segunda-feira, 6 de julho de 2009

WEBLOG: LINGUAGEM E INDIVIDUAÇÃO DA PALAVRA ESCRITA

A linguagem e as formas nas quais os indivíduos contemporâneos produzem seus discursos é conseqüência das relações sociais, lingüísticas e culturais provenientes da presença social da web como espaço de comunicação, tendo nas tecnologias de informação e comunicação seu meio condutor e integrador dos enunciadores da língua(gens) possível no meio. “as formas de linguagem podem ser usadas de maneira mais ou menos consciente pelos grupos sociais, para se diferenciarem dos outros, por meio da fala, de uma forma elaborada ou “nobre” da língua ou mesmo de uma língua estrangeira...” (BURKE, 1993, p. 10).
Nesse contexto, a política de linguagem circulante na internet, sobretudo, aquela que movimenta as relações sócio-comunicativas dos cibernautas é estruturada sob a égide palavra escrita que, por seu turno, é carregada de ambigüidades com as quais, elementos semânticos e pragmáticos disputam a atenção dos interlocutores, isto é, a palavra escrita no weblog é vista como produção íntima, posto que a linguagem nesse contexto é carregada de sentidos individuais a tal ponto que se pode vê-la como existência histórico-social, cujo mérito é perpassado de interesses e fenomenologia da vida cotidiana na qual há o significado das coisas. (BURKE, 1993, p. 14).
No weblog, o autor é reconhecido como alguém que, em ação livre, expõe seus pensamentos, vontades definidas por meio de regras próprias, ou seja, a autoria da escrita nesse espaço é, sem dúvida, transcorrida por intimidades com as quais a polifonia discursiva constitui-se o universo da linguagem. “Agora que o “autor” foi proclamado morto, parece que tudo o que resta para ser analisado são as próprias regras que a linguagem possui para escrever a si mesmo, o “software” do texto. (BURKE, 1993, p. 14). Esse fato tem sido recorrente na transformação tecnolinguística e no desenvolvimento da linguagem produzida e veiculada no weblog.
Assim sendo, não se pode negar que a teoria da linguagem se faz cada vez mais presente, sendo assim, reconhece-se a produção escrita no weblog e seu autor como autoridade intima. “a linguagem e os mundos conceituais e simbólicos por ela moldados são classificados em termos gêneros de nomes maneira abrangente.” (idem, 1993, p. 14).
Nessa perspectiva, os grupos sociais entremeados pela força da palavra no weblog, constituem-se nas individualidades dos sujeitos de modo que nesse espaço de construção de cidadania e significados, a escrita é permeada por elementos de patriotismo e união de massas.
No plano da significação, a linguagem no weblog é entremeada de sociossemioses em que o visual – imagem – verbal – palavras e signos estruturam “o pensamento, transmitem informações e consolidam os contatos interpessoais. Nem toda troca é verbal: [...] e ignora a análise de funções tais como a comunicação, a preservação de memória e de registros, o exercício de documentação oficial, o próprio desenvolvimento da autoconsciência.” (BURKE, 1993, p. 18).
Este é um dos pontos de referenciação à linguagem no weblog, ou seja, este talvez seja o novo deslocamento, ou desvio, daquilo que é considerado a linguagem padrão, visto que é com a palavra escrita que se faz a aprovação dos modos de fazer educação por meio da internet, mídia social contemporânea.

Mesmo assim, a maioria dos grupos dentro de tais sociedades – dos mais privilegiados às classes mais baixam sem mencionar os imigrantes e as maiorias – continuam , e ainda continuam, a manifestar altos níveis de diferenciação na fala ou na escrita (ou em ambos), devido tanto à relutância quanto à incapacidade de adaptação. (BURKE, 1993, p. 20).

Os membros participantes da comunicação no weblog atuam de maneira a contrariar o padrão comunicativo até então vigente, pois deixam vir à tona elementos da língua falada de forma a relaxar as práticas comunicativas, indo ao aviltamento daqueles indivíduos que participam dos meios de comunicação em que as estruturas sociais são rígidas e perpassadas pelo rigor da escrita, empenhando-se, assim em campanhas de manutenção da “pureza da língua(gem) escrita.
Todavia, reconhece-se que isso não é a homogeneização da língua(gem) no plano da comunicação via weblog, ao contrário, é uma ação em que a fala e a escrita se aproximam no processo de interlocução dos cibernautas com seus interlocutores. Assim sendo, considera-se que a língua(gem) realizada nesse médium se aproxima da linguagem que sustentam as letras das músicas de “rap” às quais baseiam sua estrutura nos padrões rítmicos e de caráter pessoal que a linearidade da escrita não consegue registrar nem copiar. (BURKE, 1993, p. 21).
Diante disso, afinal, de que é constituída a linguagem escrita na weblog? Para Burke (1993) a palavra escrita individualizando os autores, ganha autoridade especial, posto que ela – escrita

Na maioria das sociedades todos falam, embora os membros de algumas ordens religiosas optem por não fazê-lo durante muito tempo. Há outros que são silenciados por deficiências que podem ou não ser naturais: a censura arquetípica é a excisão da língua. Escrever e ler são mais exclusivos. Conseguir que seus escritos sejam lidos é motivo de especial autocongratulação. [...] Os níveis de linguagem são dispostos em hierarquias sociais que, de maneira geral, são oficialmente reforçadas (e, às vezes, igualmente subvertidos, por meio das formas paródicas da comedia, do carnaval e da charge). (BURKE, 1993, p. 23).

Como conseqüência dessa multiplicidade de linguagens veiculadas pela tecnologia de informação e comunicação via weblog, bem como as mudanças nas maneiras de produzir e socializar informações individuais de caráter profundos, experimenta-se assim, contínuas e variadas maneiras de se reconhecer os sujeitos nas incertezas da era contemporânea. (MORIN, 2001).
Nesse sentido, a Educação na contemporaneidade pode ser compreendida por outra dimensão, isto é, ensinar e aprender por meio do uso da linguagem veiculada pela internet tem outro significado, pois proporciona aos cibernautas condições de produzir informações via palavra escrita numa grandeza maior, cuja abrangência tem levado à compreensão de que as pessoas aprendem a todo instante, de modo que o entendimento de aprendizagem, na atualidade tem sido posto à prova, uma vez que as relações no ciberespaço são fontes de aquisição de saberes e, portanto, levam à constituição de uma nova forma de se pensar e fazer linguagem por meio do reconhecimento de que a palavra escrita é carregada de ambigüidades como o é o discurso oral.
No ciberespaço são cultivadas heterogeneidades discursivas e culturais de maneira que a questão da palavra escrita leva à inferência de que a língua(gem) ponderada na comunicação via weblog, molda as identidades individuais e coletivas postadas na rede.
Nesse sentido, Burke (1993) afirma que a língua(gem) deve ser vista como viga mestra no surgimento de novas maneira de se produzir relacionamentos por meio do uso da palavra escrita, sobretudo, na manutenção de diários íntimos onde os indivíduos esboçam o registro e a reificação das memórias individuais e coletivas. Isso acontece porque

[...] nossa autoconsciência depende da posse da linguagem adequada, das palavras para dizer “eu”, devemos pensar no surgimento da subjetividade moderna não apenas como a criação de um domínio intensamente privado, mas que se tornou possível por meio de certos tipos de discurso público. (BURKE, 1993, p. 27).

Ademais, o próprio meio – ciberespaço – weblog tende a moldar a linguagem e remoldar o vocabulário, bem como coloca em destaque conceitos que levam à compreensão de que a palavra escrita no weblog é fruta da criatividade e dos jogos representacionais possíveis pelo sistema sígnicos publicamente convencionalizados na web e que são compreensíveis no universo da ciberlinguagem.
Assim sendo, os cibernautas, participantes do weblog se interessam pela

totalidade de códigos semânticos dentro de um sistema coeso; vão investigar os usos que indivíduos e grupos fazem da linguagem que lhes seja disponível; vão se preocupar com os mitos e ideologias que cercam a linguagem em geral (homo loques, o homem ou a mulher como animal) e as linguagens individuais específicas. Estarão alertados para as relações entre as linguagens e os mundos imaginados. (BURKE, 1993, p. 29).

Nesse processo, na realidade, a participação criativa na produção e publicação de informações pessoais e sociais no weblog é muito mais sério que o singelo ato de escrita, e a linguagem do consumo e da publicidade de caráter pessoal é bem mais compreendida na rede, do que em qualquer outro meio. O que realmente importa reconhecer é que por meio da palavra escrita no weblog, esta acontecendo uma revolução na maneira de se usar a linguagem como meio de exposição das intimidades.
Em verdade, o segredo desse tipo de produção escrita é a rapidez com que o interlocutor tem acesso às informações. Pois há nesse universo o hábito de se freqüentar diuturnamente as páginas – weblog – das pessoas com as quais se relacionam os cibernautas.

Assim que o hábito é criado, é difícil acabar com ele, porque o tempo é algom muito precioso hoje em dia. Eu visito milhares de blogs por ano, mas apenas um punhado diariamente. Esse “punhado” dificilmente é mudado e, se é assim comigo, também é com milhões. E de fato uma corrida para conquistar espaço na mente das pessoas, fazer parte dos hábitos do leitor da blogosfera. [...] a conversa tem valor mesmo se os autores não forem muito experientes; além disso, qual o sentido de uma reunião de debates sobre música em que não há compositores? (HEWITT, 2007, p. 19).

Reconhece-se, assim que a função primária da linguagem é a comunicação, então a noção de uma linguagem particular e até mesmo secreta é, sem dúvida, real no fazer discursivo da blogosfera. Para Burke (1997) esta forma de se usar a palavra escrita revela a relação diametral entre o privado e público, visto que há nesse contexto um sistema lingüístico velado que atua como um discurso realizado no interior do weblog. Destarte, os discursos praticados no weblog são mantidos nesse contexto sob a perspectiva de que há um segredo a ser revelado a público. “A exposição está implícita no segredo, e os segredos, especialmente quando relacionados a rituais, podem ser construídos para fins de revelação retórica.” (BURKE, 1997, p. 167).
Considera-se que a palavra escrita e a maneira como ela circulam no ciberespaço, weblog são conhecimentos de que essa língua(gem) especiais torna-se cada vez mais evidente nos dias atuais. Por isso, entende-se que o sujeito dessa linguagem é ontológico e, portanto, carrega em seu fazer discursivo sociossemioses que desloca do lugar comum a língua (gem) considerada padrão.
Dessa forma, as língua(gens) praticadas no ciberespaço, sobremodo, no chat e weblog dão conta de que, embora ainda a margem do processo lingüístico convencional, portanto, não reconhecida como atividade intelectual, tem se tornado a preferência de milhões de usuários para realizar comunicação entre aqueles que as compartilham como código.
Nesse sentido, este “código secreto” recorrente no ciberespaço – weblog e chat – tem fascinado milhões de pessoas a buscarem a conhecer as intimidades de outras pessoas, estas dispostas a publicizarem seus sentimentos na web. Mesmo assim, é interessante que se diga quão difundido na rede é a presença do cibervoyeur, ou seja, há indivíduos habituados bisbilhotar e o cotidiano das pessoas, visitando os blogs pessoais existentes na blogosfera.
Apesar disso, não se deve associar demasiadamente a forma como a palavra escrita à questão do interesse pela intimidade dos outros. Até porque os weblogs também têm apresentado outras possibilidades de comunicação, mormente, na perspectiva de entretenimento o que, é, sem dúvida, um espaço que gera “códigos secretos” da mesma maneira que outros espaços têm o fazem. “[...] isso tem ocorrido especialmente desde o final do século XVIII, quando diversos esportes foram institucionalizados, comercializados e formalizados [...] uma linguagem deturpada, do tipo falado...” (BURKE, 1997, p. 21).
Infere-se que por detrás dessa ação despretenciosa dos cibernautas ao usarem a palavra escrita no ciberespaço há uma inquietação no sentido de afirmar que existe uma nova prática de se produzir linga(gem), posto que os cibernautas, por meio do uso das tecnologias intelectuais disponíveis na web assumem diferentes posições no ato comunicativo, isso significa que usam códigos variados visando a comunicação e a interlocução com os ciberleitores.
Por isso, à medida que o individuo se relaciona seja no cotidiano real, ou no ciberespaço, ele é levado a exercer diferente papéis ao usar a língua(gem), inclusive a falar e escrever de maneiras diferentes. No chat e weblog isso fica premente quando são usadas imagens e avatares no ato comunicativo para que haja interlocução entre o enunciador e o enunciatário, posto que essa dependência é buscada no significado estabelecido em relação ao contexto e momento específicos da comunicação.
No ciberespaço esta produção criativa tem como finalidade a comunicação mais rápida e eficiente entre os iniciados. Já no que se refere à participação dos leigos nesse ato de enunciação, estes, sem dúvida terão dificuldades em se posicionar na conversação - chat, bem como na interação via escrita – weblog – visto que não domina o “código secreto”. Dessa maneira, a linguagem dos cibernautas e outros iniciados no ciberespaço não é só diferente, é particular, um meio de comunicação que o público, incluindo os possíveis interlocutores especialistas e os incautos que, certamente seria incapazes de decodificar tal ato enunciativo. “A linguagem das burocracias, em especial, tem sido criticada com freqüência como “elaborada para mistificar, para intimidar e para criar uma impressão de que a atual disposição da sociedade é imutável.” (BURKE, 1997, p.23).
Até agora foram apresentadas questões que levam ao entendimento de que aquilo que se apresentada na palavra escrita no weblog de maneira ostensiva, com certeza pode ser considerado conhecimento, bem como também pode mostrar que é uma forma de expressão de um individuo em um grupo no qual, fala para todos e todos falam para ele; na medida em que receber de volta comentários em seus textos. Logo, é recorrente a concepção de que a linguagem é um sistema simbólico, com qual lidam de modo eficiente os cibernautas na rede ao realizarem seus atos comunicativos.
Sendo, a linguagem é um sistema sociossemiótico e simbólico, e deveríamos, pelo menos, nos perguntar sobre as possíveis funções simbólicas da palavra escrita no ciberespaço. Como tal, por exemplo, pode ser empregada em forma entretenimento, brincadeira, como acontece com freqüência entre os cibernautas – crianças, adolescentes e jovens – quando a empregam em individual o coletivamente.
Nesse sentido, o uso da palavra por uma cibercomunidade é um dos meios mais potentes de inclusão e exclusão, pois ela representa e incentiva corporativismo, criando assim um sentimento de pertença naqueles que se vêem representados no ciberdiscurso realizado.
Desse modo não é por acaso

que essa forma de linguagem seja desenvolvida de maneira tão rica em instituições totais, em que habitantes sentem-se extremamente diferentes do resto do mundo – descrito por eles em um série de pitorescas expressões de desprezo tais como “civies” [paisanos], “landlubers” [marinheiro de primeira viagem], “suckers”[otários e outras. Isso sem dúvida [grifo meu] é um meio e um sinal de iniciação em uma nova comunidade, verdadeiramente uma “segunda vida” (drugie zycle),(BURKE, 1997, p. 24).

Nas cibercomunidades onde a palavra escrita é empregada de modo que cada um pode dizer o que deseja à maneira, cria-se mecanismos de interação, ou seja, de acordo com que é proposto no ciberdiscurso a língua(gem) expressa um desejo de isolamento social e psicológico e não um afastamento físico do resto da sociedade, até porque no ciberespaço a questão da espacialidade física é o que menos importa, visto que ali encontram-se sujeitos do devir em um tempo discursivo a ser realizado na interlocução síncrona e assicrona.
No plano do conteúdo semântico e pragmático da palavra escrita da mesma maneira que sua própria significação traz consigo significados simbólicos. O ciberdiscurso é carregado de figuras de linguagem, sobretudo, metáforas e eufemismos e códigos. Exemplo, “namorar” significa “ficar” que ainda não beijo na boca é conhecido na rede como “BV” – boca virgem – assim, a linguagem desse grupo social nesse contexto pode ser considerada uma forma de poder, isto é, uma maneira de se perverter o poder da língua(gem) e da comunicação dos grupos sócio-comunicativos até então instituídos.
Por outro lado, há que considere essa tipo de produção de língua(gem), considerando-a como uma língua(gem) franca, visto que esse tipo de comunicação realizada entre grupos na tensão cotidiana, isto é, ele se estabelece entre senhores e empregagos. Entretanto, no ciberespaço não é possível associar a língua(gem) realizada no chat e weblog sob essa lógica, porque todos se apresentam com as mesmas características e, por isso, não há como medir e reconhecer a classe sociocultural de cada. Destarte, faz-se necessário reconhecer que

Uma língua franca poderia muito bem dar a impressão de ser [...] elaborada pra permitir que dois grupos sociais se comunicasse entre si porque existe nessa cena enunciativa [grifo meu] algo em comum entre os dois e complementam os vernáculos nativos dos falantes. [...] essa língua desenvolve-se pela combinação de elementos dos vernáculos, caracterizando-se assim numa mistura em que sociossemioses constituem a relação da palavra escrita com o contexto em se organiza a comunicação entre sujeitos e grupos. (BURKE, 1997, p. 26).

Na resta dúvida de que há algo sedutor, excitante, inspirador e criativo a respeito do processo pelo qual a palavra escrita usada no ciberespaço chat e weblog torna-se um “código secreto e antilinguagem ” como vernáculo, ampliando seu vocabulário e suas funcionalidades semânticas e pragmáticas na web, constituindo-se de uma mistura sígnica e simbólica no sistema lingüístico contemporâneo.
Diante disso, faz-se necessário distinguir a existência de vicissitudes ocorridas no modo e no fazer lingüístico contemporâneo, os quais se constituem em “paralelos óbvios entre o processo lingüístico e outras mudanças culturais que tem ocorrido no mundo no final do século XX.” (BURKE, 1997, p. 27).
O fenômeno da escrita na web – mais precisamente, chat e weblog – às vezes é considerado como conseqüência da especialização e a competição no ciberespaço, o espraiamento de novas linguagens e a conseqüente necessidade que os cibernautas e suas cibercomunidades têm de manifestar, defendendo assim, seu sentimento de pertença ao demarcarem seus territórios virtuais e de destacarem-se em relação a seus competidores virtualmente distribuído na web.
Percebe-se nesse contexto que uma das maneiras de se garantir esse espaço está na criatividade em usar a língua(gem), isto é, recorrem os cibernautas à ininteligibilidade de suas enunciações para incluírem si e até excluir aqueles cibernautas considerados inaptos ou ameaçadores de suas realidades individuais e coletivas. Além disso, infere-se que, apesar das circunstâncias e contextos variáveis possibilitados pelo ciberespaço, há uma produção de antilinguagem na qual concentram elementos da língua formal justaposto a signos verbal, visuais e sonoros, cujos sentidos são decodificados por iniciados no ciberdiscurso da web.
A propósito do “código secreto” usado por grupos sociais na tentativa de se garantir sua legitimidade discursiva, faz-se importante destacar que, os primeiros indivíduos a fazerem uso desse artifício lingüístico-comunicativo foram os sofistas que, inclusive, foram criticados por Platão.
Numa dessas críticas Górgias foi alvo por ter sido considerado “astuto artesão do falar ” e sendo como tal “fazem, com o poder das palavras, as pequenas coisas parecerem grandes e as grandes coisas parecerem pequenas” por outro lado, Platão e Sócrates foram considerados importantes por falarem uma linguagem simples, bem como busca no cotidiano encontrar analogias da vida comum, do trabalho de parteiras e sapateiros seu vocabulário.” (BURKE, 1997, p. 35).
Nessa premissa se encontra as bases para se entender o porquê de os cibernautas atuarem e construírem sua comunicação usando a palavra escrita no weblog na perspectiva de hibridização, pois ao mesmo tempo em que rebuscam seus enunciados, usam vocabulários e signos cujo sentido denuncia a ingenuidade do discurso, isto é, há, na verdade, uma disposição em criar e circular no ciberespaço palavras e expressões novas, contrastando assim, com o ponto de vista instituído da língua(gem) formal circulante na escola e comunidades institucionais.

Referencias

BURKE, Peter; PORTER, Roy. (orgs.) Línguas e jargões: contribuição para uma história social da linguagem. São Paulo: Editora da UNESP, 1997.
______Linguagem, individuo e sociedade. São Paulo: Editora da UNESP, 1997.
HEWITT, Hugh. Blog: entenda a revolução que vai mudar o seu mundo. (trad. Alexandre Martins Morais). Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007.

3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da perspectiva, Rob.

Anônimo disse...

Caraca ae! o texto é irado + não entendi quase nada, Pauleira, mano!

Anônimo disse...

Como posso pedir-lhe mais detalhes? Ótimo post precisa saber mais ...