CATÁLISE POÉTICA NOS ESCRITOS DE REJANE TACH
Este pequeno ensaio chega com o objetivo de mostrar algumas das características da poetiza Rejane Tach que, como a maioria dos habitantes do Centro-Oeste, sobretudo de Mato Grosso são fruto de um processo diásporico interno que culminou em vários tipos de expressões socioculturais. Dentre estas destacam-se a literatura matogrossense na qual há vários estilos desde o clássico contemporâneo Manoel de Barros, passando pela pós-modernidade de Lucinda Persona até chegar ao estilo neo-romantismo, próprio da poesia de Rejane Tach. Em Mato Grosso, na verdade, existe uma produção artística que expressa os sentimentos de artistas que ao longo desse tres décadas em que se deu a separa e emancipação política administrativa do MAto Grosso do Sul, tem revelado a identidade de seu povo miscigenado, embora mantenha sua arte articulada com os elementos regionais.
Dessa maneira, é muito importante destacar a estilo rejaneano de fazer poesia falando das angústias que lhe toma a alma diante desse sistema brutal, o individualismo promovido pelas idéias de "modernidade tardia". Para isso, seguem algumas singelas linhas para demonstrar ao público com poetiza e poesia se imbricam num só ser ante as dúvidas da vida.
As ponderações que se seguem nas linhas abaixo são ínfimas, diante da grandiosidade que têm os versos confessionais de Rejane Tach. Diferentemente do seu livro anterior: Sanas loucuras, (2007) onde estão registrados sentimentos intimistas, estes, por sua vez parecem ter sido urdidos nas entranhas de um eu-lírico demasiado ambivalente, cujo desejo central parece ser a expurgação de todos os sentimentos que a alma humana guardou nos recônditos mais secretos e, agora, eles se rebelaram e vieram à tona, colocando o leitor para refletir diante de questões subjetivas, conforme sugerem os versos: A correr pelo silêncio/Sem contorno algum/Anda minha alma e/Decompõe-se num sopro Sutil...
Faz-se imperativo questionar: o que significa para o eu-lírico rejaneano a correria desta alma pelo silêncio? O que é este silêncio? Enfim, por ser uma poetiza de estilo ambivalente, sem dúvida, não existem respostas pré-configuradas. Ao contrário, à medida que se adentrar ao universo poético tacheano, novos inquéritos surgem ao invés de réplicas.
Em realidade, sua produção tem algo além do enigmático que, por natureza só a poesia oferece aos espíritos sensíveis às contradições da humanidade; encontram-se na maioria dos versos uma espécie de vazio, ou na melhor das hipóteses, uma continuidade do discurso do silêncio, todavia, esta alocução parece ser agressiva, logo é censurada pelo eu-lírico da poetiza. Comprava-se tal assertiva à medida que se nota a presença contínua e até exagerada das reticências em todos os poemas. Teria o eu-poético algo a confessar? Só lendo cada um dos poemas com a merecida atenção para se chegar a um veredito. Ai está o convite leitor para descobrir o “mistério” das reticências rejaneanas!
No poema a transcrito na íntegra a seguir, Rejane entrecorta os discursos de uma forma tal que ficam suspensas no ar múltiplas possibilidades de leitura, exigindo, portanto, para sua poesia um leitor modelo, conforma idealizou Umberto Eco. Mas, então como inferir os sentidos desses vazios?
Minha alma...fala comigo!
O que vai dizer-me?
Vai mentir-me?
Pra eu sobreviver como sempre foi?
Pateticamente transparente...
Sob um interminável apetite de...
Obscenas branduras...
Naturalmente, é possível que algum leitor imprudente venha sugerir uma exegese inapropriada e, assim, desvendar os misteriosos vazios dessa poesia cuja ambivalência promove uma assimetria na decodificação dos sentidos.
Sabemos que, na verdade, a poesia de Rejane é fruto de uma profunda catálise de signos, em que vários eu-liricos se manifestam por meio de uma linguagem alquimística. Nota-se que de acordo com movimento da linguagem empregada em cada poema, a poetiza expõe seus “arquétipos inconscientes”. Não seria forçoso sugerir que nos poemas da autora há uma intenção de obter por meio da expressão poética o resgate da personalidade, para isso é necessário tomar decisões complexas, cujo resultado é segundo se ver nas estrofes abaixo, uma ritual de passagem, ou melhor, o eu-lírico está diante de uma dicotomia universal: morte e vida.
Abraça a morte se quiser...
Sem receio de um dia
Aqui não caminhar...
Liberta-te!
Em teus anseios de sono
Para além
De algum lugar
Inimaginável em tua luz !
Assim, se ver na produção em destaque neste ensaio uma possível configuração poética em que se justapõem significantes e significados e, por isso, a metaforização da linguagem é acompanhada por profunda ambigüidade do eu rejaneano.
Faz-se imperativo questionar: o que significa para o eu-lírico rejaneano a correria desta alma pelo silêncio? O que é este silêncio? Enfim, por ser uma poetiza de estilo ambivalente, sem dúvida, não existem respostas pré-configuradas. Ao contrário, à medida que se adentrar ao universo poético tacheano, novos inquéritos surgem ao invés de réplicas.
Em realidade, sua produção tem algo além do enigmático que, por natureza só a poesia oferece aos espíritos sensíveis às contradições da humanidade; encontram-se na maioria dos versos uma espécie de vazio, ou na melhor das hipóteses, uma continuidade do discurso do silêncio, todavia, esta alocução parece ser agressiva, logo é censurada pelo eu-lírico da poetiza. Comprava-se tal assertiva à medida que se nota a presença contínua e até exagerada das reticências em todos os poemas. Teria o eu-poético algo a confessar? Só lendo cada um dos poemas com a merecida atenção para se chegar a um veredito. Ai está o convite leitor para descobrir o “mistério” das reticências rejaneanas!
No poema a transcrito na íntegra a seguir, Rejane entrecorta os discursos de uma forma tal que ficam suspensas no ar múltiplas possibilidades de leitura, exigindo, portanto, para sua poesia um leitor modelo, conforma idealizou Umberto Eco. Mas, então como inferir os sentidos desses vazios?
Minha alma...fala comigo!
O que vai dizer-me?
Vai mentir-me?
Pra eu sobreviver como sempre foi?
Pateticamente transparente...
Sob um interminável apetite de...
Obscenas branduras...
Naturalmente, é possível que algum leitor imprudente venha sugerir uma exegese inapropriada e, assim, desvendar os misteriosos vazios dessa poesia cuja ambivalência promove uma assimetria na decodificação dos sentidos.
Sabemos que, na verdade, a poesia de Rejane é fruto de uma profunda catálise de signos, em que vários eu-liricos se manifestam por meio de uma linguagem alquimística. Nota-se que de acordo com movimento da linguagem empregada em cada poema, a poetiza expõe seus “arquétipos inconscientes”. Não seria forçoso sugerir que nos poemas da autora há uma intenção de obter por meio da expressão poética o resgate da personalidade, para isso é necessário tomar decisões complexas, cujo resultado é segundo se ver nas estrofes abaixo, uma ritual de passagem, ou melhor, o eu-lírico está diante de uma dicotomia universal: morte e vida.
Abraça a morte se quiser...
Sem receio de um dia
Aqui não caminhar...
Liberta-te!
Em teus anseios de sono
Para além
De algum lugar
Inimaginável em tua luz !
Assim, se ver na produção em destaque neste ensaio uma possível configuração poética em que se justapõem significantes e significados e, por isso, a metaforização da linguagem é acompanhada por profunda ambigüidade do eu rejaneano.
Robério Pereira Barreto
[1] Professor de Linguagem Literatura da Universidade do Estado da Bahia – UNEB – Câmpus XVI – Irecê – BA.
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