quinta-feira, 24 de setembro de 2009

AÇÃO E DISCURSO: UMA CONCEPÇÃO POLÍTICA

    Para Aristóteles a cidade é constituída a partir da associação e, como tal se forma acerca de algo e bens comuns. Assim sendo, no que se refere ao governo político e real, dizem que quando um homem governa só e com autoridade própria, o governo é real; e sendo, pelos termos da constituição do Estado, alternadamente, senhor e súdito, o governo é político. (ARISTÓTELES, 2006, p. 10).

    Nesse contexto, Hannah (2009) propõe que a díade "ação e discurso são as atividades políticas por excelência, diferença e igualdade são dois elementos constitutivos dos corpos políticos. (HANNAH, 2009, p. 109).

domingo, 20 de setembro de 2009

DISCURSIVIDADE E NOMADISMO NA WEB

A contemporaneidade tem sido marcada por divergências conceituais e teóricas entre os estudiosos das ciências humanas que, ao mesmo tempo em que a reconhece como os rompimentos das fronteiras fixadas detratam-na por ter em si elementos da modernidade ainda não terminada.

Nesse contínuo fluxo encontram-se e deslocam-se os conhecimentos em várias vertentes dentre as quais o discurso da ciência é posto em destaque devido à crise da hegemonia pretendida pela ciência moderna.

Por outro lado, uma nova ordem discursiva tem se instituído, isto é, na contemporaneidade há novos meios de propagação das ocorrências sociais, políticas, culturais e científicas.

Dentre estes se destaca a web que, com sua força motriz tem posto a baila a crise e a correlação de forças existentes entre “conhecimento cientifico e o conhecimento vulgar tenderá a desaparecer e a prática será o fazer e o dizer da filosofia da prática” (SANTOS, 2006, p.20).

Quanto à outra vertente do discurso, sobressai o saber, a da sua metodologia de transmissão, ou seja, o discurso acerca do saber tornou-se facilmente descrito à maneira pela qual tem prevalecido a mutação dos critérios que nomeia o desempenho, bem com aqueles que os afetam.

Assim se questiona: que tem autoridade para transmitir e legitimar as informações veiculadas na web? o que é transmitido e de que lugar nasce? a quem interessa tal produção? e de que forma é trasmitido? Nesse contexto de discursividade nômade e, sobretudo, potencial o mais provável é que se reconheça a presença e a legitimação dos experts em discursos, as mídias.


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

OS SIGNOS EM BARTHES & PEIRCE: A SEMIÓTICA NA MODA

Elis Caroline Nunes Rodrigues Santos 1

Ana Paula Maciel

Cíntia Sancho Paiva

Denise de Castro Dourado Ferreira Braga

Mara Batista Carvalho

Robério Pereira Barreto


 

Um signo é uma coisa que, além da espécie ingerida pelos sentidos, faz vir ao pensamento, por si mesma, qualquer outra coisa.

Santo Agostinho

Resumo:

O presente artigo faz um passeio semiótico nas visões de Barthes e Peirce mostrando o que é o signo para cada um deles e posteriormente fazendo um diálogo com a teoria semiótica na moda usando o corpo como fonte de legitimação.


 

Palavras-chave: Signo, Semiótica, Moda.


 

Reflexão sobre os fundamentos semânticos e semióticos

 
 

Tendo em vista o estudo das teorias do signo e suas significações em Bhartes e Peirce, faz-se necessária uma reflexão prévia sobre os fundamentos da Semântica e da Semiótica.

O método semiótico tem por conceito fundamental o estudo do signo que, conforme Saussure (2001) apresenta um primeiro elemento chamado significante, caracterizado não por sua natureza material, mas como a imagem acústica, a impressão psíquica do som, que pode desencadear outro fenômeno psico-semiológico, o significado, o segundo elemento constituinte do signo.

    Para Charles Sanders Peirce (2000), a semiótica é constituída em três níveis: o sintático, o semântico e o pragmático. O primeiro revela a relação que o signo tem com o seu interpretante, o segundo diz respeito à relação existente entre o signo e o seu referente (objeto) e o último se importa com a relação do signo com ele mesmo e com outros signos.

É perfeitamente perceptível que a sociedade atual organiza-se em torno de um grande e poderoso universo de signos, diga-se de passagem, bastante complexo. De igual modo, é também perceptível o estado absoluto em que se portam a linguagem humana e seus signos de valor incondicional. Conforme Barthes (1991), nenhum outro sistema com a mesma complexidade e grandeza foi observado em nosso espaço e tempo.

    Dada a complexidade da linguagem humana, seus signos e respectivas significações, Barthes, além de definir a semiótica como sendo a ciência que se ocupa do estudo de qualquer sistema de signo, considerando suas substâncias e/ou limites, também refuta Saussure, quando diz que: "A Lingüística não é uma parte, mesmo privilegiada, da ciência dos signos: a Semiologia é que é uma parte da Lingüística; mais precisamente, a parte que se encarregaria das grandes unidades significantes do discurso" (BARTHES, 1991, p. 13).

    Embora acreditando que possa ser muito maior o universo do método semiológico, tomaremos como suporte os elementos de Roland Barthes, como sendo bastantes, a priori, para subtraírem da Lingüística cada uma das substâncias básicas e necessárias "para permitir a preparação da pesquisa semiológica" (BARTHES, 1991, p. 13). Os Elementos de Semiologia foram agrupados por Barthes da seguinte maneira: I. Língua e Fala; II. Significante e Significado; III. Sintagma e Sistema e IV. Denotação e Conotação.

    Assim sendo, torna-se possível perceber que o referido método de análise semiótica é binário e trabalha com a idéia dicotômica dos elementos que, aparentemente distintos, completam-se para formar o todo discursivo, dada a natureza dialética existente entre eles.

     

O Signo

É possível dizer que qualquer objeto, som, palavra capaz de representar outra coisa constitui signo. Na vida moderna, todos nós dependemos do signo para vivermos e interagirmos com o meio no qual estamos inseridos. Para o homem comum, a noção de signo e suas relações não são importantes do ponto de vista teórico, mas ele os entende de maneira prática e precisa. A utilidade do signo vai além do que imaginamos: ao dirigirmos, por exemplo, precisamos constantemente ler e analisar discursos transmitidos pelas placas de trânsito, pelas luzes do semáforo, pelas reações do veículo ao meio ambiente etc. O homem intelectualizado não vive sem o signo, precisa dele para entender o mundo, a si mesmo e às pessoas com as quais mantém relações humanas. As noções de signo são muito mais amplas e discutíveis do que podemos imaginar.


 

O signo em Roland Barthes

     

    Inicialmente, para Barthes, o signo é composto de um significante e de um significado, conforme prenunciou Saussure, e ele acrescentam que "o plano dos significantes constitui o plano de expressão e o dos significados o plano de conteúdo" (BARTHES, 1991, p. 43).

Barthes (1991) define o significado como a representação psíquica de uma "coisa" e não a "coisa" em si. Para fundamentar isso ele retoma Saussure, que este chamou primeiramente o significado de conceito, reconhecendo aí o valor psíquico que ele intrinsecamente carrega. Para clarear ainda mais o raciocínio de Barthes, tomaremos como exemplo da figura de uma bola:


 


 

A figura da bola de fato não é uma bola. A mente pode trair os que não lêem os signos como devem ser lidos. O significado da palavra bola não é o objeto bola, mas a representação gráfica do objeto, sua imagem psíquica. O significado expresso da figura pode ser lido e segmentado de várias maneiras, conforme as diferenças culturais de um dado leitor. Com base nisso, tomaremos Barthes novamente quando diz que "vários corpos de significados podem coexistir num mesmo indivíduo, determinando, em cada um, leituras mais ou menos 'profundas'". (BARTHES, 1991, p. 47).

Para Barthes (1991), o significante pode ser analisado com as mesmas observações que ele coloca para o significado, apenas com a diferença de ser o significante um elemento mediador que se comporta como gerador, ou seja, materializador da figura do objeto, o significado.

Por fim, Barthes diz que "a significação pode ser concebida como um processo; é o ato que une o significante e o significado, ato cujo produto é o signo" (BHARTES, 1991, p. 52). A significação, como elo de ligação entre o significante e o significado, não constitui uma teoria nova, ou seja, quando Barthes discute o assunto embasa-se em autores que o discutiram anteriormente, a exemplo de Hjelmslev, Lacan, etc.

    Assim como o significado é o conceito do signo e o significante a sua representação acústica, a significação é, em tese, o fator psico-sindético entre eles. Todo significante pode ter o seu significado prognosticado, de modo falso e/ou verdadeiro; todavia, isso não pode constituir exatidão, pois a perfeita relação entre o significante e o significado só será verificada em parte pelo contexto, em parte porque outros fatores deverão ser levados em conta, tais como as relações extralingüísticas espaço/tempo e sintonia entre interlocutores. 

Podemos dizer que a significação é o elo de ligação entre o significante e o significado, ou que a significação é a fusão do significante ao significado por meio de um contexto bem definido.

 
 

O signo tricotômico de Peirce

 
 

O signo e suas relações triádicas

 
 

    Para Peirce: "Um signo, ou representâmen, é aquilo que, sob certo aspecto ou modo, representa algo para alguém." (PEIRCE, 2000, p. 46)

    A teoria do signo em Peirce é uma renovação de tudo o quanto já foi discutido e teorizado em relação ao assunto. A idéia do signo pelo signo e do significante que tem um certo significado fica obsoleta quando Peirce analisa o representâmen segundo as suas relações triádicas: o representâmen, o objeto e o interpretante.

    Conforme Peirce (2000), o representâmen é o signo primeiro, pode-se dizer que é o signo como tal, o objeto é a representação do signo e o interpretante a consciência intérprete do signo, ou seja, o seu significado. Todo signo gera um outro signo fruto da mente e é isto que Peirce chama de interpretante.

    

A primeira tricotomia do signo

 
 

Peirce divide o estudo dos signos em ramos diferentes para fins de análise: a primeira tricotomia trata do signo em si mesmo, a segunda refere-se às relações que o signo tem com o seu objeto e a terceira apresenta as relações entre o signo e o seu interpretante.

A primeira tricotomia é aquela em que o signo funciona com referência ao meio e está dividida seqüencialmente em três partes chamadas por Peirce de quali-signo, sin-signo e legi-signo.

O quali-signo (qualidade), segundo Peirce (2000), refere-se aos aspetos qualitativos do signo. Cada estado material do signo ou cada fenômeno, que nele tem a função de apresentar um caráter, é um quali-signo. Quando mudamos a dimensão, a cor, o volume de um dado signo, o quali-signo nunca é o mesmo, o que podemos deduzir: com a mudança de um quali-signo, o signo sofre alterações e passa a ser um signo novo, ou seja, semelhante ao primeiro e não ele mesmo. Para clarear, tomemos como exemplo as cores: o preto, na maioria das vezes, indica luto, assim como o branco representa a paz. O quali-signo possui aspetos sensoriais, pois pode ser percebido gustativa, olfativa, tátil, auditiva e visualmente. Vejamos um outro exemplo: uma maçã vermelha e aparentemente cheia de viço é um fruto próprio para o consumo; já a mesma maçã murcha e de tonalidade escurecida não deixa de ser maçã, mas é uma maçã podre e imprópria para o consumo. Este fenômeno pode ser percebido olfativa e visualmente.

O sin-signo (singularidade) está, conforme Peirce (2000), relacionado com a permanência do signo no espaço e no tempo. Todo signo é particular, é autônomo, porque goza de leis próprias para a sua organização e potencial de significação.

    O legi-signo
(lei), em Peirce, é o signo empregado consoante as normas que o regem. Trata-se da convenção do signo num dado tempo e espaço. Os signos são usados segundo as normas, por exemplo, as letras do alfabeto de uma língua, as palavras de uma língua, os sinais de trânsito, os graus dos termômetros, etc.

    

A segunda tricotomia do signo


 

Na sua segunda tricotomia, Peirce apresenta o signo que pode ser denominado como ícone, índice ou símbolo

 O ícone segundo Peirce "é um signo que se refere ao objeto que denota apenas em virtude de seus caracteres próprios, caracteres que ele igualmente possui quer um tal objeto realmente exista ou não" (PEIRCE, 2000, p. 52). A palavra ícone vem do grego e quer dizer imagem, por isso, quando representamos algo por meio de uma imagem (desenho), estamos utilizando um ícone. Como exemplo, podemos tomar certas placas de trânsito icônicas, ou seja, aquelas que representam travessia de pedestres (um homem estilizado dando um passo a frete).

O índice, conforme Peirce, "é um signo que se refere ao objeto que denota em virtude de ser realmente afetado por esse objeto" . (PEIRCE, 2000, p. 52) O índice é, portanto, um signo de referência a um dado objeto e/ou objetivo. Um bom exemplo disso é o dedo indicador da mão que é usado para fazer uma referência direta a alguém ou a alguma coisa. Trata-se da indicação de um caminho no espaço e no tempo. O marcador de páginas de um livro é o indicativo da página em que você parou de ler ou marcou para encontrar algo importante, isto é um índice. O índice de uma dada obra é o indicativo dos conteúdos e as páginas em que estão. No tempo, como índices referenciais, podemos fazer menção à importância que têm as datas em relação aos acontecimentos: 22 de abril de 1500 é um índice em relação ao descobrimento do Brasil pelos portugueses.

O símbolo para Peirce "é um signo que se refere ao objeto que denota em virtude de uma lei, normalmente uma associação de idéias gerais que opera no sentido de fazer com que o símbolo seja interpretado como se referindo àquele objeto" (PEIRCE, 2000, p. 52). Vezes e vezes, o objeto não parece com sua representação; a associação do signo ao objeto geralmente é instituída ao longo do tempo, por meio de uma assimilação cultural. Numa rodovia, o motorista, ao ler uma placa de indicação viária, está fazendo a leitura de um índice, mas se ao lado da placa for vista por ele uma cruz, estará fazendo a leitura de um símbolo. A cruz está simbolicamente relacionada à morte. O motorista poderá entender que naquele lugar ocorreu uma morte.

 
 

A terceira tricotomia do signo

 
 

A terceira tricotomia de Peirce diz respeito ao interpretante. Todo signo está para um objeto, assim como todo objeto está interpretante para um intérprete. A última das três tricotomias está em Peirce dividida da seguinte forma: rema, dicente e argumento.

Em Peirce, um "rema (signo singular) é um signo que, para seu interpretante, é um signo de possibilidade qualitativa, ou seja, é entendido como representando esta e aquela espécie de objeto possível" (PEIRCE, 2000, p. 43). Como elemento clareador do rema, podemos dizer que na frase As rosas são vermelhas, o predicativo – são vermelhas – é um rema, pois trata-se da interpretação que o intérprete faz de uma qualidade singular do signo.

Ainda para Peirce, "um signo dicente é um signo que, para seu interpretante, é um signo de existência real" (PEIRCE, 2000, p. 52). O dicente é uma proposição, trata-se de um signo que provoca e desperta uma reação crítica no intérprete. Por fim, pode-se dizer que é a interpretação particular do leitor de um signo, seja ela negativa, seja positiva. Com base nas afirmações anteriores, ainda podemos dizer que uma cerca é um signo dicente, pois ela indica que o transeunte não pode passar daquele ponto. Já uma porta aberta pode ser um convite, ou quem sabe uma armadilha.

Por fim, Peirce apresenta e define o último elemento de sua terceira tricotomia: "Argumento é um signo que, para seu interpretante é signo de lei" (PEIRCE, 2000, p. 53). O argumento é o juízo verdadeiro que o interpretante faz do signo, portanto se dissermos que um elemento "E" é igual a soma de um elemento "X" mais um elemento "Y", ou seja, (E = X + Y), estamos construindo um signo argumento, porque podemos dizer que a soma de X mais Y é igual a E, ou seja, (X.+ Y = E). Com isso, é possível perceber que o argumento que expressa verdades, ou juízos verdadeiros. É possível construir o seguinte exemplo: Pedro está com uma doença "A"; Pedro morrerá porque a doença é mortal e não possui cura. De posse destas informações, podemos deduzir que todas as pessoas com a mesma doença "A" morrerão, porque ela é mortal. Peirce ainda diz: "Um argumento é um signo cujo interpretante representa seu objeto como sendo um signo ulterior através de uma lei, a saber, a lei segundo a qual a passagem dessas premissas para essas conclusões tende a ser verdadeira" (PEIRCE, 2000, p. 57).

A Semiótica na Moda

De acordo com Lúcia Santaella "o estudo da linguagem e dos signos é muito antigo. A preocupação com os problemas da linguagem começam na Grécia. A semiótica implícita compreende todas as investigações sobre a natureza dos signos, da significação e da comunicação, é uma semiótica explícita quando a ciência semiótica propriamente dita começou a se desenvolver" (SANTAELLA, 2002, p. 22).

Para Peirce "a semiótica não é uma ciência especial ou especializada, como são as ciências especiais, a física, a química, a biologia, a sociologia, a economia, etc., quer dizer, ciências que têm um objeto de estudo delimitado e de cujas teorias podem ser extraídas ferramentas empíricas para serem utilizadas em pesquisas aplicadas" (PEIRCE, 1995, p. 5).

A noção de signo é básica na lingüística. Signo é a menor unidade de um código dado. As famílias de signos não cessam de se multiplicar pelo planeta.

O desenvolvimento a partir de raízes estruturalistas foi evidente nos trabalhos de Roland Barthes (1915-1980). Ele foi um estruturalista e propagou o programa semiológico de Saussure. No quadro do paradigma estruturalista atingiu o clímax com o seu sistema da Moda (1967).

Abordando a cultura de massa Barthes analisou e encontrou a chave para as primeiras análises semióticas. Definiu o signo como um sistema constituído de E, uma expressão R em relação e C um conteúdo (ERC).

Tal sistema sígnico primário pode se tornar um elemento de um sistema sígnico mais amplo. Se a extensão é de conteúdo, o signo primário se torna a expressão de um sistema sígnico secundário. Neste caso, o signo primário é de semiótica denotativa, enquanto o signo secundário é de semiótica conotativa.

Na crítica literária e cultural, Barthes empregou o conceito de semiótica conotativa para revelar as mais diversas significações ocultas em textos. No seu estudo Mitologias, ele definiu tais sistemas de significações secundárias como mitos. Os meios de comunicação de massa criam mitologias e ideologias como sistemas conotativos. No nível conotativo, ele esconde significações secundárias e ideológicas e no denotativo elas expressam significações primárias "naturais".

Para Barthes, "o mito é sempre uma linguagem roubada" (BARTHES, 1993, p. 131).
Para J. Lotman, "a arte e a cultura em geral são consideradas como sistemas de modelagem secundárias" (LOTMAN, 1979, p. 7).
Para Pierce, é um significado, que aparece como resultado de um acordo interpretativo dos intérpretes do signo.

Barthes vê uma nova abordagem de semiologia ou a nova mitologia, já não será capaz de separar tão facilmente o significante do significado, o ideológico do fraseológico.

 Uma imagem vale mais do que mil palavras

A teoria semiótica nos habilita a penetrar no movimento interno das mensagens, o que nos dá a possibilidade de empreender os procedimentos e recursos empregados nas palavras, imagens, diagramas, sons, nas relações entre elas, permitindo a análise das mensagens.

As mensagens podem ser analisadas em si mesmas, nas suas propriedades internas, quer dizer, nos seus aspectos qualitativos, sensórios, tais como, na linguagem visual, por exemplo, as cores, linhas, formas, volumes, movimento, dinâmica, quando, em terminologia semiótica, analisa-se os quali-signos das mensagens.

Para Embacher, citado por Maria Luiza Feitosa "o vestuário participa da constituição da identidade e é por ela constituído, e verifica também a possibilidade do indivíduo, ao construir seu próprio estilo, ser capaz de tornar-se representante de si mesmo, criando uma identidade, que articula as igualdades e as diferenças que constituem e são constituídas pela história desse mesmo indivíduo"
(FEITOSA, 2003)

.     Isto porque, "a grande realização humana na conquista da identidade pessoal é conseguir adequar os papéis sociais que é obrigada a desempenhar, à capacidade de pautar essa identidade pelo seu desejo."
(Idem, Ibidem)

E sintetiza mostrando ser esta situação "uma autonomia que emancipa o sujeito proporcionando-lhe, entre outras coisas, um estilo próprio de vestir. Um estilo capaz de expressar o que ele está–sendo e o que ele é sem-estar-sendo, coerente com o movimento contínuo de concretização que lhe permite ser representante de si, com autonomia, na busca da mesmidade."  (Idem, Ibidem)

Ana Paula Celso de Miranda e Maria Carolina Garcia, afirmam que "atitudes levam as pessoas a gostarem ou não das coisas, aproximarem-se ou afastarem-se delas. Esses gostos e desgostos são chamados atitudes."
(MIRANDA e GRACIA, 2003)

Estas mesmas autoras, citando Eco, afirmam que "sendo a moda símbolo na essência, parece certo afirmar que à ela se aplica perfeitamente transferência de significados, visando a comunicação integrante de sociedades, onde tudo comunica, sendo assim, o vestuário é comunicação."
(MIRANDA, e GARCIA, 2003)

O indivíduo possui tendência psicológica a imitação e proporciona a satisfação de não estar sozinho. Imitar não só transfere a atividade criativa, mas responsabilidade sobre a ação dele para o outro. A necessidade de imitação vem da necessidade de similaridade. Daí a moda é a imitação de modelo estabelecido que satisfaça a demanda por adaptação social, diferenciação e mudança, que é adotada por um grupo social.

A moda, dentre outras, possui, duas vertentes singulares: uma é a individualidade e a outra a necessidade de integração social. Salomon, a nós trazido por Ana Paula Celso de Miranda e Maria Carolina Garcia ensina que "moda é processo muito complexo que opera níveis. Em um extremo, está o macro, fenômeno que afeta muitas pessoas simultaneamente, ela exerce efeito muito pessoal no comportamento individual. As decisões de compra do consumidor freqüentemente motivadas pelo desejo de estar na moda." (MIRANDA e GARCIA, 2003)

As mencionadas autoras, agora com substrato em Freyre registram que "a moda se impõe (...) é a pressão, sobre esse gosto de um consenso coletivo." (MIRANDA e GARCIA, 2003)

Dos muitos símbolos e expressões, a roupa é uma das mais importantes linguagens não verbalizadas do "eu" que passa de controle social. Por ela as pessoas procuram comunicar para os outros, esta percepção de si, que demandam a integração social mediante o que é culturalmente aceito. A moda é um dispositivo social, portanto o comportamento orientado pela moda é fenômeno do comportamento humano generalizado e está presente na sua interação com o mundo. Nesse sentido afirma Baudrillard que "se modernidade define-se pela hegemonia do código, a moda, enquanto dimensão total dos signos é sua instância emblemática. A moda constitui uma ruptura profunda no pensamento discursivo, mergulhando-o na irreverência absoluta, ela desarticula o esquema tradicional da representação". (BAUDRILLARD, 1996). Que nos impõe profundamente à moda é a ruptura com uma ordem imaginária: a da Razão sobre a todas as formas...

Os modelos regem o campo da moda. Existe, uma diferença fundamental entre a função totalizante da moda na modernidade e a função do ritual na ordem primitiva, à qual escapa o efeito estético da ostentação pelos signos que caracteriza o sistema da moda. A moda assume diante da funcionalidade econômica o aspecto de festa e de gratuidade. Exerce uma fascínio que advém dos aspectos de inutilidade e de arbitrariedade que lhes são próprios.

O sistema da moda é paradoxal e enquanto código absoluto ela está acima de qualquer valor. O design na moda nos possibilita entender a semiótica, que é como uma embalagem, um rótulo que é utilizado na moda para despertar sensações. São elementos comuns do design: o brilho, que são sinais visuais, que pontilham a rastro da roupa. Esse rastro marca com uma clareza a oposição entre brilho e não–brilho. Essa opção marcante entre duas qualidades, a de brilhar e a de não-brilhar dá essa alternativa uma predominância qualitativa e icônica.

Para Santaella o signo está apto a provocar em um intérprete sentimentos, isto é, um interpretante emocional. Ícones tendem a produzir esse tipo de interpretante com mais intensidade. Os interpretantes emocionais estão sempre presentes em quaisquer interpretações, mesmo quando não nos damos conta deles. (SANTAELLA, 2002, p. 24)

As palavras também se relacionam com as imagens, predominando também a complementaridade. Quer dizer, as mensagens são organizadas de modo que o visual seja capaz de transmitir a informação. Os padrões são especificados pelas diferentes cores, diferentes matizes, diferentes desenhos, que as roupas trazem formando assim uma distinção de padrões dentro da moda.

Padrões esses que dizem respeitos aos elementos culturais, as convenções de época que a moda incorpora. Os elementos culturais e convenções só  funcionam  simbolicamente  para  um interpretante. Dependendo do tipo de intérprete, dependendo especialmente do repertório cultural que o intérprete internalizou, alguns significados simbólicos se atualizarão, outros não.

A moda atende cegamente aos ditames do consumo. Se uma imagem é um bom produto, se vende bem, essa imagem será perseguida sem tréguas e sem limites.

A conclusão a que se chega é no sentido de que emoções são signos e, como tais a moda nos causa emoções. Nesse ponto, o caminho parece estar aberto para a nossa análise semiótica da moda como uma emoção, em pecado emocional que é um signo.

Qualquer signo, todo signo, mesmo um signo mental, deve estar corporificado. Estando corporificado, o signo tem qualidades materiais que lhe são peculiares como uma entidade ou evento que ele é, independente de sua função representativa.

Em conclusão, citam-se Barthes, para quem "o signo é, pois, composto de um significante e um significado. O plano dos significantes constitui o plano de expressão e dos significados o plano de conteúdo". (BARTHES, 1997, p. 43).


 

Referências:

BARTHES, Roland. Aula. São Paulo: Cultrix, 1978

___________. Elementos de semiologia. 17ª ed. São Paulo: Cultrix, 1997

___________. O sistema da moda. São Paulo: Nacional, 1979

___________. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1993.

BAUDRILLARD, Jean. A troca semiótica e morte. São Paulo: Loyola. 1996.

LOTMAN, I. M. et al. Semiótica de la cultura Madri: Cátedra, 1979.

MIRANDA, Ana Paula Celso de. e GARCIA, Maria Carolina. Influenciadores e hábitos de mídia no comportamento do consumo de moda – parte 3.
Disponível em
www.recmoda.com.br/bazar/008.html
.


 

PEIRCE, Charles S. Semiótica. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2000.


 

PEIRCE, Charles S. Semiótica e Filosofia. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993.

SANTAELLA, Lúcia. Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. 30. ed. São Paulo: Cultrix. 2001.

SOUZA, Maria Luiza Feitosa de. Resenha sobre o livro: Moda e identidade – a construção de um estilo próprio – Airton Embacher – Anhembi Morumbi, publicado no Jornal da Tarde – julho de 1999. Disponível em: www.pucsp.br/pos/cos/moda/resenhal.htm.

WEBLOG: DA NARRATIVA AUTO-REFERENTE AO DESLOCAMENTO DA INTIMIDADE

    A contemporaneidade é caracterizada pela presença contínua de tecnologias digitais e, estas por sua vez imbricadas aos princípios da informática, possibilitaram ao longo dos últimos 50 anos a presentificação das tecnologias de informação e comunicação – TIC assumirem um lugar de destaque no cotidiano das pessoas, pois há quem as assumam como meio de interação social e, portanto, expõem-se publicamente por meio de jogos linguagem e imagens que, por meios deles se expressam intimamente, vindo desse modo deixar às claras o deslocamento de sua intimidade.

    Obstante à auto-referencialidade veiculada por meio da escrita postada no weblog, no qual, por seu turno, o diálogo caracteriza-se como ato comunicacional assíncrono, visto que o interlocutor não está presente na cena enunciativa à produção de relatos. Mais tarde pode haver a leitura da exposição e, por conseguinte, o retorno por meio de comentários, podendo estes, serem apologéticos ou contrários ao que foi exposto web.

    É nesse imbricamento que este texto se localiza, ou seja, vai-se à ancoragem da discussão por meio da observação - estudo de caso –, delimitando como objeto de estudo e, conseqüente análise, as narrativas auto-refenciais, extraídas de blogs postados no site www.blogger.com e que tenham em seus escritos, relatos com essa característica.

    Com efeito, proceder-se-á ainda a leitura e interpretação de filmes com essa natureza que, por ventura estejam postados nesse espaço, visando com isso à compreensão de como os sujeitos do ciberespaço mostram-se e querem ser vistos.

    Nesse mister busca-se ancoragem teórica nos pressupostos sobre o tema apresentados por Lemos (2003); Sibilia (2002), Recuero (2009), visto que ambos apontam em seus estudos possibilidades com as quais os cibernautas freqüentadores desse espaço cibernético promovem e deslocam o conceito de intimidade, partindo de uma nova ética social, as relações sociais públicas na web.


 

domingo, 13 de setembro de 2009

O SILÊNCIO E A REIFICAÇÃO DO CORPO FEMININO

Este trabalho tem como objetivo visualizar o silêncio e a reificação do corpo feminino, em 234 contos – Dalton Trevisan -, buscando destacar o poder masculino empreendido no discurso direto dos personagens masculinos
Escrever sobre o silêncio é uma tarefa que apresenta de imediato dificuldades, sobretudo, quando a escrita está relacionada com o texto literário, sendo que a linguagem literária, sustenta-se num sistema semiótico secundário, o qual busca afirmação para o significante no sistema lingüístico. Logo, é licito dizer que é a partir desse entendimento que se constrói os discursos literários numa perspectiva de conotação. Se entendermos que o silêncio, também é um tipo de expressão/discurso e que tem certo grau de conotação, sem dúvida, a contribuição de Lefebvre sobre o conceito de conotação corrobora de maneira magistral para a compreensão das nuances que subjazem o silêncio que torna o corpo feminino das personagens de Trevisan algo reificado no texto literário.
Uma verdadeira conotação só se manifesta quando a palavra é empregada precisamente por oposição à palavra corrente’flingue’ é calão e reenvia, por isso, a um certo meio social. Parece, pois, que o termo conotação deve ser reservado para sentidos de uma palavra ou de uma expressão que podem existir virtualmente na experiência que temos da coisa designada por essa palavra, ou nas associações que nascem do uso que se faz dessa palavra (ou expressão) na linguagem em geral, ma que só se actualizam pelo seu emprego particular num certo discurso. A conotação é um sentido que só advém à palavra numa dada situação e por referência a um certo contexto (de linguagem ou vivido) .
Dessa maneira, convém deixar claro que, tomo o silencio como uma forma de discurso que, certamente provoca reflexão, de qualquer maneira, crê que seja interessante dizer já de imediato que a premissa básica para o desenvolvimento desse trabalho é a observação das marcas que o silencio deixa no discurso do texto literário moderno. Todavia, convém afirmar que tal procedimento será realizado a partir da análise dos contos de 234, de Dalton Trevisan, que em seu bojo tem uma série de expressões discursivas que conotam ideologias que não são completadas pela linguagem verbal.
“há uma dimensão do silêncio que remete ao caráter de incompletude da linguagem: todo dizer é uma relação fundamental como não dizer. O silêncio é assim a “respiração” (o fôlego) da significação; um lugar de recuo necessário para que se possa significar, para que o sentido faça sentido. Reduto do possível, do múltiplo, o silêncio abre espaço para o que não é “um”, para o que permite o movimento. O silêncio como horizonte, como iminência do sentido...” (ORLANDI, 1997, 12-13).
As relações discursivas criadas na narrativa de ficção contemporâneas têm movimentado uma série de estudos, despertando assim o interesse da crítica e dos estudiosos. Todavia, isso não é gratuito, pois os debates atinentes, a questão sígnica do silencio no discurso literário, tem de tal modo considerado esta marca lingüística como uma forma de expressão.
No plano lingüístico, este evento leva-nos a velha polêmica da filiação teórica, isto é, o signo lingüístico é interpretado de maneiras diferentes, de forma que a Semiótica e a Analise do Discurso tem realizado ações conflitivas quando das observações das marcas que configuram o silencio. Se aceitarmos a idéia de que a teoria da análise do discurso, certamente parte para o porto que leva a inferência de que somos resultado dos discursos apreendidos ao longo de nossa existência, em contrapartida temos a Semiótica e o Estruturalismo Lingüístico que nos remete ao pensamento de que todo signo tem uma função ideologia, estando implícita ou não na construção discursiva.
Entendendo que este estudo deve pauta-se numa teoria, elegemos para tal fim a teoria de Bakhtin, destacando a linha que dá conta da interação verbal, cujo cerne é o pensamento filosófico - linguístico que liga os discursos literários.
Este trabalho visa argumentar e colocar em discussão alguns pontos que marcam o processo narrativo de Dalton Trevisan, de maneira que a eleição da obra 234, dar-se em virtude da configuração do espaço discursivo empreendido na narrativa, de tal maneira que o autor realiza o discurso em uma linha seqüencial, possibilitando assim a diluição do silencio num contexto altamente contrastivo, isto é, de um lado a cultura machista – poderosa, imponente - de outro a feminina, submissa e quase imperceptível na fala do narrador, concretizando assim o pensamento bahktiniano que afirma:
“O subjetivismo individualista apóia-se também sobre a enunciação monológica como ponto de partida da sua reflexão sobre a língua. É verdade que seus representantes não abordaram a enunciação monológica do ponto de vista do filólogo de compreensão passiva, mas sim de dentro, do ponto de vista da pessoa que fala, exprimindo-se.
Assim sendo, busca-se sustentação teórica nas observações dos estudos semiológicos realizados pelos membros do círculo de Bakhtin, o que conseqüentemente, levará aos estudos da análise do discurso, pois o texto de Trevisan está carregado de símbolos, inclusive o silêncio, que está configurado nas marcas lingüísticas. Dessa maneira, é lícito que se transite também nas idéias de Roland Barthes y Pêcheux, que certamente nos orientará sobre os processos lingüísticos que subjazem a questão do silencio no discurso literário.
Entende-se que o silêncio é uma forma de expressão, de modo que o discurso empreendido por Trevisan na obra em questão, situa-se num ponto nefrálgico deste trabalho, de tal maneira que o texto em estudos está repleto de pontos em que se apresenta a submissão da mulher. Com efeito, registra-se isso com maior vigor nos contos em que as personagens femininas ouvem os discursos dos personagens masculinas sem fazer contestação.
No plano filosófico e, sobretudo, ideológico da linguagem Bakhtin (1997:31-38) corrobora ao afirma que “um produto ideológico faz parte de uma realidade (natural ou social) como todo corpo físico, instrumento de produção ou produto de consumo; mas, ao contrário destes, ele também reflete e refrata outra realidade, que lhe é exterior. Tudo que é ideológico possui um significado e remete a algo situado fora de si mesmo. [...] tudo que é ideológico é um signo. Sem signo não existe ideologia.”
Neste caso, é possível perceber que o silêncio em um discurso carregado de pausa como o existente em 234 leva-nos a inferir que tal atitude narrativa é uma forma ideológica, em que está implícito todo poder de uma cultura baseada nos mandamentos machistas. Todavia, as personagens femininas agem de maneira silenciosa, possibilitando uma ação dissimulada dos episódios que estão presentes na estrutura discursiva dos personagens masculinas.
Partindo de um pressuposto filosófico, sobretudo no que se refere ao processo condenativo empreendido pelos personagens masculinos contras as femininas dos contos em estudos, poder-se-ia dizer que Foucault (1987), estabelece este tipo de castigo como sendo o resultado de um no código corretivo, no qual “as punições estão menos diretamente físicas, certa discrição na arte de fazer sofrer, um arranjo de sofrimento mais sutis, mais velados e despojados de ostentanção.”
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BACCEGA, Aparecida Maria. Palavra e discurso: história e literatura. 2. ed. São Paulo, Ática, 2000.
FOUCAULT, M. História da sexualidade I: vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1990.
LEFEBVE, Jean-Maurice. Estrutura do discurso da poesia e da narrativa. Coimbra, Livraria Almedina, 1980.
ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 4. ed. Campinas, Editora da UNICAMP, 1997.
TREVISAN, Dalton. 234 contos, Rio de Janeiro: Record, 1997.
WALDMAN, Berta. Do vampiro ao cafajeste: uma leitura da obra de Dalton Trevisan. 2. ed., São Paulo, Hucitec, 1989.

OLHOS QUE NOS FAZEM DESEJAR: HIPERMÍDIA

Pensar a posição do homem contemporâneo ante ao universo de informação via imagem é, sobretudo, recordar o nascimento das tecnologias inteligentes criadas nos séculos precedentes à era da comunicação eletrônica, a qual revolucionou a pragmática da comunicação moderna. Com isso, Pierre Lévy conduz nosso pensamento àquilo que chama de terceiro pólo do espírito, isto é, o pólo informático-mediático.
Nesse nível de comunicação, segundo o filosofo francês, isso acontece numa espécie de continuum em que vontades e desejos são compartilhados por mensagens a partir das imagens elaboradas e veiculadas no hipertexto; TV onde os diálogos são formatados por meio de imagens, criando dessa maneira no cognitivo do leitor-espectador, imaginações e fetiches (o que aparece na mídia, especialmente na TV existe, posto que ao contrário não acontece.).
Diante disso, “atores da comunicação conectados a uma rede, dividindo um mesmo hipertexto, numa relação totalmente nova com os conceitos de contexto, de espaço e de tempo das mensagens.” São, aqui o que veremos como noção cronológica normalmente empregada para delimitar o tempo do discurso, seja verbal ou visual é contestada. Assim Lévy nos assegura a existência da velocidade pura, pois as barreiras do tempo linear das narrativas são quebradas graças a “pluralidade de devires imediatos” trazidos pelas imagens que, instantaneamente levam o leitor-usuário a desejar e escolher a melhor imagem que a priori preenche suas necessidades imediatas.
A hipermídia é, portanto, olhos que fazem o leitor desejar e, talvez trazer à tona suas fantasias e imaginações. Para Boff esse acontecimento é a transformação em que todos desejam passar, ou seja, os espectadores sonham em se transforma em seres importantes a partir da inserção de sua imagem na hipermídia a tal ponto de verem suas identidades modificadas.
A imagem segundo o teólogo, na sociedade contemporânea ganha status de identidade e afirma: “E a identidade de uma pessoa é mais e mais a imagem que se projeta dela para os outros e menos o que ela é em si mesma em sua profundidade, em sua dialogaçao consigo e com seu universo interior e exterior. Ou se participa efetivamente desse tipo de sociedade-espetáculo, sendo um ator real, ou se participa pelo imaginário e pela imagem.” Como exemplificação do que mostrar Boff, historicamente Orwell apresentou em seu livro 1984 a sociedade do espetáculo que, segundo o ambiente da narrativa era a sociedade soviética que vivia o caos das perseguições da política arbitrária do comunismo. Atualmente, em versão pós-moderna eis que a TV Globo nos últimos cinco anos vem apresentando e construindo identidades em seu reality Show Big Brother Brasil, no qual milhões de pessoas se vêm representadas por personagens imaginárias criadas por produtores e roteiristas. Por isso, explicitaremos nessa comunicação os conceitos e implicações que comunicação na hipermídia conduz seus usuários diariamente.

ASSIM ACONTECE A COMUNICAÇÃO NA MÍDIA INFORMAL

A Carnavalização na Linguagem nas Mídias de Rua



As normas são sempre abstrações, rígidas fórmulas provisórias que não podem aspirar a incluir as ilimitadas possibilidades do ser.  Ortega y Gasset¨



Introdução


Este texto articula-se em torno da temática: desvios da norma na escrita em mídias de rua: cartazes, anúncios e placas que promovem à comunicação social, econômica e cultural dos usuários e produtores de mídias populares.



Embora neste material não se respeite os ditames da gramática normativa, há intencionalidade comunicativa, de modo que, os cidadãos conseguem realizar diálogos interagindo significativamente no e com mundo. A partir desta compreensão inicia-se o diálogo entre a Análise do discurso (AD) e a teoria bakhtiniana da carnavalização[1], a qual é empregada nos textos publicitários expostos em placas e letreiros nas vias públicas das periferias bem como em sítios eletrônicos especializados em receber e armazenar tal produção discursiva. Com efeito, recorrer-se-á às mensagens postadas no sitio http://www.placariduculas.com.br/ as quais serão analisadas de acordo com a cena enunciativa proposta pelo anúncio, levando-se em conta que tais discursos não apresentam autoria definida, por isso, atribuir-se-á tal domínio ao espaço publico onde estão armazenadas.



Antes, porém, faz-se necessário afirmar que, a teoria conduzirá a uma metodologia, portanto, a priori travar-se-á um diálogo com os teóricos do assunto na tentativa de melhor clarificar conceitos e afirmações sobre a carnavalização da linguagem e mídias escritas para, a posteriori se iniciar a análise sistemática do corpus que, neste caso se trata da linguagem usada na mídia de rua, a qual se caracteriza como contra ponto da linguagem formal. Isto é, na mídia de rua é representada pela a liberdade de ação e de linguagem do homem com o mundo e consigo mesmo, a cosmovisão carnavalesca expõe-se considerando categorias e particularidades do gênero cômico-sério, tais como: o livre contato familiar entre os homens, afirmando que essa proximidade, desconsidera quaisquer barreiras financeiras ou sociais, antes intransponíveis; a familiarização, ou seja, a livre relação familiar, que permite a união de valores antagônicos, combinando-os: o sagrado com o profano, o grandioso com o insignificante; a aproximação de heróis, mitos, personagens históricos da nossa realidade: há em nosso convívio diário, uma aproximação familiar com seres, antes inatingíveis; não se baseia em lendas e nem se consagra através delas, mas sim na fantasia livre e, na maior parte dos casos, o tratamento a lendas e mitos é crítico.



Desse modo, retomar-se-ão algumas considerações a respeito da gênese da linguagem, tendo, pois, como referência as correntes judaico-cristãs as quais tomaram a produção da língua (gem)[2] sob os princípios da ordem do discursos religiosos, e a greco-latina, a quem a civilização ocidental deve os primeiros atos racionais tanto na literatura quanto na ciência. Com isso, o caminho percorrido por este texto é, íngreme e, portanto, ocorrerão avanços e digressões, cabendo ao leitor acompanhar cada passo que se dará a frente, bem como aqueles que ficarão em suspensão ao longo da caminhada.



O português do povo[3] ocupará neste trabalho lugar de conflito para demonstrar que a forma como a escola oferece a língua portuguesa ao estudante, na atualidade, é inócua e impraticável no cotidiano, haja vista a prática das mídias escrita nas ruas: faixa, letreiros, cartazes na qual há consideráveis desvios da norma padrão, porém tal produção lingüística não deixa de ser parte do idioma nacional.



2. O idioma do povo no cotidiano



Sabe-se que os babilônios legaram aos ocidentais o alfabeto e boa parte das terminologias que descreve os mecanismos das línguas. Para Sócrates (470/469-369 a. C) a palavra é ação, faz agir, dirigir, porém quando não é bem usado engana. Por isso, diz-se que Zeus, o deus soberano do Olimpo, falava e agia eficazmente. Assim sendo, a língua (gem) serve à persuasão do homem, ser político por natureza.



Para Aristóteles (384-322 a.C) as palavras são construções dos homens e não uma imitação (mímesis) do objeto nomeado. Nesse sentido, o idioma usado pelo homem do povo em seu cotidiano vai ao encontro de suas necessidades comunicativas. Dessa maneira, segundo Leite (2004, p.17), Rousseau tratou dessa questão no Ensaio sobre a origem das línguas (texto póstumo) afirmando que:



A motivação para a linguagem humana vem da necessidade de comunicação, uma vez que os homens constituem uma sociedade. E o homem pode comunicar-se pelo movimento corporal (o gesto) ou pela vocalização (a palavra). É a linguagem como convenção que distingue o homem dos demais animais [...] A comunicação pode até se dar sem palavras. O silêncio é, às vezes, mais eloqüente do que a argumentação bem engendrada. (LEITE, 2004, p.17).



Embora seja complexa a concepção de Rousseau sobre a linguagem, tira-se dela a idéia de que à medida que o povo evolui em suas maneiras de se relacionar na vida social, política, cultural e econômica cria instrumentos próprios de comunicação, privilegiando, às vezes, a oralização da língua (gem) mesmo em espaço de escrita. (ver-se tal questão a seguir). Yonne Leite (2004) interpretando o pensamento de Rousseau diz que depois que o homem transcendeu os limites da família no que se refere às relações sociais, construiu para si e os demais, leis lingüísticas as quais foram aperfeiçoadas com o uso contextualizado. Por isso ela nos informa que:



O homem, porém, possui um privilégio: o de ter em sua própria essência a possibilidade, pronta a se realizar, de sair do estado de natureza e desenvolver línguas de convenção ou línguas adquiridas em sociedade. As primeiras palavras livres do condicionamento das necessidades físicas, portanto, foram motivadas exclusivamente pelo sentimento e pelas necessidades morais. (LEITE, 2004, p.19).



A linguagem como se sabe é o meio pelo qual o ser humano consegue expressar-se, defender suas idéias, enfim, interagir com o outro. Por esse motivo, cabe à escola proporcionar o maior número de situações em que o aprendiz a utilize significativamente, garantindo-lhe os conhecimentos necessários para que possa participar plenamente da sociedade.

Para Travaglia a linguagem “é um lugar de interação humana, de interação comunicativa pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação de comunicação e em um contexto sócio-histórico e ideológico”. (2006, p. 27). Também de acordo com Chauí “a linguagem é nossa via de acesso ao mundo e ao pensamento, ela nos envolve e nos habita, assim como a envolvemos e a habitamos”. (2002, p. 147). Assim sendo, é através das atividades da linguagem que o homem se constitui sujeito, só por intermédio delas é que tem condições de refletir sobre si mesmo.



Em relação à variação lingüística, a única aceita como correta no espaço escolar até a década de 70, era a norma culta. Sobretudo, desconsiderava-se a linguagem própria de cada indivíduo, oriunda do grupo social ao qual ele pertencia e enfatizava a questão do preconceito no que se refere a considerar uma variação ‘certa’ e outra ‘errada’, uma ‘melhor’ e outra ‘pior’. Nota-se que essa maneira de encarar o ensino da língua materna levava o aprendiz a ficar traumatizado psicologicamente, além de se sentir rebaixado por não saber falar ‘certo’. Percebe-se, pois, que nestes contextos os estudos da sociolingüística trouxeram enormes contribuições, permitindo repensar o lugar das variantes lingüísticas no ensino da língua e, assim, combater os preconceitos contra as diversas modalidades de expressão oral dos alunos, abrindo um espaço para a valorização das diferenças, além de reformular a noção de erro, o que é muito importante.



A evolução da língua (gem) se quer vê-la a partir da racionalidade de suas estruturas, basta, portanto, compreender o que propôs Rousseau “língua, sociedade e desigualdade são aquisições tardias e estão estreitamente ligadas.” Nesse sentido, o português brasileiro “a última flor do Lácio, inculta e bela”, está carrega de oralização, tornando-se, às vezes, onomatopaica. O que se ver nas ruas, portanto, é uma produção lingüística heterogênea que possui uma séria de sinônimos, palavras abstratas, aumentativos e diminutivos, nos quais sobressaem irregularidades e anomalias típicas da comunicação inter-humana.



De acordo com Leite (2004) este processo leva ao reconhecimento de que na língua(gem) há elevado grau de diversidade, esta, pois é resultante das migrações, em época diferente, de população que outrora habitavam um mesmo território.



“E há línguas que têm, hoje, apenas uns poucos falantes, como, no Brasil [...] A linguagem humana, em seus componentes físicos e mentais, não é igual a nenhum outro tipo de linguagem animal conhecida, embora diversas espécies apresentem sistemas de comunicação bastante desenvolvidos, (Leite, 2004, p. 38).



O desenvolvimento da linguagem aconteceu ao que tudo indica, no momento em que as relações sociais entre os homens se tornaram mais complexas, sendo impossível, separar o indivíduo com suas capacidades físicas e biológicas de sua relação com o contexto social do qual faz parte. Essa nova abordagem procura compreender o surgimento da linguagem em função da vida em sociedade. (Leite, 2004, p. 40).



3. Enunciando o contexto na mídia de rua

As mensagens propostas pelos enunciadores que produzem, a seu modo, a comunicação na mídia de rua com intuito de marcar processos locutivos que, direto ou indiretamente represente os contextos nos quais se justapõem seqüências de sons e imagens. Para Maingueneau (2005, p. 19) “cada enunciado é portador de um sentido estável, a saber, aquele que lhe foi conferido pelo locutor. Esse mesmo sentido seria decifrado por um receptor que dispõe do mesmo código, que fala a mesma língua.” Assim sendo, pode-se inferir que, as mensagens, fruto desse procedimento discursivo, são, de algum modo, o reflexo das educações circulantes nos espaços sociais. Assim sendo, e à maneira de Maingueneau, a atividade lingüística recorrente neste continuum serve como determinante de uma realidade sociocultural, isto é, as peças publicitárias representam a emergência da comunicação do enunciador.



A produção discursiva da mídia de rua lança mão de um português “particular”, isto é, nela se encontram elementos assimétricos da língua cotidiana a qual pede emergência no ato comunicativa; fato que impede ao enunciador reflexão sobre o uso adequado da língua. Portanto, produzir e interpretar estes enunciados exige flexibilidade, por que a situação em que são realizados determinam o processo lingüístico. Ainda segundo Maingueneau (2005, p. 19-20), a compreensão de “um enunciado não é somente referir-se a uma gramática e a um dicionário, é mobilizar saberes muito diversos, fazer hipóteses, raciocinar, construindo um contexto que não é um dado preestabelecido e estável.”



Conforme discurso da figura 1, o enunciador oraliza a escrita e, portanto, desvia o enunciado do paradigma gramatical, grafando com “x” o verbo “fechar”; fexe o portão” e o verbo “fazer” com “s”: fas favor. Diz-se, portanto que neste exemplo evidencia-se a oralidade em detrimento da escrita. Com efeito, falar altera a relação entre os movimentos inspiratórios e suspende-se o início da fase do movimento inspiratório [...] o condicionamento da linguagem ao contexto cultural e à pragmática comunicativa, enfim, aos fatores que condicionam a execução, como limitação de memória, tempo e estratégias de processamento, acessibilidade ao contexto cultural compartilhado” (Leite, 2004, p. 48).



Além destas questões fonéticas e gramaticais, ficam subentendidos o nível sociocultural produtor do discurso, uma vez que o contexto em que se enuncia a sentença é desprovido de quaisquer indícios que levem o interprete a inferir que se trata de um escrevedor competente.

A linguagem humana possui algo qualitativamente diferente, sobretudo no que diz respeito a sua rica e infinita capacidade de criação de sentenças. [...] a faculdade da linguagem é uma adaptação extremamente complexa, que foi sujeita às leis da seleção natural na história evolutiva humana recente, servindo à função de comunicação com extrema efetividade. (Leite, 2004, p. 43).



Se se quer uma realização lingüística de acordo com as sentenças propostas pela norma culta, levar-se-á em consideração o que Leite (2004, p.45) asserta: “a aquisição da linguagem é natural e se manifesta graças à exposição a dados lingüísticos suficientes num período determinado da maturação do indivíduo.” Logo, percebe-se que o enunciador promotor da mensagem citada na figura 1 não cumpriu tal ciclo, podendo até ter sido exposto a elementos lingüísticos, contudo, não teve maturação suficiente para tal, visto que sua produção é baseada apenas em empirismo de fala. Dizendo de outro modo, tal enunciado está sob a égide da fala, isto é, da maneira que se produz o som se escreveu.

Considerações (quase finais)



Face à dimensão da problemática da escrita da usada na mídia de rua, infere-se que, as escolas não estão dando conta de formar usuários competentes para o uso sistemático da língua. Com isso, acredita-se que há duas línguas sendo usada pela comunidade: a) a língua da escola é ofertada sob a perspectiva da consolidação da norma padrão, reservada àqueles se pretende atender as necessidades da elite; b) uma língua do homem do povo o qual produz enunciados cuja significação vai além da ordem lingüística, isto é, quando o se produz discurso nas mídias de rua, prima-se pela comunicação imediata. Ou seja, o enunciador não se detém em normas, mas sim na emergência de enunciar um acontecimento.



Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12256: Apresentação de originais. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.

_____________NBR 6023: Informação e Documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

_____________ NBR 6028. Apresentação de resumo. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

BAKHTIN, Mikail. Problemas da poética de Dostooiévski. 2. ed. Rio de Janeiro: 1997.

_________ Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2000.

_________ Cultura popular na idade média. São Paulo: Hucitec, 2000.

FÁVERO, Leonor Lopes; KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Lingüística textual: introdução. São Paulo: Cortez, 1983.

ILARI, Rodolfo. A lingüística e o ensino da língua portuguesa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1989.

MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2004.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino da gramática. São Paulo: Cortez, 2006.

WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da lingüística. São Paulo: Parábola editorial, 2002.


¨ Apud Leite (1999:38).

[1] Mikhail Bakhtin, filósofo russo, estudioso de literatura e da linguagem. Criador da teoria da Carnavalização. A Teoria da Carnavalização é composta por quatro elementos: a inversão, excentricidade, familiarização e profanação. Sendo a principal delas a Profanação. Assim, as restrições, leis e proibições, que sustentam o sistema e a ordem da vida comum, revogam-se durante o carnaval. “revogam-se, antes de tudo, o sistema hierárquico de todas as formas conexas de medo, reverência, devoção, etiqueta etc”. Então, adianta-se, portanto, que na mídia popular veiculada nas ruas e, principalmente, nos espaços de circulação marginal a teoria bakhtiniana ora apresentada é visivelmente acentuada.



[2] Para evitar mal entendidos grafo termo língua (gem) dessa maneira, utilizando-se da explicação da nota de rodapé do livro: História concisa da lingüística, de Bárbara Weedwood (2002, p. 9), na qual ela explica o motivo de tal uso: “Como o inglês só dispõe da palavra language para se referir tanto à linguagem (capacidade humana de se comunicar por meio da fala e da escrita) quanto à língua (sistema lingüístico particular, idioma), assim sendo, usar-se-á tal expressão quando se estiver referindo tanto à língua quanto à linguagem.

[3] Entenda-se como português aquela língua (gem) produzida pelo homem comum que, infelizmente não teve acesso à aprendizagem formal, contudo, aprendeu à duras penas os fundamentos do idioma para se comunicar e produzir conforme suas limitações sociolingüística.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

CURRÍCULO: DISCURSO SIMBÓLICO ARTICULADO

    A escola na contemporaneidade passou a ser vista como um espaço social e simbólico, no qual vários discursos se articulam no sentido de entrelaçar saberes em espaços socioculturais.

    Reforça-se assim, o discurso que compõem o currículo na escola é composto por dois meios importantes, isto é, de um lado estão às ordens discursivas propostas pelo sistema educacional, por outro as necessidades da comunidade e do mundo trabalho em construir uma séria de questões a seu favor.

    Esta percepção das correções de forças aplicadas entre os agentes formadores desses discursos hipertextualmente produzidos, a partir de um simbolismo edificado no âmbito da cultura e da tradição escolástica pautada, sobretudo, no pensamento da escola formalmente pensada para a formação do homem para o trabalho.

    Nesse estatuto epistemológico ligado ao currículo tornou-se para muitos estudiosos a àgora da sociedade simbólica visto que nele estão implicados vários micro-discursos realizados com intenções e ideologias reificadas pela sociedade da informação e comunicação que, por meio de uma estrutura significada pelo estado de coisas presente no sistema educacional.

    Na compreensão de um sistema curricular baseado nos princípios sociais e educacionais voltados para o trabalho, a escola e sistema educacional brasileiros têm demonstrado uma série de elementos que sustentam a tese do saber formalizado pela tecnologia e o conhecimento voltados para a produção e reprodução do saberes empregados pelo capital.

    Já no que se refere a maioria da implicações feitas ao discurso do currículo instituído pela escola, sabe-se portanto, que há um discurso baseado na ideologia e no controle pelo sistema socialmente articulado tanto pelas bases quanto pela superestrutura.

    Na maioria dos casos, tem sido que há uma formação ideológica no plano da sociedade da informação como ponto de partida para a construção de um ponto de referência para a discussão do que de fato significa e qual é o papel do currículo como discurso ideológico e simbólico da sociedade contemporânea.

Assim, faz-se observar que a maioria do currículo proposto pelo sistema educacional no qual se articulam vários pontos de confronto, isto é, há nesse contexto maior ampliação do conceito de informação enquanto elemento fundamental do saber social articulado pelo saber fazer constituído pela sociedade que demanda fazer uma serie de saberes a serem coordenados pela comunidade.


 

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Escondida entre a cortina de nuvens

E com desejo de se mostrar,

A lua se desnuda lentamente

Ao palco do universo.


 

Submerso na beleza sua

Prostrado fica o coração

E, sem ação simplesmente

Admira a ti, ó lua.


 

07 de setembro de 2009, 22h01

EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE INCERTEZAS


A condição imposta à sociedade pós-modernidade tem sido cada vez mais subsidiadas pela incerteza presente nos novos valores humanos, sociais, culturais e políticos.
Isso em dúvida é fruto de novas posturas da sociedade que visa uma libertação por meio de ações individuais, uma vez que a tradição não mais representa nem constituem o ponto de referencia para a tomada de decisões. Ao contrário, ela [tradição] tem sido objeto de estudos para que seja compreendidas as incertezas que até então foram mantidas conforme pensamento hegemônicos.
Nesse sentido, Habermas ao tratar da condição pós-moderna afirma: "O novo valor atribuído ao transitório, ao fugidio e ao efêmero, a própria celebração do dinamismo, revela um anseio por um presente estável, imaculado e não corrompido." (1983).
Dessa maneira, as praticas educacionais, culturais e estéticas têm sido posto sob a vacilante largura do fosso entre o espaço e tempo. As crises de superacumulação sejam seguidas por fortes movimentos estéticas e a educação contemporânea vive esse dilema e, portanto, atua no plano das incertezas.
É nessa perspectiva que, infelizmente, alguns programas governamentais são construídos, tendo um como possível salvação das incertezas o uso indiscriminado das tecnologias. Por outro lado, consideramos que tem havido o reconhecimento de que o fim das metanarrativas oriundas do pensamento capitalista de Marx é fato. Entretanto, não podemos negar sua importência histórica a seu tempo.
Desse ponto de vista Smith diz que "O iluminismo está morto, o Marxismo está morto, o movimento da classe trabalhadora está morto... e o autor também não se sente muito bem." (1984).
Em síntese, pode-se dizer que a educação nesse tempo de incertezas é uma distopia, posto que todo momento, novos heteros – MST, Internet, ONGs – que ampliam e, até reconfiguram o modo de se pensar e agir no âmbito da educação.
Assim sendo, os programas educacionais até então vigentes e considerados como ações fixas e, portanto, pretensas salvadoras das deficiências sócio-educacionais são, na verdade, falácias e ideologias pautadas em metanarrativas que foram se fragmentando ao longo do tempo pela ação dos agentes sociais, políticos, culturais e, sobremodo, econômicos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Florão

No florão de um querer

Estamos unidos pelo

Desejo de viver em...