terça-feira, 30 de novembro de 2010

WEBLOG HIPERGÊNERO DIGITAL

A sociedade é constituida de elementos fundamentais, dentre estes, encontram-se os gêneros textuais que, por seu turno levam ao ensino e aprendizagem de linguagem e escrita, sobretudo do ponto de vista da comunicação via web, especialmente no weblog.
A tese continuo mais tarde...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

“UM OUVIDO, POR UM OLHO”: DICOTOMIA ORALIDADE- ESCRITURA

 Enquanto a fala humana se constitui de sons, a escrita depende de sinais visuais. Lajolo; Zilberman, 2010, p. 50

A sociedade contemporânea tem nos dito e lembrado a todo instante por vários meios de comunicação de que somos sujeitos da cultura escrita e, por excelência, grafocêntricos. Entretanto, importa dizer que os maiores e mais emocionantes momentos de nossas vidas são expressos através da oralidade. Dizendo de outro modo, quando estamos muito felizes ou tristes expressamos oralmente nossas emoções por meio de gritos, choros e exclamações – que não comportaria nesse texto citá-las – mas, todos sabem como eles nos vêem à boca.
Dessa maneira, Zumthor (2010) sugere que a vocalização de palavras é, em si, um ato humano espontâneo, porque a voz constitui-se na exposição do acontecimento de modo a acompanhar o movimento corporal de seu enunciador; além do visual e do tátil conforme seria se tal expressão fosse veiculada pela escrita.

Por outro lado, se tem a discussão que aponta a escrita como responsável pelo enfraquecimento da dinâmica social do pensamento oral – Platão – uma vez que, os sentimentos fixados no papel impedem à dinamicidade de sua interpretação tal qual ocorreria quando de sua exposição verbal na praça pública.
Nesse contexto, Lajolo e Zilberman (2010) corroboram com essa discussão quando chama a atenção para o processo homogeneizante que a cultura da escrita assume sobre a oralidade, visto que a tradição popular que antes se mantinha na perspectiva de transmissão de saberes e conhecimentos “boca a boca” de geração a geração, agora precisa da reificação da escrita. [...] sacramentada pelo discurso da crítica – sempre escrito – que a tradição popular oral parece ganhar legitimidade, como se para ser reconhecido e valorizado, o mundo da voz precisasse da chancela letrada. (LAJOLO; ZILBERMAN, 2010, p. 44).
Histórico e culturalmente, a ideia da cultura escrita que sobrepôs à cultura de oralidade, se fundam em princípios civilizatórios impostos pelos europeus, uma vez que eles detinham a partir da tradição religiosa, o conhecimento dos dois códigos escrito e oral. Isto, sem dúvida, os diferenciava dos outros povos de cultura oral. Logo, considera-se que tal deferência feita à escrita ao longo de séculos de dominação só ampliou o domínio social, político, econômico e cultural dos que escreviam e liam sobre aqueles que não conheciam o mundo das letras e, permaneciam atuando no plano da comunicação oral.
Ainda que esta dicotomia seja uma realidade, há comunidades que, talvez por atraso sócio-econômico ou escolar e cultural tentam manter em seus costumes através da oralidade; principal tecnologia de transmissão do conhecimento. Não obstante a presença contínua de “oralidade secundária” via mídia massa tente-se fortalecer esses traços distintivos, Lajolo e Zilberman (2010) afirma que em tais contextos é perceptível que “escrita e oralidade comunicam-se, entrelaçam-se, misturam-se. Imbricam-se, fundem-se; afastam-se, reaproximam-se, reafastam-se. Sobrepõem em um incansável e sempre renovado modo de ser.” (LAJOLO; ZILBERMAN, 2010, p. 45).
As autoras mostram ao longo de suas teses, exemplos retirados de literaturas regionais, nos quais os interlocutores, mesmo que distintos social e culturalmente, trocam experiências por meio da oralidade, todavia, há sempre aquele que ver no registro escrito de algo que chama a atenção ambos na conversação como sendo necessário, prevalecendo assim, o olho sobre o ouvido. Vale ressaltar aqui, como essas questões se articularam muito bem na microsserie global, Hoje é dia de Maria na qual se compilaram falas da cultura popular, fazendo modificações semânticas e pragmáticas na escrita.
Para Lajolo e Zilberman (2010) isto equivale à ideia de que a escrita está carregada de nuances, isto é, a pontuação se encarrega de articular o ritmo da leitura do texto escrito “Um dos domínios nos quais, com maior clareza, escrita e leitura rendem vassalagem à fala é a pontuação” (Lajolo; Zilberman, 2010, p. 50).
No contexto de comunicação face a face, na qual o interlocutor faz uso de estratagemas presentes na oralização, tentando diminuir as suspeições que pairam sobre a fala. Já no que diz respeito à produção oral, a enunciação, graças à voz tem valor moral na comunidade de tradição popular, porém para ela ganhar ar de verdade e ser respeitar é fundamental que seja escrita. “escreve ai o que lhe digo e verás que é verdade”. Zumthor (2010) corrobora com essa ideia ao defender que também na oralidade se realiza consciência linguística, porque nela expressam-se pensamentos míticos e religiosos através da oralização desses saberes.
Por fim, na cultura contemporânea em que se vive hoje, a escrita sobrepõe a oralidade a tal ponto, que reclama para si a todo instante, o reconhecimento de técnica comunicacional e expressiva humana de caráter superior à tradição oral. Todavia, há gêneros que requerem, no mínimo uma equalização, sendo esta uma escolha ideológica do enunciador. Para além dos exemplos clássicos de literatura citados pelas autoras, cita-se, sem querer compara as qualidades estilística e poética de Rosa, Lobato, claro; na peça Marido a preço da China, de minha autoria, na qual os personagens Côca e Damião dialogam através de uma escrita oralizada, pois se manteve na escrita de tal gênero, os princípios da escrita da oralidade no presente no labor com o cordel e a literatura populares.

Bibliografias:
LAJOLO, Marisa. ZILBERMAN. A oralidade visita a escrita. In. LAJOLO, Marisa. ZILBERMAN.Das tábuas da lei à tela do computador: a leitura em seus discursos. 1. ed. São Paulo: Ática, 2009, pp. 43-55.
ZUMTHOR, Paul. Introdução à poesia oral. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

ARTIGO NA REVISTA HIPERTEXTUS

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POR UMA PEDAGOGIA DA CIBERLINGUAGEM1: EXPLORANDO. REDES SOCIAIS ORKUT, TWITTER E WEBLOG: Robério Pereira Barreto*. (UNEB/CEFAPRO-MT) jpgbarreto@gmail.com ...


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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CAMINHANÇA A TRÊS




Nas campinas monocromáticas do sertão, eu, o amor e a solidão andamos juntos tal qual siameses nascem e, solitariamente estão ligados.
    Nessa caminhada pergunto:
- Amor o que queres tu tão colado a mim, se nessa caminhada estamos do mesmo lado da estrada da vida, perdidos?
- e você Solidão? Por que nos faz companhia nesse dia de horas lentas e continuas?!
Ambas juntos respondem:
- Não queremos que sofras sozinho! És tu um mal companheiro de travessia, isto sim.
Pasmei diante de clara constatação:
Quanto egoísmo pensar que meus companheiros têm interesses diferentes dos meus. Não, eles são partes de mim que não conheço.
Depois dessa prosa a minha caminhaça não será mais solitária.
Levo comigo parceiros inseparáveis: o Amor e Solidão.
- Parceiro, caminhar sozinho é a oportunidade de encontrar a si mesmo em constante desalinho, murmura a Solidão.
- Verdade, confirmando a voz da Solidão, o Amor se lança a filosofia.
- Um dia, sem mim tudo poderá chegar ao fim. Veja aqueles que se deslocaram de mim por egoísmo e fantasia, estão pertos de ti, Solidão!
A Solidão foi provocada então responde ao Amor:
Amor, aqueles que chegam até a mim vem porque se afastaram de todos e, principalmente de si mesmos, e agora não se reconhece e dizem: Tu, Ele e Aquela são as minha parceiras.

sábado, 6 de novembro de 2010

A MENINA DAS PERNAS DE LOUÇA

Branquinha e de beleza angelical, a menina desfila na rua com as pernas lisas e brinhantes à luz do sol que, sem piedade insiste em queimar tamanha branquitude. Iresoluta, a menina desafia o furor da luz, ofuscando-na com sua limpidez e brancura.
A menina de pernas de louça, meiga como a boneca chinesa timidamente é exposta a luz... A menina de pernas de louça caminha na minha frente e nem posso tocá-la... que decepção! Tão linda e escultural e, infelizmente não tocá-la me faz mal.
Menina das pernas de louças desfila, desfila e destila...