sábado, 28 de julho de 2007

BOLHA DE SABÃO


BOLHÃO DE SABÃO
(Robério Pereira Barreto)

Por detrás do muro vejo a vida passar
Imaginando como seria viver do lado de lá
E como bolha de sabão que foge por cima do muro
Depois que escorre entre as mãos
Procuro a liberdade no azul interminável do céu.

Depois de alcançar o infinito desfaço-me no ar
E de mansinho retorno ao meu lar,
Enchendo os meus olhos de emoção,
Deixo parte de meu eu ir ao encontro do mar.

Depois de estar na presença de tão alta sensibilidade
Clamo em silêncio ao olimpo por um instante de liberdade,
Porque viver sem ela é estar numa bolha de sabão
De onde vejo tudo com boa impressão,
Mas ao rompê-la sinto-me sem noção da realidade.

Então, saio dessa pseudo-proteção
Para ver a vida do outro lado do muro
Onde há dores, gemidos em noite fria
E medo em meio ao escuro.

Por isso, receio às vezes em romper tal proteção
Porque sei que do lado de lá a morte está
Que aos pouco faço a minha consorte
E assim dividimos as feridas da falta de sorte.

Contudo, advenho daquele “que é antes de tudo um forte”
não lastimo o motivo que me levantou das terras do norte
para estar aqui e porque nunca contei muito com a sorte,
foi aí onde criei laços e montei meu leito de morte.

29 de agosto de 2006, 21h 33min

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