sábado, 31 de maio de 2008

IDENTIDADE COMO DISCURSO PUBLICITÁRIO



A publicidade é um requisito importante para a comunicação no sistema de moda. Desde muito tempo até hoje são variadas as maneiras para se registrar e difundir as interações sociais por meio da moda.
Para isso se justapõem inúmeras linguagens – verbal e não verbal entre outras. Estes discursos se interpenetram, objetivando garantir e atender aos desejos básicos de preservação da cultura e do consumo na sociedade contemporânea. Entre estes discursos destaca-se a produção publicitária relativa à moda. Assim sendo, neste ensaio intenta-se construir argumentos sobre a importância do discurso na construção de uma marca e, por seu turno, a fixação desta no inconsciente coletivo, promovendo assim uma espécie de identidade comum aos usuários de determinados tipos de serviços e produtos.
Para tanto, se elege como corpus a peça publicitário de uma empresa do ramo de confecções situada na cidade de Irecê- BA, veiculada em outdoors, rádio e espaços públicos (lixeiras, painéis, placas, etc.) com a mensagem: “FABIANO É AQUI moda com identidade.” que segundo informações prestadas pela gerente da loja, tal texto foi produzido por uma empresa de publicidade da capital.
Busca-se, portanto, entender ainda os processos semio-ideológicos presentes em tal texto. Para isso, se utilizará como suporte teórico-metodológico os fundamentos da semiótica, uma vez que tal ciência possibilita o desvelamento dos signos usados na constituição do discurso em questão.
Sabe-se a priori que a publicidade traz em sua essência e, por conseguinte, aglutina em si vários expedientes das linguagens, transformando suas mensagens em signos artísticos na medida em que se juntam variadas imagens para formatar o texto num único signo. Neste instante, privilegia-se a publicidade como gênero discursivo[1] e que tem uma significância para a comunicação na sociedade contemporânea, sobremodo quando a mensagem se dirige à moda como construto da identidade individual ou coletiva.
Conforme estudiosos, o fato de a publicidade traduzir uma concepção de linguagem de arte visual e meio de expressão narrativo não se refere as apreciações gratuitas, constata-se, portanto, a facilidade que tal discurso tem em transcender às barreiras da comunicação interpessoal, pois o signo do proprietário é a marca que identifica e promove a regra do negócio.

Desvelando conceitos
Sabe-se, portanto que à primeira vista a publicidade é um sistema de signos lingüísticos e semiológicos que formam e dão significados à mensagem. Entretanto, é necessário que se conheça o canal por meio do qual o texto será veiculado. Fala-se ainda que a publicidade tenha a sua origem na Babilônia, onde foi encontrada por arqueólogos uma espécie de tabuleta em cerâmica contendo mensagens promovendo a venda de gado e alimentos.
Dessa forma, a publicidade passa-se a ser empregada aqui como uma comunicação de caráter persuasivo que visa defender os interesses econômicos de uma indústria ou empresa, bem como mecanismo que possibilita a fixação de uma marca ou produto na mente do consumidor, levando-o a criação e ou aceitação da identidade proposta por ela.
No que se refere a identidade neste sistema, Charaudeau (2006, p.72) fala de indentidade como sendo instâncias de informação e considera que todo ato de comunicação coloca em relação as instância de produção e recepção para que possa surtir os efeitos significados pelos enunciados. Para ele, a instancia de produção é ampla e porque além de fornecedor de informação propulsiona o desejo de consumir, levando seu público à captação de recursos socioculturais para inferir à mensagem proposta pelo discurso publicitário. Já a instância de recepção está o prazer em ser visto na pela identidade criada pela informação.

Assim, a instância de produção deve se considerada de modo diferente, ora como organizadora do conjunto do sistema de produção, num lugar externo, ora como organizadora da enunciação discursiva da informação. A instância de recepção também dever ser desdobrada: de um ponto de vista interno à instância midiática, [...] a instância de recepção propriamente dita, com uma atividade própria de consumo, é deisgnada como “instância-publico””. (Charaudeau, 2006, p.72).


Para Dichter a publicidade faz com as coisas ganhem alma, isto é, os produtos aos serem adquiridos pelo consumidor, automaticamente, influenciam muitas vezes as reações de outras pessoas de maneira específica, por que a ele foi dada uma identidade. Então, a imagem e personalidade da marca fazem com que o usuário se veja valorizado entre os grupos sociais a que pertence.

Referências
BAKHTIN, Mikhail M. Estética da criação verbal (trad. do francês Maria E. G.G. Pereira). São Paulo: Martins Fontes, 1992.
BARBOSA, Ivan Santo.Os sentidos da publicidade:estudos interdisciplinares. São Paulo: Thompson Learning, 2005.
JAKOBSON, Roman. Lingüística e comunicação (trad. I.Blinkstein e José P. Paes). São Paulo: Cultrix, 1971.
LOTMAN, I. A estrutura do texto artístico (trad. M.C.V. Raposo e A. Raposo). Lisboa: Estampa, 1978.
MARANHÃO, J. A arte da publicidade, estética, crítica e kitsch. Campinas: Papirus, 1988.
RANDAZZO, Sal. A criação de mitos na publicidade: como os publicitários usam o poder do mito e do simbolismo para criar marcas de sucesso. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.
[1] Entendido aqui como espaço comunicacional amplo onde se justapõem linguagens de arte visual e verbal e meio de expressão narrativo em que princípios semiológicos e lingüísticos adquirem valor significativo, seja como arte; seja como instrumento cultural e político.

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