terça-feira, 21 de agosto de 2007

REALIDADE-FICÇÃO NAS MÍDIAS INTEGRADAS

A imagem na sociedade segundo nos apresentou Mikail Bakhtin nos idos de 20, é uma duplicidade da realidade, pois faz dela um (re)apresentação da realidade através do signo, o qual foi definido pelo pensador russo como espelho, o qual reflete e refrata a qualidade do corpo nele projeto. Todo signo é, em maior ou menor medida, uma espécie de imagem especular: o signo não é apenas um corpo físico que habita a realidade, mas também é capaz de refletir essa realidade de que ele é parte e que está fora dele.
A realidade refletida nesse espelho, leva nos à compreensão de que há uma valorização da imagem em detrimento do corpo real. Assim, há um tipo de fissura que, às vezes, não é preenchida pela interpretação do leitor.
Por isso, é que se aperfeiçoa cada vez mais a comunicação via tela, ou seja, as imagens produzidas e reproduzidas na televisão, no cinema e, principalmente, na internete seguem um padrão técnico cujo paradigma é preencher os espaços entre o signo e o objeto representado por meio de cores em que se destacam a definição e a roupagem do objeto. (Basta-se ver as matérias dos programas sensacionalistas, as quais seguem a máxima: uma imagem fala por mil palavras, por isso são apresentados ao espectador/leitor imagens em tempo real, fazendo com que as tragédias do cotidiano se tornem elementos comuns, impedindo qualquer ato de indignação).
Para Baudrillard (2005, p. 40) esse tipo de acontecimento leva a sociedade real a desinteressar-se pelas ações da classe política e das instituições. Contudo eles não deixam de desfrutar o espetáculo que, direto ou indiretamente promovem diante das câmaras, após as tragédias cotidianas. Dessa forma, ainda segundo o filósofo francês, a mídia serve enfim para alguma coisa e a “sociedade do espetáculo” tira todo o seu sentido dessa feroz ironia: as massas concedendo-se os riscos da corrupção das instituições e Estado mantêm se atentas aos acontecimentos, dando audiência à representação social e política criada pelos signos televisivos.
A realidade (re)apresentada na mídia é quase ficcional, pois a forma como os fatos são expostos em suas grades televisivas, de algum modo, trouxeram benefícios à classe política à qual, embora apareça em todos os cantos do país em tempo real, conforme Thompson (1998, p. 19), o desenvolvimento da mídia transformou a natureza da produção e do intercâmbio simbólicos no mundo moderno. Portanto, os meios de comunicação de massa têm uma dimensão simbólica irredutível e, por isso, o homem é um animal suspenso em teias de significado que ele mesmo teceu.
Simbolicamente, estas teias são emaranhadas de significações possíveis, apresentados ao leitor-espectador, o qual deve, a seu modo, interpretar a gama de “realidades” a ele apresentada através dos meios que, segundo, havia asseverado MacLuhan (1962), embora tenha sido constestadamente pelos pares; “que o meio é a mensagem.” Se se quer tomar esta questão sob a ótica da amplitude tomada pelos meios de comunicação de massa, ver-se, portanto, nesta afirmação o grande poder de persuasão que a televisão tem sobre os espectadores incautos, o qual aceito de forma passiva semi-realidades que lhe chega a casa com dia e hora marcados.
Dessa maneira, a realidade transforma-se em ficção e vice-versa justamente para atender às necessidades do momento televisivo. Como exemplo, tem-se as coberturas ao vivo das ações policiais transmitidas pela imprensa digital em tem real, criando no espectador-leitor infinitas possibilidades de inferência. Contudo, na verdade, esta se dar pela via mais sangrenta, ou seja, platéia parece se deliciar com imagens e discursos que primam pela polêmica e, sobretudo por aqueles que formam o coro da tragédia, isto é através de um apresentador cuja intenção é discutível se chora em uníssono uma nação inteira.

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