TORPEDO ANÔNIMO
Eis que batem à porta: boa noite! Esquecestes de ir embora, senhor?! Já são mais de oito da noite, sendo mais precisa; oito e meia. Adverte a secretária. Distraído e absorto em meio às solenes capas de processos não ouve tal advertência, tampouco o barulho do “torpedo” que chegara ao celular que, dispensado há horas entre códigos se mantinha na inerte tal qual a quem lhe desprezou. Todavia, o conteúdo do torpedo trazia um convite cheio de lascívia até então não lida.
Ufa, chega! Nossa, são nove horas, estou aqui tem mais de 12 horas; que estou fazendo comigo nessa vida infame. Cadê o celular. Revira pilhas de processos e o encontra com alerta de mensagem passadas várias horas.
- Sei que não deves lembrar por que sóis muito ocupado e já se passou um bom tempo, mas queria lembrá-lo de que ainda sinto você com olhos ofegantes a me assaltar tal o lobo que espreita sua presa de repente; com a lascívia que só os depravados solitários têm nos olhos dissimulados me cobiçava. Se ainda lembra essa imagem, responda assim que puder. Hoje, desejo ser presa sem resistir. (número desconhecido).
Nossa! A vida é um grande salão de festa e que big festa. Absorto no mundo dos papéis e vidas alheias, tirado ao baile e nem me dou conta disso. Agora não tem como dançar a bailarina se perdeu em meio às máscaras do salão. Até mais papelada, até mais códigos penal e civil que consultei. Até marcador de páginas. Restam-me poucas músicas para o final da festa da vida e lá vou eu.
Dirigindo avenida a fora tenta encontrar a dona do número desconhecido, em vão, porque imagens delas e situações efêmeras misturam: Isso não podia ter me acontecido, não ouvir o celular e também podia ter ficado até tarde lá.
Em casa, vinte e duas horas e quinze minutos; celular ao lado, ou melhor, na mão e várias ligações chegavam, entretanto nenhuma ligação era com número desconhecido. Decepção! Será uma noite em que mistérios tomaram conta da cabeça e corpo que terão calores intensos por toda a noite.
A campainha, inconveniente brada às seis horas. Ainda insone a primeira ideia que lhe toma o projeto do dia será encontrar o número desconhecido, ou melhor, encontrar de preferência a assinante tirana que, provocando os instintos masculinos mais vorazes, escondeu no anonimato do torpedo.
Alongamento, corrida na esteira, aparelhos de musculação, suor, água e banho frio. Nem mesmo as dores da malhação intervieram suficientemente para apagar as palavras do torpedo.
Nossa! Quem será? Não me lembro de ter vivido esse flerte! Acho que estou estressado e devo pedir férias, férias para quê se não consigo me desligar desses anonimato que me tomam a cabeça...
7 comentários:
Nossa que convite! Isso me faz lembrar certas insanidades que me passam a mente."Olhos que ofegantes me despem,me cobiçamm me dominam". Gosto do anonimato, mas nada melhor que saber que alguém lhe olha com desejo, mesmo depravado,insano, lascivante... isso nos faz viver ofegantes. Xerooooo
Nossa!Quem nunca recebeu uma chamada ou mensangem de número desconhecido que nos deixa curioso. Todavia, a forma como o poetadasolidao enreda a história é muito interessante, até porque construoi uma narrativa com elementos de linguagem muito pertinente, facilitando assim àqueles que compreendem de literatura perceber figuras de estilo, linguagem, etc. diria, pois que há nesse conto um pouco da arte da escrita.
Muito boa a narrativa e o enredo, mas não gostei do final. Esperava outro final, até porque poderia ser engano ou número errado. De qualquer maneira a autoria é fantástica, incluindo ai os elementos e estilos da linguagem literárias.
Fantástica, na minha imaginação é a secretária, oito e meia no escritório... sei não!!
Só sei que é fantastico o mistério dos corpos que não se encontram.
Perfect!!!!
Tá ai uma coisa que esse menino é, perfeccionista,em tudo que faz, seja poemas ou outras cositas más.Xerooo
simplesmente show!
simplesmente show!
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