferências iniciais da leitura de Pedagogia da autonomia. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004, de Paulo Freire. Freire, na verdade, é na opinião da maioria dos educadores brasileiros o maior e, talvez, o mais humano dos intelectuais de sua época, pois dizia ele acreditar e gostar de “gentes”. Assim sendo, far-se-á um diálogo inicial com Freire à medida que se direciona as compreensões de sua pedagogia à práxis docente em LE nas escolas públicas, tendo com sujeito dessa reflexão, o estudante-estágiário.

Palavras-chave: Educação; Ensino-Aprendizagem de LE; Paulo Freire.


Este texto nasce de inferências iniciais da leitura de Pedagogia da autonomia. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004, de Paulo Freire. Na verdade, Freire é na opinião da maioria dos educadores brasileiros, o maior e, talvez, o mais humano dos intelectuais de sua época, pois dizia ele acreditar e gostar de “gentes”.
Acredita-se, antes de qualquer coisa que a obra de Freire é um legado e, portanto, conhecê-lo é uma obrigação. Dessa maneira, inicia-se aqui tal ideário, visando, com isso, entender os por quês de nossa sociedade ser tão complexa e desigual no que se refere aos problemas enfrentados pelos profissionais da educação para assegurar o acesso e a permanência dos sujeitos das classes subalternas à escola, lugar de aprendizado e relações entre mundo social, político e cultura de cada um dos atores educacionais.
Nesse viés, faz-se um recorte rápido para o ensino de línguas materna e estrangeira, destacando a LE, pois esta é considerada pela maiorias dos professores uma questão complexa, posto que os estudantes não se interessam muito pelos saberes possíveis de se adquirir à medida que se aprende uma segunda língua. Assim sendo, far-se-á um diálogo inicial com Freire à medida que se direciona as compreensões de sua pedagogia à práxis docente em LE nas escolas públicas, tendo com sujeito dessa reflexão, o estudante-estágiário.
Para Freire (2004, p. 38) “é fundamental na prática da formação docente, o aprendiz de educador assumir que o indispensável é pensar certo...” Ainda segundo Freire “é preciso, sobretudo, e ai já vai um destes saberes indispensáveis que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção.” (FREIRE, 2004, p. 22).
O ensino de língua coloca problemas específicos ao docente, de modo que sua resolução se dá de acordo com o lócus e sujeitos envolvidos na aprendizagem. Dessa maneira, o estudante-estágiário localiza-se diante de cada situação de ensino-aprendizagem requerido pela comunidade na qual ele pretende atuar com sujeito transformador da práxis existente.
Nesse sentido, o ensino de línguas estrangeiras é um dos domínios do vasto campo das ciências da linguagem que enfrenta, ainda hoje, um problema de identidade. Embora o PCN-LE deixe claro sua importância para o desenvolvimento sócio- lingüístico dos estudantes, uma vez que é a partir da aquisição de uma segunda língua que os aprendizes ampliam seus horizontes culturais nesse mundo contemporâneo cheio de diálogos entre as múltiplas linguagens das culturas globalizadas; ainda há resistência por parte do alunado das escolas públicas. Portanto, nas palavras de Freire, conforme seguem o estudante – estagiário que pretende atuar de maneira transformadora deve sempre levar em conta que:

Nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das emoções da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação. (FREIRE, 2004, p. 45).

Por isso é que, na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. (FREIRE, 2004, p. 39). Logo, o estudante-estágiário precisa se convencer de que sua ação pedagógica pauta-se na reflexão de que o ensino de LE nas escolas brasileiras tem enfrentado grandes dilemas, posto que se trate de uma disciplina na qual os saberes até então têm se pautado na transmissão do conhecimento gramatical, o qual vem sendo apresentado no ensino-aprendizagem de LE na atualidade como a principal maneira de se aprender LE.
Isso sem dúvida contraria o pensamento de Freire: “A força criadora do aprender de que fazem parte a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, a curiosidade não facilmente satisfeitas, que supera os efeitos negativos do falso ensinar. (FREIRE, 2004, p. 25). Isso ocorre segundo Freire (20004) numa perspectiva progressista de educação, na qual o aprendiz é levado a construir em conjunto os demais atores educacionais seus saberes. Nesse sentido há razões ideológicas que perfilam os saberes na sociedade contemporânea e os promovem ao status de segregação, posto que, o conhecimento quando se é imposto, logo ocorre à fissura dos sujeitos sociais que o realizaram.
Em realidade, é assim que tem sido a práxis dos professores de LE, sobremodo, nas escolas públicas brasileiras que, só recentemente, passou a receber livros didáticos de língua inglesa.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

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